05 Outubro 2016
"O mundo atravessa uma transição energética que está desencadeando uma nova disputa global. A matriz elétrica irá ganhando preeminência e, nesse plano, entre outros elementos, o lítio cobrará uma singular importância", escreve Elissandro dos Santos Santana, colunista, ambientalista, e membro do Conselho Editorial da Revista Letrando, em artigo publicado por EcoDebate, 04-10-2016.
Eis o artigo.
O mundo atravessa uma transição energética que está desencadeando uma nova disputa global. A matriz elétrica irá ganhando preeminência e, nesse plano, entre outros elementos, o lítio cobrará uma singular importância. 80% mais rentável e mais fácil de extrair estão no Chile, na Bolívia e na Argentina, um novo desafio que já inquieta a região.
Bruno Fornillo, Doutor em Ciências Sociais, pesquisador do Conicet e autor do livro “Sudamérica Futuro”, explicou o que significarão, nas próximas décadas, as mudanças na matriz energética. Para Fornillo, existe a possibilidade de um novo jogo geopolítico onde os países centrais busquem como aconteceu no passado, um novo tipo de dominação sobre os países subdesenvolvidos (muitas vezes, donos dos recursos em questão), desta vez, baseado no mercado das energias não renováveis. Neste contexto, o especialista se referiu, ademais, ao papel que exerce a China nesta chamada “terceira revolução industrial”. “Junto com Alemanha e com os Estados Unidos, China está na vanguarda de tudo o que signifique desenvolvimento verde”, admitiu.
Por outro lado, o jornalista David Brooks, correspondente do jornal mexicano La Jornada, em Nova Iorque, explicou as sérias dificuldades que possuem os partidos não tradicionais para concorrerem nas eleições presidenciais estadunidenses. “Os partidos Democrata e Republicano desenharam as regras do jogo, de tal modo que mantêm o controle do poder”, afirmou. Segundo Brooks, nestas eleições – “as mais desprestigiadas pelos cidadãos na história recente”–, a carta principal que jogam tanto Clinton como Trump é a do ódio contra o outro.
Neste programa, também se analisou a decisão da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai de assumirem, por decreto, a presidência rotativa do bloco Mercosul, que está exercendo e lhe corresponde, a Venezuela, desde julho passado. Os quatro países advertiram que se a Venezuela não adota as regras de compatibilidade faltantes pode ficar suspensa. Caracas relembrou que os estatutos do Mercosul informam que qualquer decisão deve ser tomada por consenso e que “a Tríplice Aliança viola a legalidade do Mercosul”. Esta crise é interpretada por muitos especialistas como um ataque dos novos governos de direita contra a Venezuela por suas políticas socialistas.
Em Voces del Mundo se informou sobre outras duas questões de importância. A primeira foi a apresentação do Ministério Público Brasileiro contra o ex-presidente Lula da Silva e sua esposa. Ele é acusado de ser “o principal comandante da corrupção na Petrobrás” em um momento em que certos setores judiciais estão contra os governos progressistas da região. A segunda foi a decisão do novo presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, de adotar uma política “independente” dos interesses de Washington. Por esta razão, cancelou os exercícios conjuntos com o Pentágono no estratégico Mar da China, solicitou a retirada das tropas norte-americanas da base militar em Mindanao e pôs fim à dependência das Filipinas em relação à indústria de armas dos EUA, anunciando a compra de armas da Rússia e da China, em condições mais favoráveis.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A encruzilhada do lítio: a chave do futuro ou uma nova escravidão para a América do Sul? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU