06 Mai 2019
"Não tenhais medo de serem os santos de que esta terra precisa". O Papa Francisco encorajou os católicos que participaram da missa que celebrou na praça Knyaz Alexandar I, em Sófia, em seu primeiro dia de visita à Bulgária. Na homilia, o Pontífice advertiu: "A maior ameaça para uma comunidade é o pragmatismo cinzento", quando "tudo procede com normalidade, mas na realidade a fé vai se degenerando em mesquinhez".
A reportagem é de Domenico Agasso Jr, publicada por Vatican Insider, 05-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Os fiéis presentes foram mais do que esperado: estavam previstos cerca de 7 mil, enquanto, segundo os organizadores locais, compareceram 12 mil.
Deixando a Nunciatura Apostólica de Sófia, o Pontífice dirigiu-se de carro até a praça Knyaz Alexandar, onde deu algumas voltas no papamóvel entre a multidão de fiéis que o aplaudiam.
“Uma Igreja jovem, uma pessoa jovem, não por idade, mas pela força do Espírito, convida-nos a testemunhar o amor de Cristo, um amor que nos impulsiona e nos leva a estarmos prontos para lutar pelo bem comum, a serviço dos pobres, protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial. No amor de Cristo, testemunhas vivas do Evangelho em todos os cantos desta cidade", afirmou Bergoglio na homilia, com base na sua exortação apostólica "Christus vivit".
Depois seguiu o apelo: "Não tenhais medo de serem os santos que esta terra precisa, uma santidade que não vai vos tirar a força, não vai vos tirar vida ou alegria; aliás, muito pelo contrário, porque vocês e os filhos desta terra virão a ser o que o Pai sonhou quando vos criou", acrescentou, citando outra sua exortação apostólica, a "Gaudete et exsultate".
Francisco refletiu: "Diante das experiências de fracasso, de dor e até do fato de que as coisas não saem como se esperava, sempre aparece uma tentação sutil e perigosa que convida ao desânimo e a deixar os braços caírem". Para o Papa, é "a psicologia do sepulcro que colore tudo de resignação, fazendo com que nos apeguemos a uma tristeza adocicada que como uma traça corrói toda esperança". Assim, se desenvolve "a maior ameaça que pode radicar-se dentro de uma comunidade: o pragmatismo cinzento da vida, em que aparentemente tudo procede com normalidade, mas na realidade a fé vai se esgotando e degenerando em mesquinhez".
O Bispo de Roma recordou "três realidades maravilhosas que marcam nossa vida como discípulos: Deus chama, Deus surpreende, Deus ama".
Precisamente "no fracasso de Pedro, Jesus chega, recomeça desde o princípio e pacientemente sai ao seu encontro e lhe diz ‘Simão’: era o nome do primeiro chamado - continuou o Papa - O Senhor não espera por situações ou estados de espírito ideais, os cria. Ele não espera encontrar pessoas sem problemas, sem decepções, pecados ou limitações. Ele mesmo enfrentou o pecado e a decepção para ir ao encontro de cada ser vivo e convidá-lo a caminhar. Irmãos, o Senhor não se cansa de chamar - enfatizou - É a força do Amor que inverteu todas as previsões e sabe como recomeçar. Em Jesus, Deus sempre tenta dar uma chance".
O Senhor "também faz o mesmo conosco: ele nos chama todos os dias para reviver nossa história de amor com Ele, para nos reencontrar na novidade que é Ele. Todas as manhãs, ele nos procura ali aonde estamos e nos convida ‘a levantar, a ressurgir em sua Palavra, a olhar para o alto e acreditar que somos feitos para o Céu, não para a terra; para as alturas da vida, não para as baixezas da morte’, e nos convida a não procurar ‘entre os mortos Aquele que está vivo’".
Quando "nós o acolhemos - disse Francisco - subimos mais ao alto, abraçamos o nosso futuro mais belo não como uma possibilidade, mas como uma realidade. Quando é o chamado de Jesus que orienta a vida, o coração rejuvenesce."
No final da missa, monsenhor Christo Proykov, exarca apostólico de Sofia para os católicos do rito bizantino-eslavo e presidente da Conferência episcopal da Bulgária, dirigiu ao Papa uma breve saudação. Francisco retornou à Nunciatura de carro.
Mas, antes de entrar no carro para retornar à Nunciatura, ouvindo um grupo de garotos que o aclamavam aos gritos "Papa Francisco, Papa Francisco" dirigiu-se a eles e disse: "Vocês são jovens e sabem fazer barulho. Mas - aconselhou depois de fazer um gesto para abaixar um pouco o volume - eu vos faço uma pergunta: vocês sabem fazer silêncio no coração e encontrar no coração os sentimentos mais nobres? Isso é lindo, é uma maneira de rezar. Mas podem continuar a fazer barulho". Depois, antes de sair: "Mas sempre fazer barulho e também um pouquinho de silêncio no coração". O vídeo da cena foi publicado no Twitter pelo Vatican News.
#5maggio #Bulgaria #PopeinBulgaria L'abbraccio di #PapaFrancesco ai giovani bulgari: "Vi faccio una domanda: sapete fare silenzio nel cuore e trovare lì i sentimenti più nobili? Questo è un modo di pregare. Ma continuate pure a fare chiasso" pic.twitter.com/Kbm5idO0WA
— Vatican News (@vaticannews_it) 5 de maio de 2019
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"A maior ameaça para uma comunidade é o pragmatismo cinzento" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU