27 Junho 2018
O encontro será sobre a crise no país, o diálogo suspenso, a democratização e 200 mortes em 60 dias.
A informação foi publicada por Il sismografo, 26-06-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
No próximo sábado, dia 30, o Papa Francisco vai receber em audiência, e será o seu sexto encontro pessoal, Evo Morales, presidente da Bolívia. O governante estará em Roma já nas próximas horas, pois decidiu acompanhar o novo cardeal de seu país, Toribio Ticona Porco, que o Santo Padre nomeará cardeal, juntamente com 13 outros sacerdotes, na quinta-feira, dia 28, no seu quinto Consistório ordinário público.
No decorrer da manhã do dia 30, o Pontífice também receberá dois importantes prelados da Nicarágua - o cardeal Leopoldo Brenes e D. Rolando Alvarez - nação atingida por um grave conflito sócio-político, com mais de 200 mortes em dois meses e onde a igreja local, a pedido das partes, preside uma "Mesa para o diálogo e o testemunho" que até agora teve resultados muito escassos. De fato, as sessões da Mesa de diálogo estão suspensas há mais de uma semana.
O Pontífice, na prática, diz um comunicado oficial do Episcopado da Nicarágua, receberá daqui a quatro dias o arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo Brenes, que naturalmente também tomará parte no Consistório na quinta-feira, e o bispo de Matagalpa, Rolando Alvarez. Durante a ausência do cardeal Brenes, se necessário, a Mesa será dirigida pelo bispo de León, mons. Bosco Vivas.
No momento, as questões centrais que bloqueiam todo o progresso do diálogo, mesmo que os contatos à distância continuem como vimos nas últimas doze horas, são duas.
Uma delas é forte e intensa a repressão do governo de Daniel Ortega e de sua esposa Rosario Murillo, vice-presidente, em que cada vez mais há a intervenção de forças militares não identificadas, verdadeiras gangues paramilitares que muitos observadores internacionais associam à chamada "juventude sandinista".
A outra questão, de fato dirimente, e que será o centro das conversações com o Papa, diz respeito à democratização do país. O que todas as oposições sociais, políticas culturais e econômicas, realmente pedem, insistentemente e sem nenhuma disponibilidade para a negociação, é o fim do governo Ortega-Murillo que constitucionalmente deveria governar até 2021.
Ao presidente, por carta escrita apresentada durante um encontro pessoal, a Presidência do Episcopado pediu semanas atrás para antecipar as eleições presidenciais de 2021 para 2019 para dar vazão à enorme pressão da oposição e, assim, evitar - se possível - chegar a uma verdadeira guerra civil. Os bispos estão preocupados, porque veem que, na verdade, como relatarão ao Papa, a pequena e pobre nação da América Central já está em uma espécie de trágica guerra civil que se arrasta e conta com 3,3 mortes por dia.
Ortega, por sua vez, finge não ouvir, aliás, responde a tudo menos a essa solicitação Episcopal, sobre a qual o presidente é silencioso, como em silêncio fica todo o seu entourage geralmente muito loquaz.
Na memória de todos, especialmente do Papa, da diplomacia do Vaticano e da Igreja nicaraguense, ainda está viva a memória - e queima como todo fracasso - da armadilha em que Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela, nação onde existe um conflito em muitos aspectos semelhante ao da Nicarágua há mais de seis anos, fez desmoronar as boas intenções, a disponibilidade e “los buenos ofícios” da Santa Sé. Neste caso Maduro usou e abusou da boa-fé e generosidade da diplomacia do Vaticano e do próprio Pontífice e, portanto, no final, escolheu-se o caminho da retirada, limitando o desempenho da Sé Apostólica aos necessários apelos pela paz e o diálogo e deixando a governança da crise nas mãos da Conferência Episcopal local.
No caso da Nicarágua, desde o início da crise, a Sé Apostólica tem evitado o que aconteceu com a Venezuela e, portanto, o episcopado local teve e tem a palavra final. Agora se trata de se consultar com o Papa na perspectiva de um possível futuro muito difícil e perigoso: sair da Mesa de diálogo se Ortega não antecipar as eleições presidenciais e, então, deixar o país mergulhado em uma verdadeira guerra civil, muito perigosa para toda a região da América Central, que Francisco deveria visitar em janeiro próximo, por ocasião da JMJ na Cidade do Panamá.
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Nicáragua. Sábado no Vaticano importante encontro do Papa Francisco com o cardeal Leopoldo Brenes e mons. Rolando Álvarez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU