07 Mai 2019
Em um país que tem um muro-cerca na fronteira com a Turquia, o Papa Francisco visita um campo de refugiados, um modelo de acolhida e também de integração. O Papa abre seu segundo e último dia de visita à Bulgária, enfatizando com os refugiados do centro "Vrazhdebna", próximo a Sófia, que "hoje o mundo dos migrantes e dos refugiados é uma cruz da humanidade".
A reportagem é de Salvador Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 06-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na manhã desta segunda-feira, 6 de maio de 2019, depois de deixar a Nunciatura Apostólica de Sofia, Bergoglio se deslocou de carro até a periferia da capital búlgara. Em sua chegada, o Papa foi recebido pelo diretor do Centro e pelo diretor da Caritas na entrada principal da estrutura, um antigo edifício escolástico usado como centro de acolhimento para os refugiados. Ali ele se dirigiu para o refeitório, onde cerca de 50 pessoas, entre pais e filhos, estavam reunidas. As crianças presentes no Centro provêm principalmente da Síria e do Iraque.
Após a saudação de uma voluntária, o canto realizado pelas crianças e a entrega de desenhos das crianças ao Papa, que os agradeceu um a um, o Pontífice saudou as famílias acolhidas no Centro e dirigiu-lhes algumas palavras.
O bispo de Roma fez referência aos "horrores" de "deixar a própria terra natal e tentar se inserir em outra pátria". Mas "sempre há esperança", ele exclamou em seu discurso.
"Hoje o mundo dos migrantes e dos refugiados é um pouco a cruz da humanidade, é uma cruz que tantas pessoas sofrem", afirmou o papa, que aprecia "a vossa boa vontade" - acrescentou ele. “Desejo-lhe o melhor, a vocês e aos vossos concidadãos que deixaram em sua pátria. Que Deus vos abençoe."
O Centro, que ficou temporariamente fechado devido a reformas, foi reaberto há dois meses. É animado por um projeto da Caritas Bulgária para as crianças, intitulado "Vamos brincar e aprender". Atualmente abriga cerca de quarenta crianças. Também entre os operadores e voluntários da Caritas há imigrantes: o Papa, por exemplo, conversou com uma mulher afegã que está na Bulgária há cinco anos e cuja família se encontra nos Estados Unidos. Também estiveram presentes no encontro uma iraquiana com sete filhos e o marido doente. Vários testemunhos foram lidos em árabe. Alguns refugiados também vinham do Paquistão.
O Papa, muito aplaudido em sua chegada, saudou todos os presentes, um por um. "Nós, voluntários da Cáritas, temos o prazer de receber V.S. aqui em Sofia, entre aqueles de quem cuidamos, em nome da Igreja católica - disse Silsila Mahbub no seu testemunho. Seguindo os Seus apelos para estar perto dos mais vulneráveis, damos uma mão às pessoas que escolheram a nossa Bulgária, para uma estadia que poderia ser temporária ou permanente, em busca de uma vida melhor”.
Aqui na Bulgária, "realizamos o programa Share the journey, promovido por V.S. - continuou ela. Neste centro de acolhimento, com a ajuda dos colegas da Agência Estatal para os Refugiados, junto com a Catholic Relief Services e a Unicef, demos vida a iniciativas e atividades que querem ajudar as pessoas que desejam integrar-se na sociedade búlgara”.
Os voluntários ajudam os hóspedes do Centro "a entender nosso ambiente cultural, apresentamos nossos valores, fazemos passeios, organizamos aulas para aprender búlgaro e inglês. Esporte e dança também fazem parte do nosso programa. Organizamos ateliê de arte, dos quais os migrantes participam com satisfação, especialmente as mulheres e as crianças".
A voluntária também explicou que "durante a crise migratória de 2015, também oferecemos uma contribuição financeira. Este é um centro com acesso livre, portanto os migrantes podem sair para ir à cidade. Eles têm a possibilidade de visitar o nosso centro de integração da Caritas, que é chamado de ‘Santa Ana’. Lá, temos as mesmas atividades para garantir acesso a serviços sanitários ou sociais e para encontrar um emprego".
Ela acrescentou que "nos nossos encontros de voluntários convidamos muitos outros que têm um grande desejo de tornarem-se amigos dos migrantes. Santo Padre, para nós todos os homens e as mulheres são filhos de Deus, independentemente de sua raça ou credo religioso. Nós católicos queremos que eles vivenciem de maneira concreta, o amor de Deus".
Entre os colaboradores "há vários migrantes da religião muçulmana. Somos pessoas de diferentes confissões e nos orgulhamos de fazer parte da grande família da Cáritas. Comprometemo-nos a difundir o amor misericordioso de Deus aos irmãos".
Toda o encontro, que durou pouco menos de meia hora, desenvolveu-se em uma atmosfera familiar e alegre, conforme relatou o diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, ao Vatican Insider. "Foi muito bonita também a entrega ao papa dos desenhos, o modo mais natural para as crianças, e um presente que o Papa apreciou bastante - disse Gisotti - Os desenhos têm um significado particular de beleza, de alegria: isso acredito que certamente tocou o Santo Padre, e a nós também".
O pontífice "deixou um ícone de Nossa Senhora, para significar a presença fundamental de Maria, da maternidade, em um lugar de tão grande sofrimento, mas também de esperança como é esse centro de acolhimento para refugiados".
O Pontífice deixou sua bênção e se despediu, indo em seguida ao Aeroporto Internacional de Sofia para retornar a Plovdiv, de onde se dirigirá a Rakovsky, o "coração" católico da Bulgária, para a missa com as primeiras comunhões para 242 crianças provenientes de todo o país.
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Bulgária, Francisco: o mundo dos migrantes é uma cruz da humanidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU