25 Novembro 2016
"A solução para a recessão - como todos e todas sabem, inclusive Michel Temer e seus adeptos - é outra e muito simples: taxar os lucros exorbitantes, escandalosos e criminosos dos bancos, das multinacionais e das grandes fortunas, cobrando - com juro e correção monetária - os impostos sonegados. Se o Governo fizer isso, não faltará dinheiro para os gastos públicos (como educação, saúde e outros) e estará resolvido o problema do ajuste fiscal, sem que seja preciso cortar ou limitar direitos dos trabalhadores/as, conquistados a duras penas e com muita luta", escreve Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia (UFG).
Eis o artigo.
O traidor, golpista e usurpador Michel Temer representa um Governo marionete, covardemente submisso aos interesses dos detentores do poder econômico e, consequentemente, do sistema capitalista neoliberal no Brasil. Ele é um mero repetidor e executor daquilo que os poderosos mandam dizer e fazer. Não tem personalidade própria e age telecomandado.
Em discurso durante jantar oferecido a congressistas no Palácio da Alvorada na noite do dia 16 último, Michel Temer afirmou: "Vivemos uma recessão extremamente preocupante. O primeiro passo é tirar o país da recessão para depois começar o crescimento e depois o emprego. Não vamos ter ilusão que se combata a recessão com medidas doces. Você precisa, muitas vezes, de medidas amargas, e essas medidas visam ao futuro e não ao presente".
Por que precisa de “medidas amargas” que prejudicam somente os trabalhadores/as, cortando ou limitando seus direitos? Por que as medidas tomadas a favor dos poderosos são sempre “medidas doces”? As “medidas amargas” visam ao futuro de quem? Certamente não é ao futuro dos trabalhadores/as! Quanta hipocrisia! Quanta falsidade!
O referido jantar teve o objetivo de garantir o apoio à PEC 241/55 do Teto dos Gastos no Senado. A primeira votação em plenário está marcada para o dia 29. O segundo turno será no dia 13 de dezembro. O Governo precisa de 49 votos dos 81 senadores para aprovar a medida.
Conforme foi divulgado na mídia, o encontro reuniu 82 convidados, entre senadores, ministros e líderes da Câmara. Em outubro passado, antes da aprovação da PEC na Câmara, Temer promoveu um evento semelhante com deputados federais. São os jantares dos traidores do povo e - o que é pior - pagos com dinheiro do próprio povo.
Michel Temer - “presidente” ilegítimo - voltou a dizer que o seu Governo tem tido um apoio "extraordinário do Congresso Nacional". Não é para menos! Esse Congresso está cheio de políticos picaretas e o golpista é atualmente o chefe deles.
A PEC do Teto - segundo Temer - é a primeira medida para a saída da recessão. "Quando vemos um déficit de R$ 170 bilhões, achamos que é normal, mas não é". "São déficits preocupantes". O golpista sabe muito bem que - para os bancos, as multinacionais e as grandes fortunas - R$ 170 bilhões são uma mixaria. Equivalem ao valor de um “pacote de balinhas”, dadas de presente às crianças.
A solução para a recessão - como todos e todas sabem, inclusive Michel Temer e seus adeptos - é outra e muito simples: taxar os lucros exorbitantes, escandalosos e criminosos dos bancos, das multinacionais e das grandes fortunas, cobrando - com juro e correção monetária - os impostos sonegados.
Se o Governo fizer isso, não faltará dinheiro para os gastos públicos (como educação, saúde e outros) e estará resolvido o problema do ajuste fiscal, sem que seja preciso cortar ou limitar direitos dos trabalhadores/as, conquistados a duras penas e com muita luta.
Temer disse também que - após a aprovação da PEC do Teto - a seguinte medida será a reforma da Previdência. "Vai ser difícil? Vai, mas creio que já há uma consciência nacional, as pesquisas revelam, que ela é indispensável. Não há como fugir dela". É mentira e enganação ao povo! A terceira medida será a reforma trabalhista. Nessa reforma, o acordado prevalecerá sobre o legislado, com as consequências negativas previsíveis na vida dos trabalhadores/as.
Essas medidas não tocam em um centavo sequer dos ricos; só cortam ou limitam - como já disse e repito - direitos dos trabalhadores/as, sobretudo dos mais pobres. São realmente tramas políticas sujas, desonestas, iníquas, obscenas e diabolicamente planejadas, em benefício de uma pequena minoria de adoradores do deus-dinheiro.
Michel Temer afirma ainda que as medidas devem ser consolidadas “para gerar lá na frente o crescimento”. O crescimento de quem? Deve ser o crescimento dos já crescidos, ou seja, dos ricos que se tornam cada vez mais ricos. Certamente não é o crescimento dos trabalhadores/as, que com as medidas são os únicos prejudicados.
Agradecendo a presença no jantar dos senadores e de líderes da Câmara, Temer, pediu: "Estejam muito à vontade. Que façamos um jantar de confraternização, apenas estamos dando um sentido de trabalho a esse jantar para reforçar que o Legislativo trabalha durante o dia e durante a noite, inclusive durante o jantar". Que confraternização é essa! Que descaramento! Que cinismo! Dá nojo!
Diante dessa situação política diabólica, lembro as palavras do Papa Francisco: "Se é assim, digamos sem medo: queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema já não se aguenta, os camponeses, trabalhadores, as comunidades e os povos tampouco o aguentam. E tampouco o aguenta a Terra, a Irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco" (2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 9 de julho de 2015).
Renovemos a nossa esperança num outro Brasil possível e necessário. Unidos e unidas. continuemos a luta! A vitória é nossa!
Em tempo: manifesto total solidariedade e irrestrito apoio à “Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais” pela ocupação do Palácio do Planalto, ocorrida no dia 22 do mês corrente, contra a PEC 241-55/16 (a PEC da Morte), a PEC 215/00 (do fim das demarcações de terras indígenas) e ao PL 4059/12 (que libera a venda de terras para estrangeiros). Parabéns, bravos lutadores/as! Estamos com vocês!
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Um jantar regado a interesses políticos escusos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU