09 Mai 2019
O encontro organizado pela fundação Migrantes ocorre aos dias do cerco à família nômade que recebeu alojamento popular no bairro da periferia romana. O precedente da audiência de Francisco com os ciganos: "Superar os preconceitos também depende de vocês".
A informação é de Andrea Gualtieri, publicada por La Repubblica, 08-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O convite chega pela fundação Migrantes da Conferência Episcopal Italiana: um encontro "em um único abraço", entre os cidadãos romanos e as comunidades rom e sinti presentes na Itália. "Somente falando podem ser superados os medos e todos os muros podem ser derrubados", afirmam no lançamento do encontro convocado para quinta-feira, 9 de maio, das 15h30 às 18h, no Santuário do Divino Amor, local símbolo da devoção mariana para os fiéis da Cidade Eterna. E pela manhã, cerca de 500 rom e sinti, juntamente com os agentes pastorais, rezarão com o Papa Francisco no Vaticano, onde serão acompanhados, entre outros, pelo cardeal Gualtiero Bassetti, presidente da CEI.
A iniciativa, lançada alguns dias atrás, acontece nos dias de máxima tensão pelas manifestações fascistas no bairro periférico de Roma, onde está em andamento um verdadeiro cerco à família nômade de origem bósnia que recebeu um alojamento popular. E essa família também foi convidada para o Vaticano.
Em uma carta aberta aos romanos, Dom Giovanni De Robertis, diretor geral da fundação Migrantes, afirma: "Hoje, a palavra 'rom' gera medo, reforça preconceitos e estereótipos. Por trás dessas três letras, ao contrário, existem rostos de mulheres, de homens e de crianças e, principalmente, existem pessoas que, na maioria dos casos, moram em casas como a nossa, estudam, trabalham e pagam os impostos. Como em qualquer outra comunidade, também na população dos rom há pessoas que vivem na pobreza e na marginalização, e outras, a grande maioria, que vivem na cidade em plena cidadania e que muitas vezes encontra no mimetismo urbano a única forma de defesa contra o ódio gerado pelo não conhecimento e pela falta de encontro".
E lembra quando Paulo VI, em 26 de setembro de 1965, em Pomezia acolheu os ciganos dizendo: "Vocês, na Igreja, não estão nas margens, mas, sob alguns aspectos, estão no centro, estão no coração." Estar no coração da Igreja, insiste De Robertis, também significa estar "no coração da cidade". E convida paróquias, associações e cidadãos de Roma a "aproximarem-se para conhecer esse povo, compartilhando com eles um momento de festa, de arte e de música".
Do Papa Francisco já havia chegado, em 2015, um apelo para superar "preconceitos seculares, preconceitos e desconfiança mútua que muitas vezes estão na base da discriminação, do racismo e da xenofobia". Naquela ocasião - o quinquagésimo aniversário do encontro com Paulo VI em Pomezia - dirigindo-se aos cinco mil participantes na peregrinação mundial do povo cigano, o pontífice também havia recomendado às comunidades ciganas: "Não deem aos meios de comunicação e à opinião pública ocasiões para falar mal de vocês". "Exorto-vos a serem os primeiros, - tinha acrescentado Francisco - nas cidades de hoje em que se respira tanto individualismo, a se empenharem na construção de periferias mais humanas, laços de fraternidade e de compartilhamento; vocês têm essa responsabilidade, é também função de vocês. E vocês podem fazer isso se forem, primeiramente, bons cristãos, evitando tudo o que não é digno desse nome: falsidade, fraudes, trapaça e brigas".
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Papa Francisco recebe 500 membros do povo cigano no Vaticano. Convidada também a família de Casal Bruciato, duramente atacada por neofascistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU