22 Agosto 2018
É preciso conhecer a verdade. E lembrar que o caminho é sempre acolher e ajudar o irmão e irmã migrante que sofre. Porque não sabemos no amanhã que será migrante nessa mesma situação.
(Foto: Mayke Toscano)
A motosserra é uma lady perto do correntão. É o método mais usado em desmatamento ilegal, pois é curto e grosso. Além disso, o serviço pode ser contratado pela Internet.
São dois tratores amarrados por uma grossa corrente que põem tudo abaixo - e mata os animais no caminho. E o freguês ainda ganha dicas de como fugir da fiscalização. Enquanto a Câmara discute proibição da prática, o correntão segue destruindo.
Via De Olho Nos Ruralistas
#EmNomeDeQuê #Correntão #DesmatamentoZero
O abraço de Thompson TRF4 Flores no general de pijama deixou claro, para quem ainda tivesse dúvida, que Bolsonaro é o candidato da Lava-Jato.
Alckimn confessa ter convidado Kátia Abreu para vice. Seria a chapa Chuchu com Agrotóxico!
Um dado interessante na pesquisa do Ibope e que desmente boa parte do discurso de nossa bolha.
O voto em Bolsonaro cresce com o grau de escolaridade (é de 8% em quem tem até a 4° série e vai a 23% para quem fez faculdade) e com a renda (10% para quem ganha um salário mínimo e sobe para 30% para quem ganha acima de 5 salários mínimos).
Para refletir.
Vi um vídeo interessante no YouTube onde a repórter busca conhecer o eleitor "raiz" do Bolsonaro. Gente de movimentos de direita organizada.
Um primeiro dado é que eram, em geral, jovens e pobres.
Outro dado interessante é que as críticas à esquerda se concentravam no feminismo (aborto, mercado de trabalho), movimento negro (cotas, politicamente correto) e LGBT (suposta erotização da infância, direitos iguais).
Um dos entrevistados chega a dizer que concorda com a esquerda de que tem que privilegiar o trabalhador e os mais pobres.
Ou seja, me parece que a centralidade do debate (tanto para a esquerda quanto para a direita) está nas chamadas pautas identitárias.
Assisti ontem à sabatina com Guilherme Boulos na Carta Capital. Tenho assistindo a quase todos os eventos que a campanha transmite pela internet, que não são poucos.
Amigos do PSOL, sinto muito, mas não vou deixar de dizer o que penso: considero Boulos o pior candidato de esquerda a Presidente que já vi em 35 anos acompanhando política em meia dúzia de países. Jamais vi tal combinação de postura fake, santimônia, arrogância, desconhecimento das especificidades regionais brasileiras, falta de história no partido que o alberga, subserviência total a outro candidato e ignorância sobre como funciona um orçamento, tudo isso aliado àquela retórica de que duas ou três medidas - que passariam no parlamento deus sabe como - resolveriam o problema do caminhão de dinheiro que seria necessário para ele implementar o que diz querer.
Quando a candidatura foi lançada, eu coloquei aqui uma entrevista de Boulos à Revista Época, de 2014, em que ele repetia a ladainha da "auditoria da dívida", que supostamente liberaria vultuosas quantias para programas sociais. Economistas do PSOL vieram aqui e garantiram que ele havia aprendido que "auditoria da dívida" é pouco mais que um hoax de internet e que não mais repetiria aquilo. Repetiu-a outro dia, em uma sabatina com Reinaldo Azevedo.
Eu poderia, em tese, dar um voto de protesto a Sônia Guajajara para Presidente do Brasil. Em Boulos, nem pensar. Não se trata de que eu não acredito no que ele diz. É pior ainda: eu não acredito que ele acredite no que diz.
Dados impressionantes da pesquisa Ibope em um recorte específico: Bolsonaro, 32%; Lula, 17%; Ciro, 11%; Alckmin, 11%; Marina, 9%; Haddad e Álvaro Dias, 4%.
Impressionado? Pois é. Trata-se da pesquisa para o grupo com renda familiar acima de cinco salários mínimos. (Não dez, vinte, cinquenta. Cinco salários.)
Na medida em que diminui a renda caem os votos em Bolsonaro e aumentam os de Lula. Significativo também que ele não penetra no Nordeste, onde Lula lidera fácil e o capitão é ultrapassado por Marina e (tecnicamente empatado) Ciro.
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Poderíamos supor que, diante da truculência do candidato, se trata de um vale-tudo de classes, mais do que uma luta. Mas cinco salários mínimos não transformam alguém num detentor do capital, certo?
E então: por que essas pessoas votam em Bolsonaro? Mais especificamente: por que esses homens brancos com mais de cinco salários mínimos de renda (já que entre mulheres a intenção de voto nele despenca) ameaçam o Brasil com esse candidato racista?
Porque se sentem ameaçados. Por algo. Pelas mulheres? Por bandidos específicos (pobres, negros), enganados pelo discurso do capitão? Pela multidão de pobres que poderia retirar deles parte dessa renda?
Ou tudo isso junto?
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O fato é que esses senhores veem Bolsonaro como espelho.
E, observem, eles não são o dono da Riachuelo, ou o fazendeiro da Sociedade Rural Brasileira. Apenas uma porcentagem menor tem esse dinheiro todo. Trata-se do comerciante da esquina, do funcionário público. Do Sul, Sudeste, Centro-Oeste.
Conclusão terrível em relação a esse público: não há como negar nele uma tendência fascista. Supremacista.
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A boa notícia é: entre os mais jovens (18 a 24 anos) a tendência de votar em Bolsonaro é menor que a da faixa seguinte (25 a 34 anos).
O que pode significar (tomando também os dados do Nordeste, onde a taxa de natalidade é mais alta) que, pensando nas eleições de 2022, 2026, o capitão pode ter somente uma bala no cartucho.
(Em tempo: já passou da fase de estarmos "promovendo Bolsonaro" ao falar dele. Se não estivéssemos talvez ele já tivesse ido parar nos 30% ou 40%. Não dá mais para assistir a esse fenômeno de camarote.)
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Precisamos resistir. Mostrar às mulheres que estão indecisas, aos pobres que estão indecisos, aos nordestinos indecisos que esse candidato (despreparado, enganador, mentiroso) não está nem aí para eles - e para elas.
A disputa é nessas faixas. Esqueçam de tentar convencer o tio rentista, aquele primo dentista. Não é com eles que escaparemos desse precipício.
Chegava a ser comovente o desespero com que a jornalista-de-política da RBS, hoje de manhã, tentava convencer o ouvinte da rádio Gaúcha (e talvez, antes de tudo, a si mesma) que a pesquisa eleitoral que dá Lula em primeiro lugar disparado é só "o retrato de um momento", que até as eleições "tudo pode mudar" e "quem hoje está em terceiro ou quarto pode vencer". "Já vimos muitos casos assim. Começa a campanha e o favorito começa a descer." Só não disse a parva que a campanha, para valer, já começou há muito tempo, e que Lula, mesmo preso (ou PORQUE preso), não para de subir.
Uma sede infinita...
Interessante uma comparação que pode ser feita entre Rilke e Etty Hillesum. A jovem mística holandesa escreve em seu diário, numa manhã de domingo - 12 de julho de 1942 -: "Vou ajudar-te, Deus, a não me abandonares, apesar de eu não poder garantir nada com antecedência". E ela busca agradar a Deus de todas as formas: "E hei-de trazer-te todas as flores que encontre pelo caminho, meu Deus, e a sério que são muitas. Hás-de ficar sinceramente tão bem instalado em minha casa quanto é possível".
Rilke também manifesta o temor de perder a Deus. E canta num de seus versos:
"Se tantas vezes te importuno, ó Deus meu vizinho,
batendo forte à tua porta na noite extensa,
é porque te ouço respirar, da tua presença
sei: estás na sala, sozinho.
Se de algo precisares, não há ninguém ali
que possa te trazer um gole d´água sequer.
Vivo sempre à escuta. Dá-me um sinal qualquer.
Estou bem perto de ti"
(Rainer Maria Rilke. Poemas. 2 ed. Companhia das Letras, 2012, p. 59 - tradução de José Paulo Paes)
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