23 Outubro 2017
São recrutados com a promessa de um novo emprego e de uma nova vida, talvez em outro país, depois sequestrados e explorados. São as vítimas do tráfico. Um negócio criminoso que afeta principalmente mulheres e crianças. Mas, especialmente, migrantes.
Segundo dados divulgados pela OIM, por ocasião da Jornada Europeia contra o Tráfico de Seres Humanos - que foi celebrada no dia 18 de outubro - existe um milhão de vítimas do tráfico na União Europeia. Estima-se que a cada ano mais de vinte mil mulheres, homens e crianças entrem nos sistemas de proteção e assistência. Destes, cerca de mil por ano estão na Itália, onde até agora foram 'libertadas' dessa forma moderna de escravidão, cerca de 25 mil pessoas. Os dados foram fornecidos durante uma conferência com a subsecretária Maria Elena Boschi.
A reportagem é de Daniela Fassini, publicada por Avvenire, 20-10-2017.
Em 2016, 1.172 pessoas foram colocadas sob proteção na Itália, incluindo 111 menores. O 81,4% dessas pessoas são mulheres, na sua maioria de nacionalidade nigeriana (59,4%), romena (7,4%), marroquina (5,3%) e albanesa (3,6%). As atividades em que as vítimas de tráfico são exploradas são principalmente a prostituição, o trabalho forçado e ilegal, a arrecadação de esmolas.
Mas esses dados não levam em conta o contínuo fluxo migratório que alimenta a rede criminosa.
O relatório da Cáritas italiana alerta sobre migrantes indicados como uma categoria específica: "90 por cento dos estrangeiros que chegaram à Europa nos últimos anos são vítimas de traficantes de seres humanos", ressalta a organização de caridade.
Muitos deles, homens, mulheres e crianças, são reduzidos a condições reais de escravidão para a exploração sexual e de trabalho. No mundo, são entre 21 e 35 milhões de vítimas do tráfico e trabalho forçado. "Na Itália, o fenômeno afeta entre 50 e 70.000 mulheres – acrescenta a Cáritas - forçadas à prostituição e cerca de 150 mil homens, em sua maioria jovens migrantes, explorados em trabalhos como ‘escravos’”.
O fenômeno, infelizmente, "apesar das mudanças constantes, não mostra sinais de flexão” denuncia a Cáritas italiana. De acordo com a Save the Children, os maiores riscos são sofridos pelos menores estrangeiros não acompanhados. Entre as vítimas pesquisados em 2016, 111 são crianças e adolescentes, 84% dos quais são do sexo feminino. Pequenas nigerianas e romenas, inclusive de apenas 13 e 14 anos, forçadas à prostituição; enquanto os bengaleses são explorados no trabalho ilegal. Os jovens 'em trânsito' são bloqueados nas cidades ou nas fronteiras com restrições de acesso aos outros países europeus. Mulheres e crianças são, portanto, os mais expostos ao risco de tráfico e de exploração na Europa e Itália. Os números disponíveis, longe de espelhar a verdadeira extensão do fenômeno, por sua natureza fora dos radares, indicam que está radicado também nos países europeus da UE, onde, de acordo com os últimos dados disponíveis da Comissão Europeia, resultam pelo menos 15.846 vítimas conhecidas ou supostas, das quais 76% são mulheres e 15% menores (correspondente a 2.375), envolvidas principalmente na prostituição forçada (67%) e na exploração do trabalho (21%) em serviços domésticos, de alimentação, no setor agrícola, manufatureiro e na construção civil.
Na conferência também foi apresentada a nova campanha publicitária da Presidência do Conselho para sensibilizar a opinião pública sobre a necessidade de denunciar os casos de escravidão.
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Na Europa um milhão de escravos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU