23 Mai 2018
Surpresa, felicidade e aceitação. Foi o que sentiu o claretiano Aquilino Bocos Merino quando, ao meio-dia do domingo, o Papa leu seu nome na lista dos novos cardeais que ele criará no próximo dia 29 de junho. “É um reconhecimento em defesa da vida religiosa, em momentos que não têm sido fáceis”, alegrava-se ao seu lado o cardeal Osoro.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 22-05-2018. A tradução é de André Langer.
Uma nomeação que, como ambos explicaram, define a mudança que houve neste pontificado, mais próximo da vida religiosa e dos leigos. “Este Papa nos defendeu, como cardeal, quando em Roma se dizia: ‘A vida religiosa morreu, viva os movimentos’”, disse, emocionado, o novo cardeal, durante uma breve coletiva de imprensa na residência dos claretianos em Madri.
“O Papa costuma nomear sem perguntar”, admitiu Bocos, que revelou: “fiquei emocionado, mas com muita paz, talvez porque vindo do Papa, me dá segurança”. Segurança “não apenas pelo que o Papa significa, mas pelo que esse Papa inspira”, acrescentou, recordando as “longas conversas” que teve com Bergoglio nas últimas décadas.
“Chegou-se a dizer em Roma: 'A vida religiosa está morta, viva os movimentos' e, diante disso, a União de Superiores Gerais reagiu, e também o cardeal Bergoglio.” “Agora, o Papa me diz que eu tenho que ajudá-lo, e estou feliz, à sua disposição”.
O novo cardeal enfatizou como Francisco “não escondeu que ele era religioso, teve gestos extraordinários com os religiosos. A primeira reunião com os Superiores Gerais foi magnífica. Isso era impensável em pontificados anteriores”. Nesse contexto, Bocos recordou a celebração do Ano da Vida Consagrada e a proximidade constante com os religiosos.
“Ele sabe que os religiosos tiveram algumas incompreensões, às vezes rejeição e relegação durante anos”, denunciou o novo cardeal, que observou como tanto Bergoglio em Roma como Osoro em Madri “aprofundam a questão das relações mútuas entre religiosos, bispos, leigos e sacerdotes”.
Ao mesmo tempo, Bocos recordou seu tempo como presidente da FERE (Federação Espanhola de Religiosos do Ensino), e ressaltou a importância de continuar a aprofundar o carisma e a identidade dos professores leigos, vinculados a congregações religiosas e seu espírito. “Acontece o mesmo que com a vida religiosa: possivelmente seremos menos, mas não perderá identidade nem significância e nos levará a sermos mais comprometidos”.
Nesse sentido, Osoro enfatizou “a força dos leigos, que assumiram o carisma, e que é impressionante”. “Mesmo que houvesse muitos religiosos, os leigos devem entrar nessa tarefa. Este momento é um momento excepcional na vida da Igreja, pela força do laicato claretiano, jesuíta, lassalista... e das congregações femininas também. As intervenções que eu gostaria de ouvir de muitos sacerdotes”.
O cardeal de Madri, por sua vez, destacou sua “grande alegria” pela nomeação de Bocos. “Por tudo o que representa de reconhecimento de sua pessoa, do seu trabalho na vida da Igreja em anos que não foram fáceis e onde havia outras formas de pensar”.
“É um reconhecimento também à sua congregação e a toda a vida religiosa, com as tarefas que precisa continuar realizando na Igreja”.
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“O Papa nos defendeu quando em Roma se dizia: ‘A vida religiosa morreu, viva os movimentos’”, constata novo cardeal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU