22 Novembro 2018
Cerca de 85.000 crianças menores de cinco anos podem ter morrido de fome ou doença grave desde o início da escalada do conflito no Iêmen. Esta é a denúncia da Save the Children, a organização internacional que desde 1919 luta para salvar a vida das crianças e dar-lhes um futuro que, com base em uma análise de dados da ONU, estima que sejam essas as vítimas com idade inferior a cinco anos que perderam suas vidas entre abril de 2015 e outubro de 2018[1].
A informação foi publicada pela ONG Save the Children, 21-11-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Quase quatro anos após o início do conflito brutal no Iêmen, a ONU declarou que cerca de 14 milhões de pessoas estão em risco de fome. Um número que aumentou dramaticamente desde que a coalizão liderada pelos sauditas e os Emirados impôs um cerco ao Iêmen de um mês, há pouco mais de um ano. Desde então, as importações comerciais de alimentos através do porto de Hodeidah caíram mais de 55.000 toneladas por mês, uma quantidade de alimento suficiente para atender apenas 16% das necessidades da população do país: 4,4 milhões de pessoas, incluindo 2,2 milhões de crianças. Qualquer queda adicional nas importações provavelmente poderia levar diretamente a uma situação de fome.
"Cerca de 85.000 crianças no Iêmen poderiam ter morrido por causa da fome extrema desde o início do conflito. Para cada criança morta por bombas e balas, dezenas estão morrendo de fome e isso poderia ser prevenido. As crianças que morrem desta forma sofrem imensamente: suas funções vitais enfraquecem e eventualmente param, seus sistemas imunológicos são tão fracos que elas são mais propensas à infecção e são tão frágeis que não conseguem sequer chorar. Os pais só podem ficar olhando suas crianças que estão morrendo sem poder fazer nada" denuncia Tamer Kirolos, diretor da Save the Children no Iêmen. "Apesar das dificuldades, salvamos vidas todos os dias: fornecemos comida para 140.000 crianças e tratamos mais de 78.000 crianças por desnutrição desde o início da crise".
Foto: Save the Children
Lutas, cercos e burocracia forçaram a Save the Children a trazer os suprimentos necessários destinados ao norte do país através do porto meridional de Aden. Como resultado, pode demorar até três semanas para que a ajuda atinja as pessoas que mais precisam, em vez da semana que seria necessária se o porto de Hodeidah estivesse totalmente operacional.
Nas últimas semanas, além disso, aumentaram dramaticamente os ataques aéreos em Hodeidah e os combates em Taiz, Saada e Sanaa. "Nas últimas semanas aconteceram centenas de ataques aéreos em Hodeidah e arredores, colocando em perigo as vidas de cerca de 150.000 crianças que ainda estão presas na cidade. Save the Children está pedindo o fim imediato dos combates, para não perder mais vidas. As crianças do Iêmen estão à beira o abismo e é necessário fornecer a elas o quanto antes alimentos ricos em nutrientes para salvá-las", explica Tamer Kirolos. De acordo com a Organização das Nações Unidas estima-se que 400.000 crianças sofrem de grave desnutrição aguda, a forma mais letal de fome extrema, em 2018, 15.000 a mais que em 2017.
Foto: IRIN Photos | Flickr CC
A Save the Children está trabalhando no Iêmen desde 1963, e foi a primeira organização internacional a operar no país. Opera em nível nacional e local para promover e proteger os direitos das crianças, com programas de educação, proteção, saúde, nutrição, higiene, meios de subsistência e segurança alimentar.
Para contribuir com as ações da Save the Children no Iêmen acesse este link.
Para mais informações acesse o site ou escreva para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Nota:
[1] A análise realizada pela Save the Children, com base nos dados da ONU, parte das taxas de mortalidade por casos de grave desnutrição aguda (SAM) não tratados em crianças menores de cinco anos. A projeção prudente baseada nos casos de SAM registrados indica que aproximadamente 84.700 crianças com SAM podem ter perdido a vida por esse motivo.
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Iêmen, 85.000 crianças morreram de fome desde o início do conflito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU