O Papa queria recebê-los no território do Vaticano, em seguida, o mandato aos bispos

Basílica de São Pedro. | Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Agosto 2018

O Vaticano estava pronto inclusive para montar um campo de refugiados. Em seu território, em Santa Maria de Galeria, a poucos quilômetros de Roma, onde existem antenas de rádio abandonadas da Rádio Vaticano. Então, em uma reunião convocada de emergência na sexta-feira na Santa Sé, decidiu-se que a colocação dos imigrantes do navio Diciotti ficaria a cargo da Conferência Episcopal Italiana, o que significa os bispos e as estruturas da diocese no território italiano. O Papa Francisco deu luz verde antes de partir para Dublin.

A reportagem é de Goffredo De Marchis, publicada por La Repubblica, 26-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

O projeto do Pontífice sobre a questão dos refugiados tem contornos ainda mais ambiciosos. Um plano de acolhimento autônomo já está em preparação há algum tempo. A história do navio parado em Catânia só acelerou os tempos. Com números pequenos, a Igreja pretende tornar-se o estado soberano com o maior número de refugiados acolhidos em relação à população. Já com a decisão de ontem, uma nação que tem 1000 habitantes, terá uma cota de mais de 10 por cento de refugiados. Um tapa moral na Itália e em todos os países europeus, tão pouco solidários, tão indecisos sobre o fenômeno da migração. Matteo Salvini tratou com o braço direito do presidente da CEI, Gualtiero Bassetti. Mas a gestão do acordo ocorreu sob a supervisão do secretário de Estado Pietro Parolin.

Além disso, na Eritreia, o primeiro credo religioso é o cristão copta. A Santa Sé cultiva há muito a ideia de envolver-se em primeira pessoa, isto é, disponibilizar suas próprias fronteiras. Para o campo em Santa Maria de Galeria já tinha feito arranjos para a organização, com a ACNUR, o órgão para os refugiados da ONU. Por razões diplomáticas, decidiu-se deixar a tarefa para a CEI, ou seja, os bispos italianos. Mas o Vaticano, como Estado, já começou um confronto dentro da União Europeia para distribuir os imigrantes em outros países. Em particular, existem contatos iniciados com a França e a Espanha, países onde a Igreja e seus bispos têm bastante peso. Seria um grande paradoxo se Paris e Madrid, depois de ter recusado acordos com Conte e Salvini, dissessem sim a Francisco. O papa vem acompanhando de perto a negociação. Foi ele a quebrar o impasse ao longo dos últimos dias, dizendo: "Vamos hospedá-los, não podem mais ficar lá." E assim foi. Sem resistência, a não sem sobre a melhor solução logística. Além disso, mesmo as comunidades laicas da Igreja, como Santo Egídio, estão empenhadas no acolhimento e são promotoras de uma iniciativa para os corredores humanitários, ou seja, para um fluxo controlado de migrantes. Agora, porém, a Igreja acabou com as dúvidas e está acolhendo diretamente.

Leia mais