07 Fevereiro 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 5,13-16 que corresponde ao Quinto Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Os seres humanos tendem a aparecer diante dos outros como mais inteligentes, melhores, mais nobres do que realmente somos. Passamos a vida tentando aparentar diante dos outros e diante de nós mesmos uma perfeição que não possuímos.
Os psicólogos dizem que essa tendência se deve, sobretudo, ao desejo de afirmar-nos perante nós mesmos e perante os outros, para nos defender assim da sua possível superioridade.
Falta-nos a verdade das «boas obras» e enchemos a nossa vida de conversa e de todo o tipo de divagações. Não somos capazes de dar ao filho um exemplo de vida digna e passamos os dias exigindo o que nós não vivemos.
Não somos coerentes com nossa fé cristã e tentamos justificar-nos criticando aqueles que abandonaram a prática religiosa. Não somos testemunhas do evangelho e dedicamo-nos a pregá-la a outros.
Talvez tenhamos que começar por reconhecer pacientemente as nossas incoerências, para apresentar aos outros apenas a verdade de nossa vida. Se tivermos a coragem de aceitar a nossa mediocridade, nos abriremos mais facilmente à ação de Deus que ainda pode transformar a nossa vida.
Jesus fala do perigo de que “o sal se torne insonso”. São João da Cruz diz de outra maneira: «Deus nos livre que se comece a envaidecer o sal, que, embora pareça que faz algo por fora, em substância nada será, quando é verdade que as boas obras não podem ser feitas senão por virtude de Deus».
Para ser “sal da terra”, o importante não é o ativismo, a agitação, o protagonismo superficial, mas "as boas obras" que nascem do amor e da ação do Espírito em nós.
Com que atenção deveríamos escutar hoje na Igreja estas palavras do próprio Juan de la Cruz: “Advirtam, pois, aqui os que são muito ativos e pensam rodear o mundo com as suas predicações e obras exteriores, que muito mais proveito fariam à Igreja e muito mais agradariam a Deus ... se passassem sequer metade desse tempo em estar com Deus em oração".
Caso contrário, de acordo com o místico doutor, “tudo é martelar e fazer pouco mais que nada, e às vezes nada e às vezes até prejudicar”. No meio de tanta atividade e agitação, onde estão as nossas «boas obras»? Jesus dizia aos seus discípulos: “Ilumine a vossa luz os homens, para que vejam as vossas boas obras e deem glória ao Pai”.
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A luz das boas obras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU