Sobre a Amoris laetitia, bons ares de onde menos se espera

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

31 Janeiro 2017

Na última sexta-feira, 27 de janeiro, no jornal Il Foglio: “É verdade, a doutrina não basta, mas o bergoglismo também de pouco serve”. Normalmente, os ares são diferentes. Você não gosta daquele “bergoglismo” – os “ares” de sempre –, mas, no texto, Luca Diotallevi consegue escrever coisas a partir daquelas partes incômodas.

O comentário é do vaticanista italiano Gianni Gennari, em artigo publicado no jornal Avvenire, 28-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Por exemplo, que “a verdade cristã não é uma série de fórmulas cristalizadas, mas uma vida que se desenrola no tempo, também com aparentes contradições”. E cita Santo Agostinho: “Deus pode pedir coisas hoje que ontem proibia”.

Duro, para quem pensa que verdade e conceito são toda a realidade, enquanto está também é vida que flui de forma diferente na única luz de uma Palavra (com P maiúscula!) que, no tempo, pode ser, pouco a pouco, mais ou menos compreendida e praticada. E assim é “Bem-aventurado quem ouve a Palavra de Deus e a põe em prática!” (Lc. 11, 28).

Você lê e se lembra do Papa João XXIII e do seu Gaudet Mater Ecclesia na fonte do Vaticano II (11-10-1962): a Palavra não muda. Somos nós que a compreendemos melhor. E Diotallevi – mérito seu – consegue apresentar a chave para superar a aparente contradição: “O horizonte é o do discernimento, não o das deduções”.

Perfeito! Que pense nisso quem afirma que o Papa Francisco “não é claro”, levantando dúvidas devidas apenas à rejeição do discernimento. É justamente esse, muito claramente, o principal produto da Amoris laetitia! O importante é ler tudo, e bem, sem parar e fingir que não há nada mais do que algo que não toca a música com a qual, por tanto tempo, estamos acostumados.

“Discernimento” inaciano? Sim, mas também “paulino” e original – único na Palavra – para as condições de acesso à Eucaristia: “Cada um examine – dokimazéto: imperativo justamente do verbo “discernir” – a si mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice” (1Cor 11, 28). Bons ares.

Leia mais: