24 Outubro 2018
Uma mulher grávida que “todos os dias toca a barriga para acariciar seu bebê”, que “está esperando a criança, vive esperando esse filho”, imaginando seus olhos, seu sorriso, o encontro com ele. Com esta imagem o Papa Francisco exemplificou a esperança cristã: viver em função de um encontro: o encontro com Cristo.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 23-10-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
Esta esperança, afirmou o Papa na homilia durante a missa matutina de hoje, terça-feira, 23 de outubro de 2018, na capela da Casa Santa Marta, “não é algo abstrato”, mas que ensina a sabedoria de saber se alegrar com os “pequenos encontros da vida com Jesus”, que acontecem “na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida comunitária”.
O Pontífice refletiu, segundo informou Vatican News, sobre o Evangelho de hoje, que fala do patrão quando volta das bodas: “sempre é um encontro com o Senhor, algo concreto”, recordou Bergoglio.
“Me vem à mente”, afirmou, “quando penso na esperança, uma imagem: a mulher grávida, a mulher que espera um bebê. Vai ao médico, a ecografia lhe mostra: “Ah, sim, o menino… Está bem…”. Não! Está alegre! E todos os dias toca sua barriga para acariciar a essa criança” e vive esperando esse filho. “Esta imagem – acrescentou – pode nos fazer entender o que é a esperança: viver para esse encontro. Essa mulher imagina como serão os olhos do filho, como será o sorriso, como será, loiro ou moreno… mas imagina o encontro com o filho. Imagina o encontro com o filho”.
Mas eu, como cristão, convido o Papa a se perguntar, “espero assim, concretamente, ou espero de modo um pouco vago, um pouco gnosticamente?”. A esperança é concreta, é de todos os dias porque é um encontro: “Cada vez damos um passo a mais até este encontro definitivo”. Precisamos ser sábios para “sabermos nos alegrar com os pequenos encontros da vida com Jesus, preparando esse encontro definitivo”, disse o Papa.
Também refletiu sobre a primeira Leitura de hoje, da Carta de São Paulo aos Efésios, que fala de “cidadania e herança”. Ter-nos convertido em “cidadãos” “é um presente que Deus nos deu”, e consiste em nos ter dado “um documento de identidade”, comentou o Papa Francisco. “Nossa identidade – acrescentou – é precisamente esta condição de sermos curados pelo Senhor, sermos construídos em comunidade e termos o Espírito Santo dentro de nós”.
Com esta segurança de ser “concidadãos”, Deus “nos faz caminhar” rumo à herança: é “o que nós buscamos em nosso caminho, o que receberemos no final”. Mas é preciso buscá-la a cada dia e o que nos leva adiante no caminho de nossa identidade até a herança é precisamente a esperança, “talvez quanto menor for a virtude, mais difícil pode ser sua compreensão”.
“Viver na esperança é caminhar, sim, até um prêmio, até a felicidade que não temos aqui, mas que teremos além…”, concluiu o bispo de Roma. “É uma virtude difícil de entender. É uma virtude humilde, muito humilde. É uma virtude que nunca decepciona: se tu esperas, nunca estarás desiludido. Nunca, nunca. E também uma virtude concreta. ‘Mas, como pode ser concreta, se eu não conheço o Céu ou o que me espera?’. A esperança, nossa herança, que é a esperança em algo, não é uma ideia, não é estar em um lugar bonito… não. É um encontro”.