16 Março 2019
A questão ambiental é “uma urgência que continuou crescendo entre uma geração que talvez seja a primeira a sentir ‘nas entranhas’ essas demandas. Esses jovens sentem dentro que não podem mais esperar, sabem que devem exigir respostas agora.”
A opinião é do chef italiano Carlo Petrini, fundador do movimento Slow Food, em artigo publicado em La Stampa, 15-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em uma época de fronteiras a defender, mobilizamo-nos para dizer que as fronteiras não existem e que os problemas do mundo são os problemas de cada um. Em uma época de individualismo e de concorrência, mobilizamo-nos para afirmar que somente cooperando podemos sair do impasse. Em uma época de medo e de fechamento, mobilizamo-nos para reiterar que a esperança no amanhã é forte e vigorosa e que não há nada que possa impedi-la.
Hoje, certamente, é um dia histórico, cuja importância será sentida por um longo tempo. É o início de uma época diferente, a abertura de um novo curso para a política e a participação internacional. Uma época em que os protagonistas absolutos são e serão os jovens, aqueles que somente agora estão se assomando ao panorama da vida pública.
Pela primeira vez, na onda da força de uma menina sueca de 16 anos, Greta Thunberg, em todos os cantos do planeta eles sairão às ruas hoje para gritar aos governantes que não há mais tempo a perder, que o tempo para inverter a rota das mudanças climáticas cada vez mais ameaçadoras é agora. Caso contrário, não haverá amanhã algum.
Mais de 1.700 eventos em muitas cidades em 106 países. Uma mobilização sem precedentes que, em diferentes horários, verá a participação de milhões de crianças e jovens de todas as idades, apoiados por todas as grandes organizações internacionais. Da Anistia Internacional ao Greenpeace, passando pela WWF e pelo Slow Food.
Jovens que vão entrar em greve da escola para afirmar que não faz sentido estudar, se depois não se escutam aqueles que estudaram e que hoje nos dizem que estamos indo forçosamente rumo ao abismo. Uma greve que, em muitos casos, será sustentada pelos mesmos princípios, um caso absolutamente único.
É extraordinário assistir a essa onda que cresceu e se espalhou muito nos últimos dias, a partir de baixo, sem estruturas de coordenação pesadas, sem restrições, com o único objetivo de levantar a grande questão do nosso tempo, a ambiental. Uma urgência que continuou crescendo entre uma geração que talvez seja a primeira a sentir “nas entranhas” essas demandas. Porque, se os da minha idade analisam os estudos dos cientistas e, com base nisso, racionalmente, se preocupam, esses jovens sentem dentro que não podem mais esperar, sabem que devem exigir respostas agora.
Nestes dias, eu me encontro na Espanha, e é realmente impressionante observar como a comunhão de intenções transcende qualquer fronteira geográfica ou cultural. Às 12h de hoje [sexta-feira, 15], em Bilbao, o encontro é na frente da prefeitura, assim como em Madri, Barcelona, Salamanca e Granada. Em Málaga, por outro lado, começa-se às 19h, assim como em Valência. Todos unidos pela mesma faixa.
As Fridays for Future, as sextas-feiras pelo futuro, começam hoje, mas não vão parar. Muitos são os lugares onde, a partir de agora, a manifestação será realizada semanal ou mensalmente. A partir de hoje, não se brinca mais. Mobilização permanente, porque não temos outro planeta para viver, não temos outro ambiente para respirar.
Obrigado, moças e rapazes, pela esperança e pelos horizontes com que vocês estão nos presenteando.
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Uma geração que crê no amanhã do planeta. Artigo de Carlo Petrini - Instituto Humanitas Unisinos - IHU