23 Mai 2018
La Croix fala com o Irmão Michel Van Aerde OP, fundador da Domuni, uma universidade dominicana on-line.
A entrevista de Joséphine Kloeckner, publicada por La Croix International , 18-05-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Joséphine Kloeckner coloca três questões ao Irmão Michel Van Aerde OP, fundador e diretor-geral da Domuni, a universidade on-line fundada por dominicanos em rápida expansão que agora está comemorando seu 20º aniversário.
Como foi criado o projeto da Domuni?
Eu ouvi falar da Internet pela primeira vez no Peru, quando eu estava trabalhando com uma ONG. Mesmo naquela época, eu já podia ver sua utilidade como uma ferramenta de comunicação, como na França ainda usávamos Minitel [uma comunicação pré-Internet ligada a linhas telefônicas].
Quando fui eleito provincial de Toulouse, voltei [à França] e percebi que muitos jovens estavam em contato com a nossa comunidade. Então comecei a pensar que era possível fazer alguma coisa.
Primeiro, o desenvolvimento foi muito lento. A Internet tinha acabo de ser lançada e havia muito ceticismo a respeito.
Fomos os primeiros a começar! Tivemos que ganhar a confiança dos alunos.
Começamos a Domuni, que é uma abreviação de "dominicana" e "universidade", no início simplesmente para "fins artísticos", sem pensar em conferir diplomas.
Naquela época, só ensinávamos teologia. No entanto, quando começamos a ensinar filosofia em 2005, abriram-se muitas portas para o reconhecimento como universidade, e agora também estamos começando a oferecer o curso de ciências sociais.
Hoje, a Domuni oferece 500 cursos, em breve em seis idiomas, e a versão árabe será lançada neste verão, e conta com nada menos que 250 professores.
Está começando a decolar. Dois anos atrás, estávamos crescendo 17% ao ano e agora chega a 53% com seis ou sete novas inscrições por dia apenas para a versão francesa.
Também passamos para o smartphone, com páginas responsivas.
Na sua opinião, o que trouxe tanto sucesso?
Reconhecimento como universidade, aumento da visibilidade e o “boca-a-boca” são evidentemente importantes.
No entanto, a Domuni também foi concebida desde o início para os pobres e para quem não tem tempo.
A Internet nos permitiu reunir professores que estão em vários lugares diferentes. Também nos permitiu oferecer cursos para as pessoas que poderiam não ter acesso à universidade porque vivem em áreas rurais ou seu trabalho os impede de cursar.
É por isso que os nossos 3.000 alunos são muito diferentes dos que ser encontram em seminários. Muitos já estão estabelecidos no trabalho e gostariam de ter estudado teologia e filosofia na universidade, mas não puderam por causa de seus estudos profissionais.
A Internet permitiu que nos abríssemos a este público muito maior.
Temos também muitos sacerdotes, que assim conseguem continuar seus estudos sem interromper suas atividades pastorais. Nossa força é nossa flexibilidade em meio a todos esses perfis diferentes.
Graças a um núcleo de estudantes, que pagam a taxa de inscrição de 1.500 euros por ano, somos independentes financeiramente e conseguimos oferecer bolsas de estudos aos menos afortunados.
Por fim, acho que nosso sucesso também está ligado em partes à própria organização da Ordem Dominicana.
Embora nosso sistema seja muito antigo, na verdade ele é muito moderno. Temos uma maneira muito democrática de operar, o que é excepcional na Igreja, e atuamos como uma rede, o que nos torna muito adaptáveis à Internet.
Graças a isso, não tivemos nenhuma dificuldade no recrutamento de professores do todo o mundo.
Encontraram alguma resistência?
Há pessoas que ainda não entendem. Algumas pessoas esquecem que ensino à distância é um componente da tradição católica há muito tempo.
Além disso, apesar de os cursos serem on-line, há muitas interações e proximidade. Procuramos nos encontrar regularmente em conferências e outros eventos.
Os outros nos veem como concorrentes, porque é difícil promover cursos de teologia. No entanto, nosso público não é o mesma e, de qualquer forma, o mundo é grande!
O Evangelho nos ensina que nunca há o suficiente de nós e que todo esforço é necessário.
Finalmente, seguimos as orientações do Papa Francisco, que enfatizou um novo jeito de ensinar teologia na sua Constituição Apostólica Veritatis Gaudium.
Ele pediu por "uma revolução cultural corajosa" e também mencionou "educação à distância."
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