07 Março 2017
Na última década, entes da Igreja dos EUA desembolsaram quase US $ 3 bilhões para resolver ações judiciais. A "linha dura" de Bento XVI e Francisco está longe de ter resolvido o problema.
A informação é publicada por Leggo, 01-03-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
O flagelo do abuso de menores por parte do clero alastrou-se como fogo em todo o mundo e chegou-se a 800 denúncias em um único ano no Vaticano. Era o ano de 2004, mas mesmo nos últimos anos os casos submetidos ao ex-Santo Ofício estão em torno de 600 por ano. Essas, contudo, são as denúncias do tipo "canônico", de acordo com dados fornecidos pelo Vaticano há alguns anos, mas ainda restam os inquéritos judiciais abertos pelos tribunais civis. Um enorme escândalo que levou o Papa Bento XVI, desde sua época como cardeal e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (a instituição do Vaticano que lida com o assunto) a levantar os tapetes sob os quais estava escondida a “sujeira” e decidir por uma "tolerância zero".
Em dez anos, 900 sacerdotes voltaram ao estado laical. Essa diretriz foi confirmada e reforçada pelo Papa Francisco, que tomou uma série de decisões radicais. Inclusive a de processar, no Vaticano, um Núncio, alto expoente da diplomacia, como no caso de Jozef Wesolowski, que morreu, no entanto, antes da instauração do processo. Em dez anos, de 2004 a 2013, foram cerca de 900 sacerdotes que voltaram ao estado laical. Praticamente ‘expulsos’ das hierarquias e impossibilitados de continuar no seu ministério sacerdotal. Esses são os últimos números divulgados pelo Vaticano por ocasião da investigação aberta na ONU pelo Comitê contra a Tortura. Contudo não é enorme apenas o número de casos e países envolvidos no escândalo de pedofilia cometida por clérigos, gigantescos também foram os valores já desembolsados em algumas circunstâncias pelos crimes cometidos por clérigos.
Na Igreja dos EUA foram 3 bilhões em acordos e custos legais. Somente a Igreja dos Estados Unidos desembolsou ao longo da última década, quando as denúncias vieram à tona e foram envolvidos também os Tribunais de Justiça, quase US $ 3 bilhões, entre acordos, terapias e custos legais. Nesse contexto, o caso de Boston é emblemático. O cardeal atual dessa cidade, Sean Patrick O 'Malley, escolhido pelo Papa Francisco para presidir a Comissão vaticana sobre pedofilia, após ter ‘herdado’ a difícil situação criada pelo seu antecessor, Bernard Francis Law, decidiu vender o palácio oficial e escolheu para si uma residência comum, justamente para poder ressarcir as vítimas de pedofilia. Dados mais recentes vêm da Austrália, onde resulta que 7% dos padres católicos são acusados de cometer abuso sexual de menores desde 1950.
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Igreja e pedofilia: 600 queixas por ano, desde 2004 foram expulsos 900 padres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU