19 Outubro 2018
Aurelio Peccei: Limitar-se a reduzir na metade do século as emissões de carvão, petróleo e gás levaria a um aumento de temperatura duplo em relação ao máximo aceitável. E a agricultura intensiva é um dos principais culpados.
A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicada por La Repubblica, 18-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Estamos indo na direção errada. A estrada em que viajamos nos leva a um aumento da temperatura global de 2,5 graus na virada do século. É muito acima do aumento máximo que os governos de todo o mundo estabeleceram em Paris, em dezembro de 2015. Aquela conferência havia sido organizada porque os climatologistas tinham explicado que 1,5-2 graus acima dos valores pré-industriais é a barreira a não ser superada para defender os ecossistemas dos quais depende a sobrevivência da humanidade. E esse limite foi assinado por todos os estados. Se tirarmos o grau de aumento que já acumulamos nos dois últimos séculos, com as consequências que estão diante dos olhos de todos, nos sobram cerca de 0,75 graus (a média entre 0,5 e 1). Assim, atingir um aumento de 1,5 graus em relação à temperatura atual significaria dobrar a onda máxima de calor considerada aceitável nas próximas décadas.
O alarme foi divulgado pelo próprio think tank de economistas e cientistas que exatamente meio século atrás deu vida ao Clube de Roma criado por Aurélio Peccei. O relatório que o Clube de Roma publicou em 1972 (Os limites do desenvolvimento) foi a base de uma visão moderna de ambientalismo, mas foi acusado de tendências catastróficas. A partir dos trabalhos científicos apresentados durante os três dias de trabalho para o cinquentenário, resulta, ao contraio, que por uma série de indicadores (a tendência da população, da produção industrial, da disponibilidade de recursos) as previsões provaram ser exatas. Para a disponibilidade de alimentos per capita e para a poluição, o relatório de 1972, em vez disso, pecou por otimismo: a situação foi um pouco pior do que as estimativas.
No entanto, existe uma solução disponível. Felizmente, a evolução da tecnologia teve uma aceleração que levou a uma queda dos preços das fontes renováveis e a grandes potencialidades de aumento da eficiência energética. Portanto, propõe o Clube de Roma, é preciso zerar (não reduzir pela metade) os combustíveis fósseis até meados do século. Como? Cobrando dos poluidores, isto é, colocando um preço nas emissões de dióxido de carbono. E eliminando - sugere Anders Wijkman, membro da Academia sueca das Ciências - os subsídios ao petróleo, carvão e gás: 600 bilhões de dólares por ano para serem reutilizados para o desenvolvimento de fontes renováveis.
"Interromper o uso de carvão, de petróleo e de gás nos próximos 32 anos é necessário para resolver a crise", disse Jorgen Randers, o acadêmico norueguês especialista em estratégia climática da Norwegian Business School que colaborou em todos os relatórios do Clube de Roma. "Será difícil, mas é o único caminho para manter o crescimento da temperatura mundial no limite de 1,5 graus".
O outro caminho a percorrer é uma profunda transformação do modelo agrícola atualmente baseado em um uso generalizado de combustíveis fósseis e química sintética.
Se somarmos aos custos de produção também a perda de riquezas naturais e de biodiversidade, verifica-se surpreendentemente - afirma o último relatório do Clube de Roma - que entre as atividades com maior impacto ambiental figuram a pecuária e o cultivo de trigo: "A agricultura revela-se o negócio mais caro e com margens de lucro dramaticamente negativas".
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Clube de Roma: Até 2050 precisamos parar o uso de combustíveis fósseis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU