09 Novembro 2017
"Considerando que as pessoas têm liberdade para escolher a crença de sua predileção, significa que o Brasil está ficando mais democrático e mais plural no que se refere à distribuição relativa do peso das diversas igrejas, assim como apresenta uma participação cada vez maior das pessoas sem religião" escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 08-11-2017.
O Brasil está passando por uma grande transformação no quadro das filiações religiosas, que se manifesta em 4 aspectos:
1. Declínio absoluto e relativo das filiações católicas;
2. Aumento acelerado das filiações evangélicas (com diversificação das denominações e aumento dos evangélicos não institucionalizados);
3. Crescimento do percentual das religiões não cristãs;
4. Aumento absoluto e relativo das pessoas que se declaram sem religião.
A tabela acima mostra a distribuição das filiações religiosas (entre católicos, evangélicos, outras religiões e sem religião) para o Brasil e para as Unidades da Federação (UF) em 1991 e 2010 e um índice que mede a pluralidade religiosa. A pluralidade foi calculada como a subtração: índice 100 menos o desvio padrão.
Assim, se os quatro grupos tiverem o mesmo tamanho (igualdade total) o desvio padrão seria zero (0) e a pluralidade máxima seria cem (100).
Nota-se que a pluralidade religiosa aumentou no Brasil de 66,6% em 1991, para 76,2% em 2010. Assim como aumentou em todos as UFs. O Estado com a menor pluralidade religiosa é o Piauí, que tinha um índice de 59,7% em 1991 e passou para 65,2% em 2010. No Piauí os católicos mantém a maior parcela da população entre todas as UFs. Já o Rio de Janeiro tem a maior pluralidade religiosa, pois apresentava um índice de 75,8% em 1991 e passou para 86% em 2010. O RJ é a UF menos católica e a que apresenta os maiores percentuais de outras religiões e de pessoas que se autodeclaram sem religião.
Outro Estado que apresenta alta pluralidade religiosa é Rondônia, que tinha um índice de 72,6% em 1991 e passou para 83,2% em 2010. A diferença em relação ao Rio de Janeiro é que RO possui o maior percentual de evangélicos do país, mas tem um menor percentual de outras religiões e de pessoas sem religião.
Paralelamente ao aumento da pluralidade, o Brasil também está passando por uma transição religiosa entre os dois maiores grupos. A tendência é que os evangélicos (considerando os de missão, os pentecostais e os não institucionalizados) ultrapassem os católicos antes de 2040. Os católicos são doadores líquidos universais, sendo que algo como 70% das pessoas que abandonam o catolicismo vai para os evangélicos, 20% vai para os sem religião e 10% para outras religiões.
Mantendo-se estas tendências gerais, o cenário mostra que a pluralidade religiosa no Brasil vai aumentar ao longo das próximas décadas. Considerando que as pessoas têm liberdade para escolher a crença de sua predileção, significa que o Brasil está ficando mais democrático e mais plural no que se refere à distribuição relativa do peso das diversas igrejas, assim como apresenta uma participação cada vez maior das pessoas sem religião.
ALVES, JED, BARROS, LFW, CAVENAGHI, S. A dinâmica das filiações religiosas no brasil entre 2000 e 2010: diversificação e processo de mudança de hegemonia.
REVER (PUC-SP), v. 12, p. 145-174, 2012.
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O aumento da pluralidade religiosa no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU