19 Janeiro 2018
Uma imagem vale mais do que mil palavras. Foi assim que o Papa Francisco apresentou a foto do menino à espera de entregar o corpo do irmãozinho morto ao fogo que o transformaria em cinzas.
A reportagem é de Paolo Salom, publicada por Corriere della Sera, 16-01-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
(Foto: The Catholic Sun)
Não é a única fotografia que narra a dupla tragédia de Hiroshima e Nagasaki. Naqueles dias terríveis que fecharam o verão de 1945, o Japão foi percorrido por um exército de fotógrafos e cinegrafistas que seguiam as tropas estadunidenses.
Mas o menino de Nagasaki, cujo olhar fala a todos nós com uma força igual apenas ao seu aparente estoicismo, emerge dos papéis da época por causa da sua extraordinária atualidade.
O autor, Joe O’Donnell (falecido em 2007), tinha apenas 23 anos quando documentou aquilo que acontecia às portas da cidade japonesa devastada pela segunda bomba atômica no dia 9 de agosto de 1945.
“Eu vi um menino de cerca de 10 anos”, disse ele depois, “que carregava sobre as costas um menino menor, como muitas vezes acontecia no Sol Nascente, a cabeça reclinada quase como se tivesse adormecido de repente. Depois de cerca de dez minutos, homens com máscaras brancas desamarraram os laços para pegá-lo: só então eu entendi que ele já estava morto. O irmão ficou imóvel e observou o fogo, mordendo-se os lábios até sangrarem. Depois, virou-se e se afastou em silêncio”.
Esse silêncio, o silêncio não natural que se seguiu às explosões nucleares, encerrado em uma imagem, diz mais do que mil palavras... o que nos esperaria se alguém decidisse apertar o botão: seja ele grande ou pequeno.
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O menino e aquele silêncio não natural após a bomba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU