01 Dezembro 2017
“Prestem atenção! Não fiquem dormindo, porque vocês não sabem quando vai ser o momento. Vai acontecer como a um homem que partiu para o estrangeiro. Ele deixou a casa, distribuiu a tarefa a cada um dos empregados, e mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiem, portanto, porque vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; pode ser à tarde, à meia-noite, de madrugada ou pelo amanhecer. Se ele vier de repente, não deve encontrá-los dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos: Fiquem vigiando.”
Leitura do Evangelho segundo Marcos 13, 33-37. (Correspondente ao Primeiro Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
No domingo passado celebramos a Solenidade de Cristo Rei com a leitura do capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Nele Jesus ensina-nos que ele está presente em cada gesto de amor, de ternura, de compaixão que temos com os irmãos: “eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Somos chamados a realizar o bem aos nossos irmãos.
Hoje iniciamos um novo ano litúrgico. Cada ano litúrgico começa com o Advento - palavra que significa "vinda, chegada", a chegada de Jesus Messias na festa de Natal que é a comemoração de seu nascimento. É um tempo de preparação para o encontro do Senhor, Aquele que sempre vem...
Nos diferentes momentos do Ano litúrgico, participamos da vida de Jesus junto com os discípulos e discípulas. Hoje podemos perguntar-nos por que neste momento a Igreja coloca este texto para ler e aprofundar?
Devemos aqui deter-nos, a fim de entendermos um pouco melhor o significado das diferentes vindas de Cristo.
No Natal celebramos a Vinda de Jesus que “se fez homem e habitou entre nós”. Ele é o Filho de Deus, enviado pelo Pai, que veio até nós em Jesus de Nazaré, nascido de uma mulher, Maria, a fim de que por ele e nele recebêssemos a adoção filial (cf Gl 4,4).
Nas primeiras semanas do Advento, Jesus prepara-nos para viver sempre na sua presença e por isso ensina-nos as atitudes necessárias.
No primeiro século os cristãos aguardavam com muita ansiedade a Vinda do Senhor. Consideravam que seria no imediato e não entendiam por que não acontecia. Qual era o motivo da sua demora? No decorrer dos anos eles irão compreendendo que sua Vinda não é imediata. Junto com a criação, todos aguardamos ansiosos a revelação dos filhos de Deus (Rm 8,19).
A leitura de hoje convida-nos a viver numa atitude de vigilância, de espera, descobrindo sua presença no meio de nós nas diferentes formas que ele se faz presente. Para isso é preciso viver numa atitude desperta, não se deixar enganar com a tentativa do sono, da distração. Pelo contrário, Jesus continuamente fala da necessidade de estar atentos, de vigiar e viver alerta.
É necessário sair do sono dos costumes quotidianos e permanecer vigilantes. Às vezes, a desesperança começa a fazer parte de nossa vida lentamente, quase sem que o percebamos. Aos poucos deixamos de lembrar o objetivo inicial, e o sono do imediato, das atividades ordinárias, apaga nossa alegria, entusiasmo, criatividade ou os desejos mais profundos que habitam no nosso interior, nas nossas famílias ou comunidades.
Convida-nos a viver de olhos abertos e ouvidos atentos para descobrir a passagem de Jesus no meio de nós: “Não fiquem dormindo”, “ficar vigiando”, “vigiem”, “Fiquem vigiando”.
Jesus é Aquele que vem continuamente. Sua vinda representa, para cada um de nós, uma realidade atual: Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo (Ap 3, 10).
Em muitas oportunidades o desânimo toma parte de nossa vida e de nossas culturas, seja no nível religioso, cultural, social ou político. Jesus justamente está nos convidando a viver com esperança e com entusiasmo o tempo presente sem deixar-nos abater pelo desânimo.
A esperança naquilo que é desejado e ainda não se conhece, como por exemplo, o nascimento de uma criança, e acompanhado do desejo ansioso de que aconteça, mas também incerteza, inquietude.
No Advento somos convidados a reavivar nossa esperança, que nossos ideais ressurjam. Deus faz aliança conosco. Somos os seus parceiros.
Por isso no tempo da chegada de Deus até nós, colaboramos com ele para realizar a nossa parte da aliança: justiça social, pão e direitos para todos; transformar as estruturas injustas de nossa sociedade; endireitar as relações com os nossos semelhantes, empenhar a nossa vida por nos tornarmos mutuamente irmãos de verdade, felizes, consolados, amparados ...
Estou realmente à espera da visita do Senhor? Como imagino que ela será? Que sentimentos desperta em meu coração a promessa de sua vinda?
Atendamos, pois, ao convite de Deus e da Igreja, renovando neste Advento a nossa esperança. A esperança cristã é ativa, em movimento. À espera do Deus que vem, suplicamos ansiosos a sua vinda - Venha a nós o vosso Reino! – colocando-nos à disposição, para que, através de nós, o sonho que é seu e que fazemos nosso, finalmente aconteça!
Espera
Esperarei que cresça
a árvore,
e me dê sombra.
mas abonarei a espera
com minhas folhas secas.
Esperarei que brote
o manancial
e me dê água.
mas limparei meu leito
de memórias enlameadas.
Esperarei que surja
a aurora,
e me ilumine.
mas sacudirei minha noite
de prostrações e sudários.
Esperarei que chegue
o que não sei,
e me surpreenda.
mas esvaziarei minha casa
de tudo que é esclerosado.
E ao abonar a árvore,
limpar o leito,
sacudir a noite,
e esvaziar a casa,
a terra e o lamento
se abrirão à esperança.
Benjamin González Buelta
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Um tempo de esperança - Instituto Humanitas Unisinos - IHU