07 Dezembro 2017
Aplainai os caminhos do Senhor. Para atuar estas palavras, temos de recomeçar a cada dia. O que pode nos sustentar na caminhada é a oração. Reservo tempo adequado para rezar?
O 'Retiro do Advento: Vem, Senhor Jesus!' é uma proposta de Exercícios Espirituais para rezar diariamente ao longo das quatro semanas do Tempo do Advento. O material da Segunda Semana do Advento é preparado pelo padre Luís Renato Carvalho de Oliveira, para rezar individualmente ou em grupo, e disponibilizado no sítio jesuitasbrasil. A ilustração é de Cerezo Barredo.
Eis o roteiro.
Texto: Mc 1, 1-8. A voz que clama no deserto
E interessante observar que a narrativa começa definindo quem é Jesus: ó o Filho de Deus. Esta é a tese do evangelista Marcos quando escrevo o seu Evangelho. No transcorrer da narrativa, esta tese aparece em três lugares estratégicos: no inicio é o autor quem faz esta proclamação; no meio da narrativa do Evangelho é Pedro quem a faz; no final do Evangelho é o centurião.
Jesus é o Evangelho por excelência, a Boa-Nova, é a maior riqueza enviada pelo Pai. Jesus é o Filho de Deus. Ele vai se revelando e nós o vamos descobrindo, pela fé, acompanhando seus passos, sua vida e sua doutrina.
A narrativa de hoje também procura explicar o papel de João Batista no início da missão de Jesus. Ele é um personagem muito importante. A sua mensagem centraliza-se na urgência da conversão, que era expressa através do Batismo. João Batista proclama que a salvação é universal, isto é, a todos, oferecida sem exceção.
A mensagem central de João Batista é ainda hoje tão necessária quanto antigamente. Os primeiros cristãos identificaram João Batista como o mensageiro anunciado pelo profeta Isaías e como Elias que, segundo a tradição judaica, anunciava a chegada do Messias. De acordo com essa interpretação, Jesus aparece como o Messias, e João Batista corno o precursor.
A narrativa do Evangelho insiste na diferença entre o batismo de João Batista e o de Jesus: o de João era simplesmente um rito que expressava a conversão; o de Jesus era selado pelo Espírito Santo e o fogo, duas imagens que os primeiros cristãos utilizaram para descobrir a sua incorporação ativa a missão da Igreja.
O batismo de João Batista era uma preparação para o batismo cristão, que tem um caráter definitivo, expresso em imagens apocalípticas.
Texto: Lc 5, 17-26: Homem, teus pecados são perdoados.
Alguns homens carregaram um paralítico sobre uma maca e o levaram até Jesus. Estes homens são santos, solidários com seu irmão paralítico. São homens de fé que acreditam no poder de Jesus. Sua atitude enche a terra de esperança. Ainda existe quem carregue um paralítico com sua maca. Esta é a primeira coisa maravilhosa que todos viram admirados e seria suficiente, se Jesus não tivesse perdoado os pecados do paralítico. Isto teria bastado para encher o dia de alegria, mas não bastou para Jesus, que decidiu curar a paralisia daquele homem. A paralisia poderia ser consequência de algum pecado pessoal, como poderia ser consequência de algum mal social que se abateu sobre o homem. Ao separar o pecado da paralisia, Jesus mostrou que não é necessariamente causa do outro.
Texto: Lc 1, 39-47: Isabel ficou repleta do Espírito Santo.
O encontro das duas mães, em realidade, o encontro dos dois filhos. João Batista inaugura a sua missão anunciando por boca de sua mãe o senhorio de Jesus, manifestação de seu mesmo messianismo e de sua profunda relação com Deus.
A resposta de Maria à saudação de Isabel, que tradicionalmente designamos com o nome latino de "Magnificat", é um Salmo de ação de graças composto por citações e alusões ao Antigo Testamento, de forma especial ao cântico de Ana, a mãe de Samuel (1Sm 2,1-10).
Lucas nos mostra neste canto um tema de sua predileção, Deus tem piedade dos pobres. Em realidade não há aqui somente um louvor aos pobres, dos quais Maria é a representante. Os que contam aos olhos de Deus são os que passam despercebidos pelos poderes deste mundo.
Texto: Mt 11, 28-30: O Reino revelado aos simples.
Mateus reuniu aqui três sentenças de Jesus, que provavelmente tiveram a sua origem independente.
A palavra de Jesus é muito semelhante ao convite
a se tornarem discípulos da sabedoria, que lemos nos livros sapienciais: "Vinde a mim"; "Tomai meu jugo"; "Encontrareis descanso".
Esse jugo transformou-se num pesado fardo para o povo. Por isso, Jesus convida os simples para se tornarem seus discípulos, seguindo os seus passos em obediência filial à vontade do Pai.
Jesus convida a aceitar seu jugo, essa é uma imagem das exigências que derivam de sua mensagem. O seu jugo é suave, não como o da lei proposta pelos magistrados (escribas e fariseus) e sua carga é leve. Jesus convida todos a se aproximarem dele diretamente e não através da lei.
Texto: Mt 11, 11-15. Não existiu homem maior que João Batista.
Jesus faz aqui um elogio a João Batista. Mateus tenta explicar essa grandeza e humildade do Batista: ele é grande porque aponta a realização das profecias do Antigo Testamento e da Lei; pequeno, por ser apenas um precursor, um novo Elias, que pertence ainda a ordem da profecia e não da realização, isto é, não pertence ao reino de Deus, mas ao tempo da preparação do Antigo Testamento ("os Profetas o a Lei").
Ele é o novo Elias que do antigo possui o espírito e o poder e deve preparar a vinda do Senhor.
Agora que o Messias veio, começou o novo tempo no qual o recinto sagrado já está reservado aos profissionais da piedade.
A missão de João Batista é proclamar o término do tempo de esperar e o início de uma "nova história", feita por homens e mulheres "novos", renovados no Espírito.
Texto: Mt 11, 16-19: Mas a sabedoria foi reconhecida em virtude de suas obras.
A sabedoria se reconhece em suas obras. Muitas são as palavras e muitos os julgamentos. Dizem estes uma coisa e aqueles dirão o contrário. Divergimos entre nós. Temos poucas certezas, muitas opiniões e muitas interpretações. Necessitamos, por isso, da sabedoria. Dizem os filósofos que a sabedoria é o perfeito conhecimento de todas as coisas. Mas é preciso acrescentar que ela consiste em conhecer todas as coisas em vista de uma boa conduta na vida para a obtenção da felicidade, na medida do possível. Ela é humana e se adquire por experiência, e é divina, um dom especial do Espírito Santo. “Rezei, e a inteligência me foi dada, invoquei, e o espírito de Sabedoria veio a mim”, diz o Livro da Sabedoria. Neste tempo do Advento, a sabedoria é o próprio Filho de Deus que vem até nós. Concede-nos saborear algo do próprio Deus e com o gosto das coisas do alto decidir espontaneamente pelo que é melhor. São muitas as opiniões e não há tempo para errar. Animados e iluminados pelo Espírito do Senhor Jesus, queremos acertar o caminho para chegarmos ao fim que nos propusemos.
A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.
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Segunda Semana do Advento: Vem, Senhor Jesus! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU