01 Julho 2016
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 10,1-12.17.20 que corresponde ao 14° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
No Brasil, celebra-se a Solenidade de Pedro e Paulo.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
Lucas recolhe no seu evangelho um importante discurso de Jesus, dirigido não aos Doze, mas a outro grupo numeroso de discípulos aos quais envia para que colaborem com Ele no seu projeto do reino de Deus. As palavras de Jesus constituem uma espécie de carta fundacional onde os seus seguidores devem alimentar-se na sua missão evangelizadora. Realço algumas linhas mestras.
«Ponham-se a caminho»
Mesmo que o esqueçamos, duma e outra vez, a Igreja está marcada pelo envio de Jesus. Por isso é perigoso concebê-la como uma instituição fundada para cuidar e desenvolver sua própria religião. A imagem de um movimento profético que caminha pela história segundo a lógica do envio responde melhor ao desejo original de Jesus: sair de si mesmo, pensando nos outros, servindo ao mundo a Boa Nova de Deus. «A Igreja não está aí para si mesma, mas para a humanidade» (Bento XVI).
Por isso, hoje, é tão perigosa a tentação de nos voltarmos sobre os nossos próprios interesses, o nosso passado, as nossas aquisições doutrinais, as nossas práticas e costumes. Mais ainda, todavia, se o fazemos endurecendo a nossa relação com o mundo. Que é uma Igreja rígida, anquilosada, encerrada em si mesma, sem profetas de Jesus nem portadores do Evangelho?
"Quando entrarem numa cidade... curem os doentes que nela houver e digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!"
Esta é a grande notícia: Deus está próximo de nós animando-nos a fazer mais humana a nossa vida. Mas não basta afirmar uma verdade para que seja atrativa e desejável. É necessário rever a nossa atuação: que é que pode levar hoje as pessoas até ao Evangelho? Como podem captar Deus como algo novo e bom?
Seguramente, falta-nos amor ao mundo atual e não sabemos chegar ao coração do homem e da mulher de hoje. Não basta predicar sermões desde o altar. Temos que aprender a escutar mais, acolher, curar a vida dos que sofrem... só assim encontraremos palavras humildes e boas que aproximem esse Jesus cuja ternura insondável nos coloca em contato com Deus, o Pai Bom de todos.
«Quando entrarem numa casa, digam primeiro: Paz a esta casa»
A Boa Nova de Jesus comunica-se com respeito total, desde uma atitude amistosa e fraterna, contagiando paz. É um erro pretender impor a partir da superioridade, da ameaça ou do ressentimento. É antievangélico tratar sem amor as pessoas só porque não aceitam a nossa mensagem. Mas, como o aceitarão se não se sentem compreendidos por aqueles que se apresentam em nome de Jesus?
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