11 Outubro 2016
A ajuda de emergência começou lentamente a chegar a alguns dos milhares de haitianos deslocados pelo furacão Matthew no pitoresco sudoeste do país enquanto relatos das casualidades emergem das comunidades assoladas pela tempestade.
A reportagem é de Dennis Sadowski, publicada por Catholic News Service, 10-10-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O número de mortes chegou um mil no domingo, cinco dias depois que os ventos de 230 quilômetros por hora e chuvas torrenciais se lançaram contra o país, segundo o levantamento feito pela agência Reuters com base em informações fornecidas por autoridades locais.
No entanto, a Agência de Proteção Civil do Haiti informou que 336 pessoas haviam morrido. A contagem das casualidades feita aqui é menor devido a uma regra que exige que funcionários visitem o local para confirmar o número de vidas perdidas.
Os profissionais da saúde que atuam no país estão preocupados com que a cólera possa vir a eclodir nas áreas mais atingidas de Grand’Anse e nos departamentos do sul por causa da falta d’água e sistema sanitário precário.
A doença transmitida pela água foi introduzida no Haiti em 2010 por forças de paz da ONU. Mais de 800 mil casos e quase 10 mil mortes são atribuídos à doença pelo Departamento de Saúde Pública e População do Haiti.
Os relatos de danos e casualidades em Cuba e em outros países afetados pela tempestade são parciais. Em Cuba, todo o extremo leste da ilha – de Baracoa a Punta de Maisi – está isolado da vizinha Guantânamo, disse o Pe. Jose Espino, pastor na comunidade San Lazaro, em Hialeah, Flórida, e assessor da arquidiocese para a Caritas Cuba.
No Haiti, os suprimentos de emergência que estavam estocados em armazéns antes de da tempestade foram distribuídos às pessoas cujas casas ficaram arrasadas, confirmou Chris Bessey, diretor do Catholic Relief Services para o Haiti.
Funcionários do CRS, agência humanitária dos bispos católicos dos EUA, voaram para Les Cayes, cidade de 71 mil habitantes no litoral sudoeste. Bessey disse que milhares de pessoas permaneciam em abrigos na região.
“Não sei se este número está diminuindo. Imagino que não vai diminuir assim tão rápido porque mais de 80% das casas foram danificadas ou destruídas”, disse.
Bessey demonstrou preocupação pelas comunidades costeiras da península ao sul do país, região que mais sofreu com o ataque do furacão e que está sem comunicação com as demais áreas.
“O tempo é essencial e queremos continuar trabalhando”, disse o diretor da organização CRS ao Catholic News Service direto de Porto Príncipe, capital haitiana.
Em um carta ao cardeal haitiano Chibly Langlois, de Les Cayes, presidente da conferência dos bispos do país, o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, disse que o Papa Francisco quer que o povo do Haiti saiba o quão triste o papa ficou ao ouvir das mortes e da destruição trazida pelo furação Matthew.
Francisco prestou condolências a “todos os que perderam entes queridos” e assegurou “a todos os que ficaram feridos e que perderam suas casas e pertences” que ele estava próximo deles através da oração. “Acolhendo e encorajando a solidariedade diante da mais recente provação do país, o Santo Padre confia todos os haitianos à proteção materna de Nossa Senhora da Ajuda Perpétua”, dizia a carta divulgada sexta-feira pelo Vaticano.
A agência de ajuda humanitária dos bispos americanos, Catholic Relief Services, estava planejando mandar mais funcionários e veículos à região. Entre as áreas a que o CRS estava tentando chegar está Jeremie, município ao sudoeste de Les Cayes. Relatórios iniciais diziam que, nesta localidade, pouco ficou de pé depois que a tempestade passou.
Enquanto isso, na sexta-feira o CRS comprometeu-se em enviar 5 milhões de dólares como contribuição inicial para ajudar o Haiti e outros países caribenhos a se recuperar da tempestade, o mais forte a atingir a região em uma década.
“O Haiti em particular esteve, mais uma vez, marcado por uma tragédia”, disse Sean Callahan, diretor de operações da Catholic Relief Services, em um comunicado que anunciava o pacote de ajuda. “Este compromisso demostra que vamos continuar a trabalhar junto deste povo, estendendo a nossa mão em amizade para ajudá-los e apoiá-los nestes tempos de necessidade extrema”.
Bessey disse que os alimentos, água e kits de higiene e cozinha estocados em um armazém em Les Cayes não foram danificados quando os ventos fortes do furacão Matthew arrancou parte do telhado do prédio. Trabalhadores estavam atuando no local para completar os reparos até sexta-feira de forma que o prédio pudesse ser colocado 100% em operação novamente.
Em Cuba, na sexta-feira, Espino contou ao jornal Florida Catholic, da Arquidiocese de Miami, que uma ponte e duas rodovias principais que levam a Baracoa ruíram ou racharam-se devido à inundação e ou deslizamentos de terra. Disse que Dom Wilfredo Pino Estevez, da Diocese de Guantânamo-Baracoa, levou 16 horas para fazer o trajeto de Guantânamo a Baracoa, viagem que normalmente demora cerca de duas horas.
Inclusive aí, os danos nas regiões costeiras como Maisi só puderam ser avaliados com a ajuda de um helicóptero, segundo Espino. Cerca de 90% das habitações em Baracoa ficaram destruídas, embora nenhuma morte tinha sido anunciada até na sexta-feira.
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Auxílio chega lentamente aos milhares de haitianos deslocados por furacão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU