03 Mai 2019
"Conforme o ofício de carpinteiro de São José, podemos transformar a madeira em estado bruto ou maciço em móveis e outras peças. De tal maneira que somente o amor, em seu infinitivo“amar”, transforma e gera nova vida: amando. São José Operário, rogai por nós! E nos inspirai a sermos operárias e operários de vida!", escreve Carlos Rafael Pinto, mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE-BH) e graduado em Filosofia e Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF).
José – esposo de Nossa Senhora e pai adotivo de Jesus – mal sabia que seu nome seria invocado por tanta gente, pelo mundo afora. Além da Solenidade de São José, no dia 19 de março, a Igreja, desde 1955, celebra a Festa de São José Operário, no dia 1.º de maio, como presente do Papa Pio XII: “Nós instituímos – a festa litúrgica de São José Operário, atribuindo a isto precisamente o dia 1.ºde maio” .
De lá pra cá, muitas comunidades eclesiais se formaram e escolheram como padroeiro São José Operário, entre as quais recordamos algumas: Povoado dos Bagres (município de Bocaina de Minas, Minas Gerais); Distrito Ponta da Serra (município de Crato, Ceará); Bairro Vila Operária (município de Rondonópolis, Mato Grosso); Paróquia de São José Operário Leste e do Santuário São José Operário (cidade de Manaus, Amazonas); Paróquia São José Operário (na cidade de Londrina, Paraná).
Na celebração do dia 1.º de maio, escutamos, na Primeira Leitura, um trecho da narrativa da criação (Gn 1,26–2,3). Depois de criar o homem e a mulher, aos quais Deus confia o cuidado de outras criaturas: no sexto dia, “Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom” (Gn 1,31), e “no sétimo dia [Deus] descansou” (Gn 2,2). Ele continua a criar pelas palavras: “Faça-se, façamos”. Por outro lado, também pelas palavras, muitos pediram a morte de Jesus: “Crucifica-o, crucifica-o”.
Pelas palavras, podemos ser operários de vida ou de morte. Eis a ambiguidade: as palavras podem gerar vida e causar morte. Por um lado, podemos causar morte de diversas maneiras: insultar, ferir, agredir, violentar e, até mesmo, assassinar. Em contrapartida, podemos gerar vida também de diversos modos: cuidar, consolar, acalentar, encorajar, ressuscitar. Meditemos: quais palavras pronunciamos? E quais escutamos?
Desde cedo, guardamos na memória as palavras de afeto, estima, acolhida, delicadeza, carinho, amor, ternura, cuidado. Também escutamos palavras de menosprezo, descaso, rejeição, discriminação, ofensa, desprezo, insulto, depreciação. Quem não se lembra dessas e de outras palavras? Elas nos marcam, afetam-nos, a começar pela estima por nós mesmos.
Quando buscamos cuidar de nós mesmos, entre caídas e erguimentos, e, por graça, vivenciamos, no percurso, um relacionamento amoroso, delicado e carinhoso, a experiência do amor pode converter a morte em vida. Dizendo de outro modo, conforme o ofício de carpinteiro de São José, podemos transformar a madeira em estado bruto ou maciço em móveis e outras peças. De tal maneira que somente o amor, em seu infinitivo“amar”, transforma e gera nova vida: amando.
São José Operário, rogai por nós! E nos inspirai a sermos operárias e operários de vida!
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Outro olhar: São José Operário - Instituto Humanitas Unisinos - IHU