Cúpula Trump-Xi, o fim de um paradigma. Artigo de Francesco Sisci

Donald Trump e Xi Jinping se reuniram em Buenos Aires, no sábado, 01-12-2018. Foto: Li Xueren | Xinhua

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05 Dezembro 2018

O paradigma da abordagem dos Estados Unidos em relação à China mudou radicalmente nos últimos anos.

O artigo é do sinólogo italiano Francesco Sisci, professor da Universidade Renmin, em Pequim, na China. O artigo é publicado por Settimana News, 03-12-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o artigo.

Por 40 anos, os Estados Unidos trabalharam suavemente para integrar a China ao mundo. Hoje, aparentemente, os Estados Unidos desistiram desse plano e, de todos os modos, no fim dos 90 dias de trégua acordados na cúpula entre os presidentes estadunidense e chinês, Donald Trump e Xi Jinping, não haverá nenhuma volta à “normalidade” do passado nos laços EUA-China. O paradigma da abordagem dos Estados Unidos em relação à China mudou radicalmente.

Esse é o último passo de algo que começou há muito tempo, possivelmente em 1º de abril de 2001, quando um avião de vigilância dos Estados Unidos fez um pouso forçado na ilha chinesa de Hainan após um incidente com um avião militar chinês. A trégua atualmente acordada pelos Estados Unidos e pela China terminará exatamente 18 anos após esse incidente, e não está claro se a data foi uma escolha ou uma coincidência.

Esse é o resultado profundo da cúpula e um grande golpe que os chineses sofreram sem sequer entendê-lo, como o Washington Post relata aqui [em inglês] e como também vimos aqui [em inglês]

Também foi embora para sempre a velha ideia de que a China tinha se perdido de algum modo para o comunismo devido a erros dos Estados Unidos, e um novo paradigma de percepção está emergindo, no sentido de que a China é uma grande distorção no sistema econômico e político global.

“Mesmo que a guerra tarifária recue, o ambiente econômico e político mais amplo mudou de novo, dando à China o benefício da dúvida à medida que ela se desenvolve, e não há como voltar atrás no tempo”, disse Claire Reade, ex-negociadora comercial dos Estados Unidos, que trabalha agora para a Arnold & Porter. “As principais questões globais criadas pelo tamanho da China, combinadas com suas políticas industriais distorcidas, estão agora a céu aberto.”

Então, ou a China muda radicalmente em pouco tempo, ou muitas peças cairão em um novo lugar. Enquanto isso, muitas empresas estrangeiras estão saindo da China, e Pequim encoraja as indústrias chinesas a serem mais autossuficientes.

Então, qualquer que seja a paz que se encontrará no futuro entre os Estados Unidos e a China, ela terá bases diferentes daquelas dos últimos 40 anos de engajamento.

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