27 Setembro 2018
É “comovente”: é preciso parar para refletir sobre a violência de que o ser humano é capaz. “Até que ponto pode chegar a crueldade. Pensemos nisso”, são as palavras que o Papa Francisco utilizou durante a audiência geral de 26 de setembro de 2018, na qual recordou os momentos mais importantes de sua viagem aos países bálticos, lugares que viveram “sob o jugo das ocupações, primeiro nazista e depois soviética”. O Pontífice também falou sobre a carta aos católicos chineses, expressando seu desejo de “uma nova fase, que ajude a curar as feridas do passado”.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por Vatican Insider, 26-09-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
No dia seguinte de seu regresso a Roma da Lituânia, Letônia e Estônia, Francisco já estava na Praça de São Pedro para a Audiência Geral das quartas-feiras. Em torno de 18 mil fieis, segundo os dados da Prefeitura da Casa Pontifícia, estavam presentes. Francisco chegou à Praça no “papa-móvel” e deu uma volta entre os peregrinos, saudando e abençoando os fiéis.
Depois se referiu à viagem apostólica que fez à Lituânia, Letônia e Estônia, de onde voltou na noite anterior. Francisco explicou que realizou a visita por ocasião do centenário da independência dos três países, que sofreram sob o jugo das ocupações, primeiro a nazista, e depois a soviética, e agradeceu aos presidentes das três Repúblicas e às autoridades civis pela acolhida que recebeu, além disso, demonstrou sua gratidão a todos os bispos e a aqueles que colaboraram para a preparação deste evento.
“Agora que gozam de liberdade – afirmou – minha missão foi anunciar a eles novamente a alegria do Evangelho e a revolução da misericórdia e da ternura, porque para dar sentido e plenitude à vida, além da liberdade, é indispensável o amor que vem de Deus”. E recordou que o Evangelho, que no tempo da provação dá forças e anima a luta para a libertação, no tempo da liberdade é luz para o caminho cotidiano das pessoas, das famílias, das sociedades, e sal que dá sabor à vida comum e a preserva da corrupção da mediocridade e dos egoísmos.
Destacando o caráter ecumênico da visita a estes países – dois deles predominantemente luteranos e ortodoxos – o Papa expressou que o desafio foi reforçar a comunhão entre todos os cristãos.
“Durante esta viagem – contou em espanhol –, com marcado caráter ecumênico, me encontrei com muitas pessoas. Em Vilnius, recordei aos jovens sobre a importância do diálogo entre as gerações, e em Riga, enfatizei aos mais velhos a estreita relação que existe entre a paciência e a esperança. Também aos sacerdotes, consagrados e seminaristas, manifestei que é indispensável estarem centrados em Deus e arraigados em seu amor, mantendo viva a memória dos mártires, para seguir seu exemplo e serem testemunhas da esperança. Tão pouco me faltou a oportunidade para honrar as vítimas do genocídio judeu na Lituânia e das perseguições a todos os cidadãos”.
Às “autoridades dos três países – afirmou em italiano – pus o acento na contribuição que dão à comunidade das nações e especialmente à Europa: a contribuição dos valores humanos e sociais passados pelo crisol da provação”. E acrescentou que na visita ao Museu das Ocupações e das Lutas pela Liberdade se deteve em oração nos locais onde eram presos, torturados e assassinados os opositores do regime: “Assassinavam cerca de quarenta a cada noite. É comovente ver até que ponto pode chegar a crueldade humana. Pensemos nisso”, exortou.
“Estas três Nações – prosseguiu – são unidas por uma forte devoção mariana. Por isso, nas três celebrações eucarísticas, o santo Povo fiel de Deus que peregrina nessas terras, renovou com Maria seu ‘sim’ a Jesus Cristo, suplicando à Mãe de Deus que continue protegendo e acompanhando seus filhos nestes momentos de sua história”.
Na audiência geral o Papa também se referiu à assinatura do Acordo provisional entre a Santa Sé e a República Popular da China sobre a nomeação de bispos na China, do último sábado, dia 22 de setembro, e anunciou que hoje será publicada uma mensagem dirigida aos católicos chineses e a toda a Igreja universal.
“O Acordo – disse – é o resultado de um longo e ponderado caminho de diálogo, destinado a fomentar uma colaboração mais positiva entre a Santa Sé e as Autoridades chinesas para o bem da comunidade católica na China e para a harmonia de toda a sociedade. Com este espírito decidi dirigir aos católicos chineses e a toda a Igreja universal uma Mensagem de fraterno encorajamento, que será publicada hoje”.
Com a esperança de que com ela “se possa abrir uma nova fase na China, que ajude a curar as feridas do passado, a restabelecer e manter a plena comunhão de todos os católicos chineses e a assumir com compromisso renovado o anúncio do Evangelho”, o Papa exortou a acompanhar com oração e amizade nossos irmãos e irmãs chineses: “Queridos irmãos e irmãs, temos uma tarefa importante! Somos chamados a acompanhar com fervorosa oração e amizade fraterna nossos irmãos e irmãs na China. Eles sabem que não estão sozinhos. Toda a Igreja reza com eles e por eles. Pedimos à Virgem, Mãe da Esperança e Auxílio dos Cristãos, que abençoe e guarde todos os católicos na China, enquanto que para todo o povo chinês invocamos de Deus o dom da paz”.
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“Até que ponto pode chegar a crueldade humana. Pensemos nisso”, insiste o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU