23 Outubro 2018
"E então estaríamos na condição de conseguir um discernimento cuidadoso e chegar a uma escolha o menos apaixonada possível. É tempo de fazer esse apelo para olhar a realidade e as propostas dos candidatos deste segundo turno, fazendo uma opção adulta", escreve Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.
Acabo de ver Fernando Haddad no Roda Viva. Que dimensão de estadista, segurança, domínio da realidade política e econômica. Não dá nem para comparar com o outro candidato, de afirmações toscas e vagas, querendo apagar outras em seu passado autoritário e incapaz de entrar num debate. É o que me ocorreu imediatamente depois do programa.
Será que as pessoas de boa vontade, com um mínimo de discernimento, superando preconceitos, abrindo-se ao contraditório, não conseguem entender diferenças tão claras e evidentes? Ou as paixões obscurecem tudo e entramos num terreno onde domina a irracionalidade? Temos de fazer um apelo ao bom senso, não aceitando rancores e frases feitas, inclusive também do lado que apoia Haddad, e que ficam muitas vezes na mesma atitude do adversário, apenas com o sinal trocado. Como pôr para fora, estrojetar o autoritário que todos podemos ter escondido na parte mais obscura de nossa consciência? Aí precisaríamos procurar alcançar uma mente aberta, para saber avaliar propostas e medi-las com as outras. Não é fácil. É um tempo de apelar, repito, ao bom senso. Não afoguemos nossos julgamentos em clichês simplificadores e enganosos.
O que me vem à mente é simplesmente isso: deixar de lado preconceitos e estar abertos às posições diferentes, louváveis desde sensatas, ouvindo-as com atenção. Tendo a capacidade de rever as nossas. Isso é o que ensina uma pedagogia democrática que aposta na convivência e na escuta do diferente.
E então estaríamos na condição de conseguir um discernimento cuidadoso e chegar a uma escolha o menos apaixonada possível. É tempo de fazer esse apelo para olhar a realidade e as propostas dos candidatos deste segundo turno, fazendo uma opção adulta. Faço confiança em que nós, inclusive eu, possamos deixar de lado a prioris ideológicos enganadores. O Brasil precisa disso nesta véspera eleitoral. Não nos deixemos embalar por opiniões de pesquisas, mas acreditemos em nossa própria capacidade de julgar. Assim faremos um ato de cidadania ativa. Bom voto adulto e responsável dia 28.
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Um apelo ao bom senso, como no sermão aos peixes do Padre Antonio Vieira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU