15 Fevereiro 2016
Kirill e Francisco nessa sexta-feira em Cuba: os líderes de duas Igrejas mundiais, as duas maiores, que se encontram fora da Europa para superar as discórdias que, no Velho Continente, fizeram-nas inimigas ao longo dos séculos.
A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 12-02-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A escolha de Cuba para esse evento inédito na história tem mais razões que devem ser lidas juntas para entender a sua projeção. Há uma primeira razão de imagem: a mesma que, em 1964, levou Atenágoras e Paulo VI a se encontrarem em Jerusalém.
Era o primeiro abraço entre um papa e o patriarca de Constantinopla, e a ubíqua hipersensibilidade do mundo eclesiástico impedia que um fosse à casa do outro. Depois, Atenágoras foi a Roma, e Paulo VI foi a Istambul, mas, para o primeiro encontro, foi necessário um campo neutro.
Avaliadas ao longo dos anos várias propostas – Chipre, Genebra, Viena –, as duas diplomacias chegaram a Cuba por uma razão ocasional e uma substancial. A ocasional está na coincidência temporal das viagens dos dois "patriarcas" planejadas há muito tempo: Kirill em visita às comunidades latino-americanas da Ortodoxia russa, e Francisco em visita ao México.
A razão substancial está escondida atrás da ocasional e foi esclarecida pelo Metropolita Hilarion, negociador de Kirill: era desejo dos russos que o encontro não se realizasse na Europa, isto é, no continente da divisão das Igrejas, já que o compromisso deveria visar à superação da ruptura.
Resta dizer que a Ortodoxia russa é uma Igreja mundial, presente – por causa da emigração russa anterior e subsequente ao comunismo – na América do Norte e do Sul, na Europa ocidental, na Ásia central e na Sibéria, no Japão, na Austrália e na Nova Zelândia.
Kirill, que representa tal deslocação planetária, e o papa que veio da Argentina não encontraram dificuldades para escolher Cuba como local a partir de onde é possível olhar para o futuro.
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Kirill e Francisco em Cuba: porque o futuro passa por lá - Instituto Humanitas Unisinos - IHU