''Eu o ajudei. A pessoa vem em primeiro lugar'', afirma padre que aconselhou transgênero menor de idade a mudar de sexo

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23 Janeiro 2019

“Um menino que deve enfrentar uma transformação tão grande sofre. Por isso, eu estive perto dele e da sua família. Não cabe a mim julgar. A pessoa vem sempre em primeiro lugar.” O padre Paolo Bonassin, 53 anos, vem abrir a porta da Paróquia de Santa Catarina, em Gênova, assim que acabou o pós-escola dos seus jovens. Entre eles, estava também Alessio, o genovês de 17 anos de idade a quem o tribunal reconheceu o direito de mudar de sexo.

A reportagem é de Mario De Fazio, publicada em La Stampa, 20-01-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Pe. Paolo, como você ajudou a família a lidar com os problemas de gênero do filho?

Eu conheço bem a família, são pessoas boas. A mãe, Denise, muitas vezes conversou comigo. Ele, um pouco menos: é um rapaz particular. Na primeira vez que Denise veio falar comigo explicando o que a sua filha estava vivendo foi há três anos.

Como você reagiu a esse pedido?

Fiquei satisfeito. Além do mérito da questão, a pessoa vem sempre em primeiro lugar.

Como ele se comportou?

Como ele frequentava muito frequentemente os grupos da Ação Católica, levantamos o problema de comunicar isso aos outros jovens. E, com delicadeza, falamos com eles sobre identidade sexual.

Qual foi a reação dos jovens?

Os jovens de hoje não se chocam com nada, não são fáceis de surpreender. A maioria reagiu de maneira muito tranquila. Apenas alguns ficaram um pouco rígidos. Mas é compreensível.

Que conselho você deu à mãe?

Nenhum. Perguntei a ela se eles estavam certos do caminho que estavam tomando.

Não aconselhou prudência, considerando também a idade do menino?

Não tenho as competências para me pronunciar. Além disso, acho que, sozinho, um adolescente não pode entender o que está acontecendo com ele. Mas, se for ajudado e acompanhado, acho que sim.

Não se sentiu embaraçado ao abordar um assunto desses?

Não, não houve qualquer embaraço. Eu acho que um menino que tem que escalar uma montanha desse tipo e enfrentar uma transformação tão grande sofre.

Você não acha que as posições oficiais da Igreja sobre esse tema são diferentes?

Não sei, limito-me a dizer que estou convencido de que o Evangelho tem palavras de amor, misericórdia e proximidade para qualquer situação humana. Independentemente das outras avaliações que não competem a mim.

Então, você optou por dar conforto ao menino e à sua família?

Prefiro solidariedade, proximidade. Eu não acho que uma pessoa que enfrenta algo assim deva se sentir compadecida, mas precisa sentir a proximidade sincera de alguém. Ela deve fazer o seu caminho.

Você não acha que, aos 15 anos, idade em que Alessio começou sua jornada para mudar de sexo, a pessoa não é completamente capaz de escolher?

É difícil avaliar. Antes de uma certa idade, certamente não. Quando adolescente, e se houver apoio, acho que sim. Eu não me intrometi nas decisões e não dei opiniões. Eu entrei na ponta dos pés, com respeito e disponibilidade para ajudar. Além disso, havia um tribunal que tinha competência para decidir e decidiu.

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