08 Dezembro 2017
Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus. Está escrito no livro do profeta Isaías: “Eis que eu envio o meu mensageiro na tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas”. E foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. Toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao encontro de João. Confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão.
João se vestia com uma pele de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre. E pregava: “Depois de mim, vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as suas sandálias. Eu batizei vocês com água, mas ele batizará vocês com o Espírito Santo”.
Leitura do Evangelho segundo Marcos 1,1-8 (Correspondente ao segundo domingo de Advento do Ano litúrgico, ciclo B do Ano Litúrgico)
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Na semana passada iniciou-se o começo do tempo de Advento. É um tempo de esperança, de confiança no Senhor que vem, de ficar atentos aguardando sua chegada.
A primeira palavra do Evangelho de hoje é “começo”. A palavra começo evoca-nos as primícias de algo novo que irá acontecer, uma vida que vai nascer, ou também o início de um projeto, a abertura de uma casa, de uma universidade, de uma fundação. Se pensarmos, o conceito “arje”, em grego, nos orienta aos inícios da humanidade.
Estamos num começo, no início de uma nova realidade que nos aguarda. No grego o termo “arje” não somente simboliza o começo de um texto, senão também de uma realidade mais profunda. Designa a origem e aquilo que fundamenta a existência de uma nova realidade.
Às vezes a nossa vida cotidiana está cheia de “começos”, mas nem sempre é fácil aprofundar essa origem, podemos ficar somente com as pequenas e variadas iniciativas que aparecem.
A narrativa nos posiciona na origem de uma nova realidade e convida-nos a perguntar-nos qual é essa nova realidade. O texto continua: “Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus”.
Estamos sendo introduzidos nas origens de uma Boa Notícia que é Jesus, na sua alegria, na sua vida. Mas quem é Jesus? Para os judeus é o Messias, ou seja, o Ungido de Deus, e universalmente é o Filho de Deus. Como disse Paulo, nas suas Cartas, “Esse Evangelho se refere ao Filho de Deus que, como homem, foi descendente de Davi, e, segundo o Espírito Santo, foi constituído Filho de Deus com poder, através da ressurreição dos mortos: Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 1,3-4). “Deus, a quem sirvo em meu espírito anunciando o Evangelho do seu Filho, é testemunha de que sem cessar me lembro de vocês” (Gl 1,9).
Neste tempo de Advento somos convidados a preparar-nos para o Natal, o nascimento da Boa Notícia no meio de nós. Essa Boa Notícia é Jesus. Seu nascimento, ou seja, o Natal é a origem dessa Boa Noticia que se desenvolve durante toda sua vida.
É um acontecimento único na história da humanidade, que sinala um “antes” e um “depois”. Neste tempo somos todos e todas convidados a participar desta nova realidade, que não é um acontecimento que sucedeu há mais de dois mil anos, mas cada ano pode suceder de novo.
Nas nossas vidas, nas comunidades, na Igreja e no mundo em geral acontece de novo? Ou corremos o risco de ficar numa celebração externa, cheia de alegria, de cores e de vida, mas aos poucos tudo continua igual?
Celebramos o nascimento de Jesus, o princípio da Boa Notícia que traz uma Vida Nova. Para reconhecê-la devemos esclarecer nosso olhar e afinar nosso ouvido!
Por isso é preciso seguir as indicações do mensageiro enviado pelo Senhor, que está na nossa frente e ajuda-nos a preparar seu caminho e endireitar suas estradas. A primeira atitude sinalada é desejar que isto aconteça! Logo acudimos ao deserto, escutar no silêncio a voz que está gritando. É um silêncio interior que nos leva a reconhecer aquilo que impede de afinar nosso ouvido e nos escraviza num barulho interior que gera confusão.
Então, nos dirigimos ao deserto, escutamos seus conselhos, reconhecemos nossos pecados, atitudes que habitam em nós e nos atrapalham e escravizam.
Somente assim nos vamos preparando para discernir o caminho para transitar e assim preparar-nos para sua Vinda. Deixemo-nos submergir nas águas do Espírito que nos purifica e nos introduz progressivamente numa Vida nova!
Jesus de Nazaré,
que Deus nos revelaste?
Não construíste uma arca como Noé
para salvar-te com os justos.
Não edificaste como Salomão
um templo morada de Javé.
Não conduziste como Moisés
um povo à terra prometida.
Não tiveste como Abraão
uma constelação de descendentes.
Tu, Jesús
afogado no dilúvio
vida derramada pelas ruas,
templo desmoronado
em teu corpo indefeso,
geografia sem fronteiras
e sem punho proprietário,
povo universal
latejando em todo sangue
que Deus nos revelaste?
Jesus de Nazaré
limitado e corporal,
universal e justiçado,
o único futuro
tão presente,
que Deus nos revelaste?
Benjamin González Buelta
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