25 Agosto 2017
Já entre os anos 2002-2005, cerca de 100 sacerdotes da Diocese de Boston constavam em uma lista interna da Igreja por seu envolvimento direto em abusos de menores. O cardeal Bernard Law preferiu manter esse mega escândalo em segredo durante décadas e indenizar as famílias “por baixo dos panos”. Após as denúncias, a Justiça dos Estados Unidos entrou em ação e condenou vários clérigos, e ao cardeal Law, que em 2004 refugiou-se em Roma, concederam-lhe o cargo de arcipreste da Igreja de Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas mais simbólicas de Roma.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 24-08-2017. A tradução é de André Langer.
Hoje, estes escândalos são novamente notícia e é o próprio cardeal de Boston, Sean O’Malley, que esclarece pontos importantes sobre uma nova denúncia relativa aos filhos de sacerdotes. O cardeal já enviou estes antecedentes à Santa Sé.
O arcebispo de Boston, nos Estados Unidos, o cardeal Sean O’Malley, religioso franciscano de grande reputação nos Estados Unidos e em Roma, respondeu a uma reportagem publicada pela equipe do Spotlight no jornal Boston Globe sobre os filhos de sacerdotes católicos divulgada no dia 16 de agosto passado.
O cardeal O’Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, divulgou uma declaração sobre a reportagem “Os filhos de sacerdotes católicos vivem com segredos e na tristeza”, trabalho jornalístico que causou um grande impacto na sociedade norte-americana e em vários ambientes eclesiásticos e jornalísticos de Roma.
Após a reportagem feita por Michael Rezendes, um dos jornalistas que inspirou o filme Spotlight sobre abusos sexuais nos Estados Unidos, o cardeal O’Malley disse em sua declaração que “se um sacerdote tem um filho, tem a obrigação moral de deixar o ministério e satisfazer as necessidades que possam ter a mãe e o filho...”. Nesse momento – ressaltou – “o bem-estar de ambos é sua máxima prioridade”.
A declaração do cardeal, que também faz parte do chamado C9 que assessora o Papa Francisco no processo de reforma da cúria vaticana, indica também que “o dom da vida deve ser protegido e cuidado em todas as circunstâncias... Cada criança é um precioso dom de Deus, que merece respeito em qualquer circunstância”, destacou.
O arcebispo recordou também que “em sua ordenação, o sacerdote católico faz uma promessa de celibato, um compromisso com a Igreja e com as pessoas que serve”, que não o isenta de suas responsabilidades quando tiver concebido um filho.
O cardeal explicou que em 2016 a Comissão de Proteção a Menores “recebeu correspondência referente aos filhos de sacerdotes. Após uma cuidadosa consideração deste importante tema, ficou resolvido que esta questão ultrapassava o mandato da comissão”.
“A comissão procura assistir as dioceses e ordens religiosas em todo o mundo na implementação da educação e na capacitação em programas para a prevenção dos abusos sexuais. Não está entre as suas responsabilidades envolver-se em casos individuais...”.
O arcebispo de Boston conclui sua declaração afirmando que “com o reconhecimento da importância destes assuntos que impactaram enormemente a vida das crianças, suas mães e a comunidade, a comissão determinou levar o assunto à Santa Sé para que seja revisto.
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O cardeal O’Malley responde ao Spotlight sobre os filhos dos sacerdotes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU