13 Setembro 2019
Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para escutá-lo. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”.
Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la? E quando a encontra, com muita alegria a coloca nos ombros. Chegando em casa, reúne amigos e vizinhos, para dizer: ‘Alegrem-se comigo! Eu encontrei a minha ovelha que estava perdida’. E eu lhes declaro: assim, haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.”
“Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontrar a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: ‘Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido’. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte.”
Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.
Leitura do Evangelho segundo Lucas 15,1-32 (Correspondente ao 24º Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Na Liturgia deste domingo, a Igreja convida-nos a continuar com a leitura de Lucas com um trecho do capítulo 15 deste Evangelho. Num primeiro momento, somos convidados e convidadas a escutar o texto para assim refleti-lo e descobrir a riqueza e sabedoria que nos quer comunicar.
Na primeira frase, apresenta-se um grupo de pessoas que se aproximam de Jesus para escutá-lo. Quem são estas pessoas que procuram Jesus com o interesse de ouvir suas palavras? Não é uma multidão nem o povo em geral, mas o texto esclarece que são ”pecadores e cobradores de impostos” os que o procuram. Com Jesus estas pessoas se sentem confortáveis, elas podem estar ao seu lado porque não são rejeitadas, pelo contrário, são aceitas e acolhidas. Por que o evangelista ressalta que são cobradores de impostos e pecadores? Lembre-se de que os cobradores de impostos são as pessoas que realizavam uma atividade em favor dos romanos e isso era geralmente em prejuízo dos que deviam pagar ao Império o montante estabelecido. Eles eram os infratores notórios da moral pública!
Lucas, no seu evangelho, descreve vários episódios nos quais eles estão presentes. Jesus se relaciona com Levi, “que era um cobrador de impostos que estava na coletoria” (Lc 5, 27) e depois vai comer em sua casa. Nessa mesa havia uma “numerosa multidão de cobradores de impostos” que partilhavam o grande preparado por Levi em honra a Jesus. Jesus come com eles, “senta-se à mesa”, manifestando familiaridade e comunhão de vida das pessoas que partilham esse momento.
Os pecadores eram as pessoas que levavam uma vida pública considerada impura e indecente e era uma vergonha e desonra para os que se vangloriavam de serem fiéis observantes da Lei. Com Jesus os pecadores sentiam-se confortáveis, sabiam que ele os acolheria e que não seriam rejeitados. Por isso estão continuamente junto dele. Jesus se relaciona livremente com todo tipo de pessoas. Ninguém pode sentir-se discriminado ao seu lado e ainda menos os pecadores e as pessoas desprezadas pela sociedade.
Mas há outro grupo de pessoas que aparece nesta cena e também está junto com Jesus. São os fariseus e os doutores da Lei. Disse o texto que “os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: ‘Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!’“. Eles também estão ao lado de Jesus, mas com uma atitude diferente. Não o buscam para ouvir suas palavras ou receber a novidade do Reino que ele anuncia, senão que eles espiam Jesus porque procuram “alguma atitude de Jesus para ter com que acusá-lo” (Lc 6,7). Em várias oportunidades eles se aproximam de Jesus, lhe fazem perguntas para “tentá-lo” (Lc 8,1), “começam a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos”, “armam ciladas, para pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca” (Lc 11,53). Para este grupo, que nem se aproximava dos pecadores nem dos cobradores de impostos, as atitudes de Jesus eram inauditas!
Situados nesta cena e continuando seu caminho a Jerusalém, Jesus narra três parábolas que são uma catequese sobre a misericórdia de Deus. Evidenciam, através de gestos concretos, o amor e a predileção de Deus pelas pessoas mais pobres, marginalizadas e desprestigiadas da realidade social e religiosa dessa época. Elas são as privilegiadas!
Nas duas primeiras parábolas, há uma situação similar: uma perda de um bem que não é o único que a pessoa possui e a constante busca até encontrá-lo. Há uma busca arriscada sem preocupar-se com riscos ou perigos. Apesar de não ser o único bem que possuem, o homem e a mulher se preocupam, cada um em particular, “até encontrá-lo”. Nem o homem nem a mulher ficam amarrados àquilo que ainda possuem, mas pelo contrário, arriscam os outros bens por aquele que perderam. E o seu encontro gera uma grande alegria e deve ser celebrado e partilhado com amigos e amigas: “Alegrem-se comigo”. Celebra-se uma festa porque aquilo que estava perdido foi achado.
Jesus manifesta assim o coração do Pai “porque há mais alegria no céu por um pecador que se converte que por noventa e nove justos que não precisam de conversão”. Deus é um Pai que ama a todos de forma particular, não como se fosse uma multidão. Por isso se preocupa individualmente com cada um e cada uma com originalidade. Não estabelece ordens gerais ou diante de uma perda acrescenta as normas a cumprir. Pelo contrário! Como disse o papa Francisco “a ordem é do patrão, a palavra é do pai” porque “Deus não é um patrão, mas pai; nós não somos súditos, mas filhos”. Jesus está nos apresentando o rosto de Deus Pai e Mãe que é movido continuamente pela compaixão e vai ao encontro do que está perdido. Não há medida nem limite! Sua procura é movida pelo amor e pelas suas entranhas de misericórdia.
Na terceira parábola, vemos os sentimentos de Deus que cada dia nos aguarda para celebrar a festa do retorno a casa. Não há tempo estabelecido, nem limite na “espera”. O amor de Deus supera todos nossos cálculos possíveis e procura que cada um e cada uma na sua originalidade vivam a alegria de ser seus filhos e filhas muito amados e queridos.
Neste domingo, somos convidados e convidadas a reconhecer nossas limitações e abrir nosso coração ao amor de Deus e de nossos irmãos sem ficar tranquilos e seguros nos nossos limites! Somos chamados e chamadas a arriscar o que consideramos um bem na busca do que está perdido. Ser instrumentos de reconciliação e igualdade numa sociedade desgarrada pela violência e pela injustiça.
Jesus de Nazaré
palavra sem fim
em teu nome pequeno,
carícia infinita
em tua mão de operário,
perdão do Pai
em ruas sem liturgia,
todo poderoso Senhor
em sandálias sem terras,
cume da história
crescendo dia a dia,
irmão sem fronteiras
em uma reduzida geografia.
Não és uma maiúscula
que não cabe na boca
dos mais pequenos,
mas sim pão feito migalhas
entre os dedos do Pai
para todos os simples.
Tu continuas sendo
a água da vida,
uma fonte inesgotável
na mochila rasgada
do que busca seu futuro,
um lago azul
na cavidade insone
do travesseiro,
e um mar tão imenso
que somente cabe
dentro de um coração
sem portas nem janelas.
Em ti tudo está dito,
ainda que somente sorvo a sorvo
vamos libando teu mistério.
Em ti estamos todos,
ainda que somente nome a nome
vamos sendo corpo teu.
Em ti tudo ressuscitou
ainda que somente morte a morte
vamos acolhendo teu futuro
e em cada um de nós
continuas hoje crescendo
até que todo nome,
raça, argila, credo,
culmine tua estatura.
Benjamin González Buelta
Salmos para sentir e saborear as coisas internamente
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