12 Janeiro 2018
Com a viagem ao Chile e Peru (de segunda-feira 15 a domingo 21 de janeiro), e em especial com o encontro dos povos da Amazônia na cidade peruana de Puerto Maldonado, o Papa Francisco dá início ao Sínodo amazônico que foi convocado em Roma para 2019. No Chile, informou Greg Burke, o pontífice latino-americano também se reunirá com duas vítimas da ditadura de Augusto Pinochet, enquanto "não está agendado" um encontro com as vítimas dos padres pedófilos chilenos, explicou o diretor da Sala de imprensa do Vaticano acrescentando, no entanto, que "o tema é importante", e "as reuniões mais interessantes são aquelas privadas". Voando sobre a Argentina, o Papa irá enviar um telegrama "interessante" ao presidente do seu país natal Mauricio Macri.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 11-01-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
"É o início do Sínodo, podemos dizer" Burke afirmou durante um briefing sobre a 22ª viagem internacional de Francisco, a sexta na América Latina, “em sua encíclica Laudato si’ o Papa pede o respeito pela criação, mas também para as pessoas e para os povos". Em especial, no primeiro dia no Peru, sexta-feira, 19 de janeiro, o papa antes de se encontrarem com as autoridades durante a tarde em Lima, se deslocará na parte da manhã de avião para Puerto Maldonado, no sul do país, "no coração da Amazônia”.
O Papa Francisco “será recebido por uma família indígena", depois terá um primeiro encontro no Coliseu Regional Madre de Dios, onde os povos amazônicos darão as boas-vindas ao Papa com danças, canções e testemunhos de sua situação e Francisco lhes entregará cópias da Laudato si’ traduzidas "nas línguas locais", disse Burke. O Papa, então, mais uma vez encontrará a população no instituto Jorge Basare e por fim visitará o Hogar "El Principito", "obra da Igreja para ajudar crianças vítimas de violência e exploração do trabalho nas minas". Na conclusão da visita e antes de voltar para Lima, o Papa almoçará com nove representantes dos povos amazônicos no Centro Pastoral Apaktone, nome indígena do missionário dominicano José Alvarez Fernandez.
Na comitiva do Papa vai estar o Cardeal brasileiro Claudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), e o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário do Sínodo, que permanecerá em Puerto Maldonado por alguns dias para se dedicar aos preparativos gerais da assembleia extraordinária que o Papa convocou para 2019.
Jorge Mario Bergoglio começa sua viagem ao Chile e Peru na segunda-feira, 15 de janeiro. Parte de Roma às oito da manhã e chega a Santiago às 20h10. O dia seguinte será dedicado à capital chilena. Às 8:20 vai visitar a presidente, que está deixando o cargo, Michelle Bachelet no Palácio de la Moneda, depois de pronunciar um primeiro discurso às autoridades, sociedade civil e corpo diplomático. O sucessor de Bachelet, Sebastián Piñera, recentemente eleito, assumirá o cargo em março, e deverá estar também presente nesta ocasião.
O Papa celebrará a missa no Parque O'Higgins, que pode acomodar até 600 mil pessoas. No início da tarde, o Papa quis agendar uma visita a 600 detidas (com filhos) do Centro Penitenciário Feminino de Santiago, depois Francisco se reunirá com sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral de Santiago e finalmente se encontrará brevemente com os bispos do país que, como seus coirmãos peruanos, fizeram no ano passado a sua visita "ad limina" em Roma. Entre os bispos estará presente o missionário Bittor Garaigordobil, de 102 anos. Às 19h15 a habitual visita privada do Papa a noventa jesuítas do país no santuário de San Alberto Hurtado.
No dia seguinte, quarta-feira 17 de janeiro, do Papa visitará a cidade de Temuco, no sul do Chile, onde às 10:30 rezará a missa no aeroporto de Maquehue. À celebração participarão, com músicas e danças tradicionais, os Mapuche, e, em seguida, o Papa almoçará com oito integrantes dessa comunidade. À noite, de volta a Santiago, o Papa encontrará os jovens no santuário de Maipú e depois visitará a Pontifícia Universidade Católica do Chile.
Na quinta-feira, o último dia no Chile, o Papa visitará Iquique, no norte do país, onde celebrará missa no amplo Campus Lobito. Antes do almoço, se encontrará alguns doentes e "duas vítimas da repressão dos anos 1970", época da ditadura de Augusto Pinochet, limitou-se a relatar Burke. Às 17:05 estará de partida para Lima e às 17:20 está prevista sua chegada no Peru.
Na sexta-feira, 19 janeiro, após a visita a Puerto Maldonado na Amazônia das 10.15 até a hora do almoço, durante a tarde o Papa se reunirá com as autoridades e às 17,15 está marcada uma visitar ao presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski no Salão dos Embaixadores do Palácio do Governo. Às 17:5 a reunião será com os jesuítas peruanos. Sábado, 20 de janeiro, o Papa visita Trujillo e depois da missa às 10h na esplanada costeira em Huanchaco visitará no papamóvel o bairro "Buenos Aires" duramente atingido pelas inundações que se seguiram ao tufão El Nino no ano passado, quando morreram muitas pessoas. Na parte da tarde o encontro será na catedral com sacerdotes locais, religiosos e seminaristas, e às 16h45 a celebração mariana.
No último dia, domingo, 21 de janeiro, depois das orações às 9,15 com as religiosas de vida contemplativa no Santuario del Señor de los Milagros e as orações às Relíquias dos Santos peruanos na catedral Lima, o Papa se reunirá com os bispos peruanos, recitará o Angelus e, finalmente, retornará à base Aérea de "Las Palmas", à tarde, para uma última missa. Às 18:45 a saída para Roma, onde o Papa chegará na segunda-feira, 22 de janeiro, às 14h15 no aeroporto de Ciampino.
No Chile, onde surgiram numerosas denúncias de abusos e encobrimentos (entre outros, do bispo de Osorno, Juan de la Cruz Barros Madrid, criticado por alguns fiéis pelos abusos do padre Fernando Karadima), o Papa encontrará as vítimas dos padres pedófilos? "Não está agendado - respondeu Burke - mas isso não significa que seja impossível. É evidente que a questão é importante. E os melhores encontros são os privados".
Respondendo a uma pergunta sobre as próximas viagens papais previstas para 2018, o porta-voz do Vaticano disse que "o Papa gostaria de ir para a Irlanda", por ocasião do Encontro Mundial das Famílias em Dublin, e que "está sendo estudada uma viagem aos Países Bálticos". As viagens devem ocorrer na segunda metade do ano "mas, em fevereiro, teremos mais informações".
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No Peru, o Papa abre o caminho para o Sínodo sobre a Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU