26 Outubro 2016
O impulso do Papa Francisco à paz na Venezuela já está dando seus frutos. Após seu encontro, o presidente Nicolás Maduro mostrou sua predisposição a facilitar os canais de diálogo e mediação com a oposição. “Eu convoco toda a Venezuela para que apoiemos essa mesa de diálogo pela paz, pela soberania e pelo desenvolvimento da Venezuela”, disse o presidente bolivariano ao deixar o Vaticano.
A reportagem é de Jesús Bastante e publicada por Religión Digital, 25-10-2016. A tradução é de André Langer.
“Foi uma reunião em tempo recorde”, destacou Maduro, que recebeu a notificação para o encontro com Bergoglio poucas horas antes, durante um giro que o levou à Arábia Saudita e ao Catar, segundo soube Religión Digital. Durante a conversa, de pouco mais de meia hora de duração, também esteve presente o novo geral da Companhia de Jesus, Arturo Sosa, SJ, segundo informa a cadeia de rádio SER (espanhola), que assinala que o jesuíta venezuelano foi fundamental para que o presidente do país fizesse uma escala em Roma e encontrar-se, em visita privada, com o Santo Padre.
O novo líder da Companhia de Jesus é cientista político e conhece como ninguém a realidade venezuelana. Não em vão foi provincial durante anos. Já no dia da sua apresentação à imprensa, Sosa fez uma profunda análise da realidade venezuelana, destacando que “não se entende o que está acontecendo na Venezuela se não se recorda que é um país que vive da renda do petróleo”.
Para o geral jesuíta, o projeto político iniciado por Hugo Chávez “não se sustenta em si mesmo, nem econômica nem política nem ideologicamente em uma proposta inovadora”. Sosa não poupou críticas à oposição a Maduro, assinalando que ela “também não tem um projeto que permita pensar em um futuro não rentista, que é a única maneira de poder sair, no longo prazo, da situação em que o país se encontra”.
Para Maduro, a reunião com Francisco foi “profunda, muito espiritual e humana. De muita orientação, de muita informação, compartilhando critérios”. Em declaração à televisão estatal, destacou que “foi uma ótima reunião. Uma reunião privada organizada em tempo recorde. Estou muito agradecido ao Papa Francisco”.
Maduro, por sua vez, agradeceu a participação do secretário-geral da União de Nações Sul-Americana (Unasul), Ernesto Samper, e os ex-presidentes da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, do Panamá, Martín Torrijos, e da República Dominicana, Leonel Fernández, nas reuniões preliminares para conseguir este diálogo entre o Governo Bolivariano e setores da oposição.
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), por sua vez, celebrou-se a participação do mediador enviado pelo Papa (o núncio na Argentina, Emir Paul Tscherrig), para arbitrar o diálogo entre governo e oposição.
“Para os democratas venezuelanos constitui uma vitória a presença do Vaticano no conflito venezuelano”, destaca o comunicado, que não obstante critica o fato de que as conversas se realizem, como anunciou Tscherrig, neste domingo na Isla Margarita. “Qualquer processo de encontro deve realizar-se em Caracas, de cara com a opinião pública”.
Apesar do seu apoio ao processo de diálogo, a oposição reiterou a convocatória à Tomada da Venezuela, com manifestações em todo o país neste dia 26 de outubro.
A coalizão afirmou que, na sua perspectiva, o diálogo tem quatro objetivos fundamentais: “Respeito ao direito ao voto, liberdade para os presos políticos e retorno dos exilados, atenção às vítimas da crise humanitária e respeito pela autonomia dos Poderes”.
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Maduro agradece ao Papa seu impulso para “o diálogo pela paz na Venezuela” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU