21 Março 2017
É uma alegria indescritível ver a água do Velho Chico generoso se derramar pelo agreste, com uma vazão mínima multiplicada e espalhada. Ele não podia ficar aprisionado nos limites dos estados de seu percurso tradicional.
O comentário é de Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.
(Imagem cedida pelo autor)
Com Lula, Dilma e Ciro Gomes, desde o início acreditei da transposição do São Francisco, convencido por análises técnicas e não por motivações ideológicas emocionais e muito menos religiosas. Expressei isso no meu livro Uma Fé exigente, uma política realista, com uma primeira parte em torno a esse tema (Educam, 2008). Ali eu indicava que muitas vezes se salta da Fé à política sem mediações socioanalíticas, como no caso da greve de fome do bispo de Barra, num gesto a meu ver equivocado, que instrumentalizava sua condição episcopal baixo aparência de profetismo, num debate que deveria ser antes de tudo político e técnico.
A isso me convenceu meu saudoso amigo Hélio Amorim, católico exemplar, mas também competente técnico, sem embaralhar níveis. Esse dato fazia-me lembrar, num outro diapasão, as rabugices de Corção na criação de Brasília, para ele uma empresa tecnicamente inviável, custos absurdos, além de moralmente questionável. Recebi mensagens indignadas de companheiros cristãos de caminhada, mas apoio de outros. Como alguém, em Crato ou no Juazeiro do Norte do Padre Cícero, poderia recusar aquela água sonhada há décadas?
Dia 10, uma pseudo inauguração a portas fechadas por um governo ilegítimo, tentou canalizar para si os resultados. Foi corrido debaixo de um "Fora Temer", hoje mote permanente.
Milhares de nordestinos chegaram domingo 19, festa de São José, a Monteiro, na Paraíba, para a inauguração popular da transposição, bênção das águas, com Lula, Dilma e quatro governadores da área beneficiada.
Viva o novo Velho Chico, subindo pelo nordeste acima, ao canto de "o sertão vai virar mar"!
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A bênção das águas: o novo velho Chico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU