Depois do corte, as velhas árvores trabalham melhor

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05 Janeiro 2017

O estudo demonstrou também que a absorção de carbono em áreas afetadas por madeireiras é maior no Escudo das Guianas a oeste do que no sul da Amazônia. Devido ao solo pobre, as árvores mais sobreviventes absorvem mais rápido a matéria em decomposição, deixada por troncos e galhos caídos. Já no sul da região amazônica, o crescimento das árvores é afetado pelo estresse hídrico, provocado pelo período seco durante metade do ano. De acordo com a pesquisadora, as árvores tolerantes à redução da disponibilidade de água são menos competitivas quando se trata de nutrientes, o que explica o crescimento mais lento.

A reportagem foi publicada por Eco, 24-12-2016.

Quando se trata de sequestrar carbono, o desempenho de árvores velhas em áreas afetadas pela extração de madeira na Amazônia deixa as novinhas pra trás. Pelo menos este é o resultado de um estudo desenvolvido por pesquisadores franceses, o primeiro a considerar a dinâmica do carbono em toda a extensão da floresta amazônica.

Depois de analisar dados de 113 áreas de floresta permanente e 13 afetadas experimentalmente, em diferentes regiões de floresta, eles verificaram que, pelo menos ao longo da primeira década após o corte, as velhas árvores que sobrevivem à motosserra absorvem mais CO2 do que as novas. O estudo foi publicado nesta quarta-feira no jornal eLife por pesquisadores franceses do Observatório de Florestas Tropicais Manejadas, um grupo de pesquisas que conta com a participação da Embrapa.

“Nós olhamos as diferenças regionais no clima, solo e biomassa inicial acima do solo inicial e relacionamos isso com alterações no estoque de carbono causadas tanto pelas árvores mais novas quanto pelas sobreviventes, para prever o potencial de recuperação de carbono em toda a Amazônia”, afirma a pesquisadora francesa Camille Piponiot, que faz doutorado na América do Sul.

O estudo demonstrou também que a absorção de carbono em áreas afetadas por madeireiras é maior no Escudo das Guianas a oeste do que no sul da Amazônia. Devido ao solo pobre, as árvores mais sobreviventes absorvem mais rápido a matéria em decomposição, deixada por troncos e galhos caídos. Já no sul da região amazônica, o crescimento das árvores é afetado pelo estresse hídrico, provocado pelo período seco durante metade do ano. De acordo com a pesquisadora, as árvores tolerantes à redução da disponibilidade de água são menos competitivas quando se trata de nutrientes, o que explica o crescimento mais lento.

Segundo o orientador de Camille Piponiot, Bruno Hérault, que também assina o artigo, embora os estudos tenham focado principalmente na recuperação de carbono após o corte, ele dá pistas importantes sobre o que ocorre com a floresta quando afetada por outros fatores, como fogo e outras consequências das mudanças climáticas.

“Como as mudanças climáticas continuam, nós podemos esperar também um aumento de secas e fogo que perturbam a floresta amazônica”, afirma o pesquisador. “Apostar em novas árvores para estocar carbono em algumas das florestas já perturbadas pela exploração madeireira pode ser uma aposta arriscada, já que muitas dessas árvores pioneiras são vulneráveis ao estresse hídrico. As árvores que sobrevivem à exploração podem ser mais valiosas na absorção do carbono nestas florestas perturbadas”, conclui.

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