17 Mai 2016
Mesmo antes da chegada do período de estiagem, Mato Grosso já apresenta aumento de 28,98% nos focos de queimadas desde janeiro deste ano a 11 de maio corrente (incluindo o mês completo) se comparado aos cinco primeiros meses de 2015.
A reportagem foi publicada por Diário de Cuiabá, 14-05-2016.
Até o momento, é o estado brasileiro com maior incidência de queimadas, com 4.766 focos. A situação preocupa e tem deixado em alerta as autoridades públicas ligadas à prevenção e ao combate aos incêndios florestais.
Além do aumento no desmatamento, o temor é que por conta do fenômeno climático El Niño as queimadas se intensifiquem ainda mais esse ano no território mato-grossense.
“Vários fatores contribuem para nossa preocupação, como algumas regiões do Estado, como o Pantanal, não pegam fogo há quatro anos, possuem muito material propício para queimar”, disse o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) do Corpo de Bombeiros (CB), tenente-coronel Paulo Barroso, durante encontro realizado esta semana que discutiu a revisão das ações e metas do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado de Mato Grosso.
O período de estiagem é marcado pela ausência de chuvas, aumento da umidade relativa de ar (URA) e tende a se intensificar entre os meses de julho e setembro, no Estado. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), até o fim da manhã de ontem, os municípios mato-grossenses com maior concentração de focos eram Brasnorte, Nova Ubiratã e Vila Rica. Até então, Mato Grosso liderava o ranking das queimadas a frente de Roraima, com 3.135 focos e do Pará, com 1.949.
Para se ter outra ideia da dimensão do problema, apenas em abril deste ano o Estado registrou 1.770 queimas contra 947 ocorrências registradas no mesmo mês de 2015. Um aumento de 86,90%. “Estamos sob a influência do El Niño com tempo seco no Centro-Oeste e se há um acumulo de material combustível deixado pelo desmatamento à tendência é de registro de queimadas, normalmente difíceis de controlar e com prejuízos socioambientais incalculáveis”, reforçou.
Os parcos recursos é outra situação que preocupa. No planejamento, a expectativa para as ações de prevenção e repressão era empregar ao menos R$ 2.9 milhões. Até o momento, estão previstos apenas R$ 1 milhão, montante menor que disponibilizado em Estados, como Minas Gerais (MG), onde a média de investimento anual no setor é de R$ 30 milhões e que não conta com biomas, como o Pantanal e a Amazônia.
Apesar disso, Barroso garante que vem sendo feito todo um esforço no sentido de impedir ou tentar amenizar a situação. Segundo ele, uma das estratégias é formar brigadas mistas, que contam com a participação de órgãos estaduais, municipais e pessoas jurídicas. Segundo ele, em 15 municípios a proposta já foi apresentada e, ao menos, sete já sinalizaram positivamente para instalação dos postos.
Este ano, a intenção é montar oito unidades de combate aos incêndios florestais, quatro a mais do que em 2015. Porém, a ideia inicial era instalar 14 brigadas. “Ano passado, nos municípios que tiverem brigadistas houve uma redução de 88% nos focos de incêndios”, afirmou.
Período proibitivo – A proibição às queimadas em Mato Grosso normalmente ocorre entre 15 de julho a 15 de setembro. No ano passado, em razão das condições climáticas e pluviométricas, a Sema prorrogou o prazo duas vezes, ampliando a restrição até 15 de outubro.
É importante lembrar que embora na área rural o Governo do Estado regule o período de utilização do fogo por meio da técnica de queima controlada, O que requer autorização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), na área urbana a utilização do fogo é crime o ano inteiro, com penas e atuações conforme a legislação municipal.
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Número de queimadas começa a aumentar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU