27 Abril 2016
Viaja-se a mais de um milhão de peregrinos ao mês, já no final de semana dedicado ao Jubileu dos rapazes e das garotas se superaram os cinco milhões, e isto calculando somente São Pedro. Se se consideram as outras portas santas de Roma, ainda não calculadas oficialmente pelo Vaticano – além do albergue da Caritas, Santa Maria Maior, São João de Latrão, o Divino Amor e São Paulo fora dos Muros, que sozinha atinge oficiosamente as novecentos mil presenças – os milhões de peregrinos chegados à Cidade Eterna desde o início do Ano Santo da Misericórdia, se calcula Além Tibre, são pelo menos sete. No entanto, não são somente os números que mostram a “revanche” do Jubileu de Francisco com respeito às considerações talvez desoladas dos primeiros dias. O equívoco fundamental era procurar um paralelo com o Grande Jubileu do Ano Dois mil, aliás preparado longamente.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada pelo jornal Corriere della Sera, 26-04-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
Bergoglio havia pensado em algo realmente diverso. Pretendeu um Ano Santo avesso a gigantismos e quermesses, solicita sobriedade. Acima de tudo, pensou num Jubileu difundido em todo o mundo e não concentrado em Roma. Francisco, de fato, não deu início ao Ano Santo aos oito de dezembro, em São Pedro, mas aos 29 de novembro em Bangui, na África Central em guerra civil: jamais havia acontecido que um Papa abrisse a porta santa do Jubileu fora de Roma. Calculam-se pelo menos dez mil portas santas abertas nas 2.089 dioceses do planeta. A peregrinação é acima de tudo interior, também nestes dias Francisco não se cansa de repetir as palavras de Jesus sobre o Juízo final, a conduta que distinguirá os justos dos condenados, “tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me acolhestes... encarcerado e viestes encontrar-me...”.
Precisamente ontem o Papa respondeu com uma carta aos detidos do cárcere de Velletri, que lhe haviam escrito por intermédio do bispo Marcello Semeraro: “Eu vos agradeço por haverem pensado em mim em meio às dificuldades das vossas situações de vida atual...”. Francisco procede com o exemplo, como quando, no sábado de manhã, se assentou numa cadeira na Praça São Pedro e ficou ali ouvindo a confissão de dezesseis adolescentes. Havia setenta mil moças e rapazes de todo o mundo, no sábado, e cento e vinte mil pessoas no domingo, enchendo também a via da Conciliação.
Também ontem se via um fluxo ininterrupto de peregrinos, “os números são incontáveis, é claro, estas cifras não são uma brincadeira”, explica o arcebispo Rino Fisichella, ao qual Francisco confiou a organização do Jubileu. “Mas, o essencial está na qualidade da proposta de Francisco, os sinais e a linguagem que dirige aos fiéis, sua capacidade de falar ao coração das pessoas. O povo reza e volta a confessar-se. Se vai à porta Santa não para fazer um passeio: basta ver a resposta dos jovens, e os peregrinos que continuam a entrar, os folhetos com as preces na mão”.
Considerando a particularidade deste Jubileu, as cifras, em todo o caso, são surpreendentes. Após os atentados de Paris de 13 de novembro, em Paris, havia quem solicitava que fosse anulado. O cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, havia dito ao Corriere: “Não podemos deixar-nos paralisar pelo medo, o melhor antídoto é não deixar-nos condicionar demasiado e manter certa serenidade”.
Os peregrinos continuaram a chegar, também além dos grandes eventos como aos 4 de setembro, a canonização de Madre Teresa de Calcutá. O Ano Santo concluirá aos 20 de novembro, em São Pedro, e é fácil imaginar que se irá bem além dos dez milhões previstos no início pelo próprio prefeito de Roma, Franco Gabrielli.
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A superação do Jubileu. Os peregrinos já são sete milhões - Instituto Humanitas Unisinos - IHU