16 Dezembro 2017
Um membro da comissão criada pelo Papa Francisco sobre o abuso sexual do clero sugeriu que o pontífice pode deixar o grupo “vegetar” em um estado inativo quando os mandatos dos seus membros atuais expirarem em 17 de dezembro.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada no sítio National Catholic Reporter, 14-12-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O padre jesuíta Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, pareceu sugerir isso no Twitter, no dia 13 de dezembro, em resposta a um tuíte de Marie Collins, uma sobrevivente de abusos irlandesa que renunciou à comissão em março.
Collins estava comentando notícias de que o membro licenciado da comissão Peter Saunders renunciaria ao grupo antes da expiração do seu mandato, em 17 de dezembro. Em um tuíte, ela disse que a medida de Saunders tinha um “timing estranho”, por causa da proximidade do fim do seu mandato.
Respondendo a Collins em sua própria conta no Twitter, Zollner disse que um “novo prazo” da comissão “começará em 2018”.
“O que acontece entre o fim do mandato dos membros atuais em 17 de dezembro e o novo prazo que começa em alguma data de 2018?”, perguntou Collins de volta. “A comissão ficará dormente?”
Zollner respondeu: “Educação, formação e pesquisa continuam, os preparativos para o primeiro encontro dos futuros membros da comissão estão a caminho, o escritório está trabalhando”.
Collins disse novamente: “Mas, certamente, se nenhum membro foi nomeado, então não há comissão, a menos que se pretenda que o escritório assuma o trabalho dos membros”.
“Nós enviamos nomes para [novos] membros, teremos que esperar até que eles sejam nomeados”, disse o jesuíta, encerrando a conversa.
Em resposta a uma pergunta sobre o significado dos seus comentários, Zollner disse ao NCR: “Basicamente, esperamos pela resposta do papa”. O jesuíta, que também é presidente do Centro para a Proteção da Criança na Pontifícia Universidade Gregoriana, disse que teria que ser breve em sua resposta, pois ele estava em reuniões durante o dia 14 de dezembro.
Perguntado se os comentários de Zollner significavam que a comissão entraria em um estado inativo em 17 de dezembro, sob a pendência de novas nomeações de membros por parte de Francisco, um porta-voz do escritório da comissão vaticana respondeu: “A única resposta que eu posso dar é que aguardamos a decisão do Santo Padre sobre os futuros membros”.
“Assim que tivermos alguma novidade entraremos em contato para informar a imprensa e o público”, disse Emer McCarthy, gerente de projetos da comissão e coordenador de mídia.
De acordo com o boletim de notícias diário do Vaticano sobre as reuniões oficiais do papa, Francisco se encontrou com o cardeal de Boston, Seán O’Malley, presidente da comissão, na manhã do dia 14 de dezembro.
A comissão papal passou por uma crescente crítica pública desde a sua criação por Francisco, em março de 2014.
Collins renunciou no dia 1º de março, citando sua frustração com a relutância das autoridades vaticanas em cooperarem com o seu trabalho para proteger as crianças. Ela citou a insatisfação particular com a recusa de um escritório vaticano de cumprir com um pedido da comissão, aprovado pelo papa, de que todas as cartas enviadas ao Vaticano por sobreviventes de abusos recebessem uma resposta.
Ela também citou o pedido da comissão, aprovado pelo papa, de que o Vaticano criasse um novo tribunal para julgar os bispos que atuam de forma inapropriada em casos de abuso sexual. Embora esse tribunal tenha sido anunciado por O’Malley em junho de 2015, ele nunca foi criado.
No lugar do tribunal proposto, Francisco assinou uma nova lei universal para a Igreja em junho de 2016, especificando que a negligência de um bispo em resposta aos abusos sexuais do clero pode levar à sua remoção do ofício.
Francisco criou a comissão papal em 22 de março de 2014, nomeando oito membros para a nova entidade. Ele acrescentou mais nove membros em 17 de dezembro de 2014. Embora os membros não tenham sido inicialmente nomeados com um prazo para o mandato, os estatutos da comissão, aprovados pelo Vaticano em abril de 2015, concedem aos membros mandatos renováveis por três anos.
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Membro da comissão antiabusos do Vaticano sugere que grupo pode ficar inativo temporariamente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU