Por: Jonas | 10 Agosto 2015
A central sindical PIT-CNT do Uruguai realizou, ontem, uma paralisação geral de 24 horas, exigindo melhorias salariais, maior investimento em obra pública e no setor educacional. Outro dos motivos foi o de se opor à participação do país na negociação do acordo em comércio de serviços TISA, incentivado pelos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, para desregulamentar o mercado internacional de serviços. O presidente Tabaré Vázquez evitou questionar a medida, a primeira deste tipo em sete anos, e se reuniu com o Conselho de Ministros para discutir o orçamento nacional.
A reportagem é publicada por Página/12, 07-08-2015. A tradução é do Cepat.
A paralisação foi total em todo o país, informou em sua página web o jornal local La República. Não houve atividade bancária e os institutos de ensino público e particular permaneceram fechados, dado que a medida foi aderida por professores, docentes do ensino médio e pelo administrativo. O transporte, que começou a diminuir na quarta-feira à noite, foi reduzido pela metade e os táxis colocaram à disposição veículos para situações de emergência. No setor de saúde, o pessoal parou durante todo o dia. No entanto, atenderam urgências, pacientes oncológicos e os internados em diferentes centros.
A este respeito, o presidente da central única Plenária Intersindical de Trabalhadores – Convenção Nacional de Trabalhadores (PIT-CNT), Fernando Pereira, ressaltou que a paralisação de ontem foi a de maior chamada, desde o retorno à democracia, em 1984. O líder explicou que um dos objetivos é equiparar os salários com as expectativas de crescimento do país. “Se um país irá crescer 15%, os salários devem acompanhar esse crescimento”. Pereira disse que se existem setores que atravessam dificuldades, devem anunciá-las no conselho de salários correspondentes. “Ninguém nos chamou para negociar salários suplementares quando houve recorde de exportação e recorde de preços internacionais. Ninguém disse que ‘é preciso repartir o excedente que estamos conquistando’”, afirmou. “Se os sindicatos não pressionassem, ainda teríamos jornadas de 16 horas. A tensão deve ser feita em um governo progressista, do braço esquerdo”, expressou.
A medida de força dá conta de certas diferenças dentro do governo, uma vez que parte da PIT-CNT é integrada por militantes de setores que fazem parte do governista Frente Ampla.
O secretário de relações internacionais da PIT-CNT, Antonio Elías, explicou que a central se opõe ao TISA porque os objetivos são o livre acesso das transnacionais aos mercados de serviços, sem limitações de nenhum tipo. “Nós, os anãozinhos do sul, iremos competir em igualdade de condições com as empresas multinacionais. Deste modo, o acordo reduzirá a soberania nacional e a democracia”.
Por sua parte, o mandatário uruguaio se reuniu, ontem, na Residência Presidencial de Suárez y Reyes, com o Conselho de Ministros. O projeto de orçamento para os próximos cinco anos deve ser enviado ao Parlamento antes do dia 31 de agosto. O ministro do Trabalho, Ernesto Murro, evitou qualificar de forma negativa a medida. “A paralisação é parte do sistema democrático do país e do sistema de relações trabalhistas e, nesse sentido, nós a apoiamos. Esperamos que seja uma jornada de paz, e democrática, na qual cada um é responsável por seus atos”, disse o funcionário. “O governo está trabalhando intensamente: foi anunciada, nestes cinco meses, uma série de medidas que foram tomadas para melhorar as condições de trabalho, a qualidade de vida das pessoas, o desenvolvimento produtivo do país, a distribuição da riqueza”, destacou Murro.
Por outro lado, o ex-presidente José Mujica se mostrou receptivo às reivindicações da central operária. “Acredito que há uma preocupação e também há maturidade nos sindicalistas. Deseja-se ter segurança em não retroceder. Ter segurança de que se mantém o que foi conquistado, ou seja, que o poder aquisitivo conquistado possa ser mantido”.
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Uruguai. Primeira paralisação geral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU