10 Novembro 2016
Pesquisas de boca de urna mostram que os eleitores evangélicos brancos votaram majoritariamente em Donald Trump (numa relação de 81 a 16 por cento). É o maior índice desde 2004, quando votaram também majoritariamente em George W. Bush, com uma margem de 78 a 21 por cento. O apoio dado por este eleitorado será provavelmente visto como parte do motivo de o candidato republicano ter ido extremamente bem na eleição desta terça-feira, de acordo com o sítio Five Thirty Eight.
A reportagem é de Sarah Pulliam Bailey, publicada por Washington Post, 09-11-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Os evangélicos brancos formam o grupo religioso que mais se identifica com o Partido Republicano, e 76% deles dizem que são republicanos ou simpatizam com o partido, segundo uma pesquisa conduzida em 2014. Enquanto grupo, os evangélicos brancos compõem 1/5 de todos os eleitores registrados e cerca de 1/3 de todos os eleitores que se identificam como republicanos ou simpatizam com a sigla.
Os evangélicos também desempenham um papel de destaque em estados como a Flórida, onde formam 20% dos eleitores. Aí, o índice foi de 85 a 13 por cento. O apoio de 16% dado a Hillary Clinton foi menor do que o apoio evangélico dado a Obama em 2012, que foi de 20%.
A candidatura de Trump causou uma enorme divisão entre os líderes evangélicos, mas os eleitores deste grupo se uniram em torno dele, com muitos citando a sua promessa de nomear juízes para a Suprema Corte que revogariam o caso Roe versus Wade [que legalizou o aborto nos EUA].
Os evangélicos são um subconjunto dos cristãos protestantes, e há um grande debate sobre o que os define e quem fala por eles. Thomas Kidd, professor de história da Baylor University, por exemplo, sustenta que o termo “evangélico” acabou diluído demais a ponto de se tornar inútil.
Esta eleição de terça-feira, no entanto, provavelmente resultará uma aliança dentro da comunidade evangélica em torno do envolvimento deles na política. As reações ainda estavam sendo analisadas quando outros já lamentavam o papel que tiveram os evangélicos na escolha presidencial deste ano.
Na dianteira da eleição de terça-feira, os evangélicos estavam em guerra entre si sobre se Trump seria um bom presidente. O debate ficou especialmente acalorado depois que um vídeo com comentários cruéis de Trump a respeito das mulheres foi publicado, momento em que líderes evangélicas se pronunciaram e duas revistas evangélicas proeminentes o denunciaram.
A candidatura de Trump levou a divisões dentro de campos evangélicos diferentes. O apoio a Trump dado por Jerry Falwell Jr., da Liberty University, causou divisões em seu próprio campus. O teólogo evangélico Wayne Grudem que apoiava Trump retirou o seu apoio após o vídeo e, depois, voltou a apoiá-lo.
O apoio dado a Trump por Grudem e Eric Metaxas, famoso autor de biografias e radialista, forneceu aos evangélicos conservadores uma linguagem de sustentação ao candidato republicano. Líderes evangélicos da que é considerada a Direita Religiosa também continuaram a apoiá-lo, incluindo Pat Robertson, Tony Perkins, Ralph Reed, entre outros. O pastor Robert Jeffress, do Texas, tuitou direto da festa de campanha de Trump na noite de terça-feira.
O apoio evangélico a Trump, empresário no ramo dos cassinos e casado três vezes, deixou intrigado alguns. Por exemplo, líderes como o fundador da “Focus on the Family”, James Dobson, que há tempos se opõe aos jogos de azar, acabou apoiando o candidato tão logo ele se tornou o indicado pelo Partido Republicano. Hillary Clinton frequenta a Igreja Metodista Unida, tendo ensinado na escola dominical e, enquanto senadora, participava semanalmente de cafés da manhã orantes.
O apoio a Trump dado pelos evangélicos pode ser explicado, pelo menos em parte, pela profunda aversão que eles possuem para com a candidata democrata. Segundo uma pesquisa de opinião feita pelo Post-ABC em outubro, 70% dos evangélicos brancos tinham uma opinião desfavorável de Hillary Clinton, em comparação com os 55% do público geral que diz a mesma coisa.
Hillary Clinton simbolizou grande parte daquilo que os evangélicos tendem a se opor, incluindo a defesa ao direito ao aborto e o feminismo. Como primeira dama, ela é associada à perda cristã conservadora nas batalhas culturais durante a era Bill Clinton.
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Evangélicos brancos votaram majoritariamente em Trump - Instituto Humanitas Unisinos - IHU