05 Junho 2017
O Papa Francisco quis ouvir o testemunho dos filhos das pessoas afetadas pelo terremoto, "interrogando" algumas das 400 crianças que chegaram na estação do Vaticano a bordo de um "Frecciarossa" para a quinta edição do "Trem das crianças", durante um encontro informal em que ele elogiou particularmente "a força" para se reerguer, demonstrada pelas populações da Itália central, afetadas por calamidades naturais.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 03-06-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Jorge Mario Bergoglio reuniu-se no dia 3 de junho de 2017, na parte da manhã, com as crianças de Norcia, Cascia, Amatrice, Arquata del Tronto, Acquasanta Terme, Accumoli e Preci que foram acompanhadas pelos professores e diretores das suas escolas, no Salão Paulo VI. Eles vieram em um ônibus até a estação de trens de Termini e, em seguida, como explicou o Cardeal Gianfranco Ravasi, a bordo do trem "mais belo, mais poderoso e mais rápido de Trenitalia", dirigiram-se para a estação do Vaticano.
"Os meninos e as meninas me dizem que tenho de falar... mas eu gostaria de ouvir!", começou o Papa, que imediatamente chamou ao microfone alguns dos jovens e crianças: "Você quer falar? Venha. Você? Vem, me diga uma coisa, conte-me algo".
Após as primeiras frases (uma menina limitou-se a contar-lhe que havia ido ao restaurante), o Papa comentou: "ela me disse: 'não demore muito, tenho fome, quero comer'. Essa foi boa".
Várias crianças recordaram o momento do terremoto, o desmoronamento de suas casas e escolas e o nervosismo pelos mortos e feridos, além de falarem sobre a vida nas lojas e nas pequenas casas de emergência, de como retornaram para a escola ainda que as estruturas estivessem inicialmente precárias.
"Quando acontecem essas calamidades, existe uma força para se reerguer, e vocês foram muito bom nisso", disse o papa ao comentar um dos depoimentos. "Nenhum de vocês perdeu sua alma? Isso é ótimo. Como você viveu a coragem do povo?", perguntou a uma menina, "quando todos trabalhamos juntos para o mesmo objetivo, as coisas melhoram", disse ele referindo-se a solidariedade na reconstrução.
"Escutei - concluiu o papa - e agora lhes direi algumas palavras. O que vocês viveram foi algo difícil, porque é uma calamidade, o que fere a alma. Mas o Senhor nos ajuda a nos recompormos. Vocês têm confiança no Senhor? Vocês tem certeza disso? Também confiam na Virgem?", perguntou aos meninos. "Sim, temos confiança e agradecemos à Virgem pelas coisas boas que nos deu nessas calamidades". O papa depois disse: "Uma das coisas que mais Jesus gosta, uma das palavras que o Senhor mais gosta, é 'muito obrigado'. Quero agradecer-lhes e dar as graças a Deus por esta visita, por vocês estarem aqui, por terem vindo recordar aquele momento difícil".
A quinta edição do "Trem das crianças", iniciativa promovida pelo Pátio dos Gentios, do Conselho Pontifício para a Cultura, em colaboração com a Ferroviária do Estado Italiano, começou com os discursos de abertura do Cardeal Ravasi e com o depoimento de dois diretores de escolas do centro da Itália, afetadas pelo terremoto. Participaram do evento a delegada administradora da Trenitalia, Bárbara Morgante, e o presidente da Trenitalia, Tiziano Onesti.
Os meninos, explicou o presidente do dicastério vaticano, deram ao pontífice um livro no qual os cientistas explicam que "a terra, mesmo quando parece ruim, na verdade é como uma criatura humana quando tem febre, doenças: se agita, se move... desta vez, vocês experimentaram o que as crianças que vieram aqui no ano passado haviam experimentado de outra forma. Porque com vocês a terra se mexeu, enquanto que no ano passado havia crianças refugiadas, que muitas vezes chegam na Itália pelo mar, que também se mexe e, infelizmente, muitas vezes caem na água, como alguns dos amigos e parentes de vocês caíram na Terra".
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Itália. Crianças atingidas pelo terremoto vão ao Vaticano de trem e o Papa as "interroga" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU