03 Março 2017
A bióloga Elisabeth Henschel, 23, estava em um bar na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, na madrugada de segunda-feira (27) quando foi apalpada por um homem. Ao procurá-lo para tirar satisfações, levou dois socos no rosto. Ela é uma das 2.154 pessoas que procuraram a Polícia Militar durante o Carnaval devido a casos de violência contra a mulher. De acordo com um balanço divulgado pela PM nesta quinta-feira (2), ao menos uma mulher foi agredida a cada 3 minutos e 20 segundos na capital fluminense entre as 8h de sexta-feira (24) e as 8h de quarta-feira (1º).
A reportagem é de Paula Bianchi e publicada por portal Uol, 02-03-2017.
Elisabeth, que disse ter saído fantasiada de diaba usando um maiô em que se lia 'feminist' justamente para fazer alusão "aos xingamentos feitos às feministas", precisou receber três pontos no nariz e relatou o caso em seu Facebook. "Desde o momento em que pisei fora de casa, os homens começaram seus ataques, desde olhares lascivos às gracinhas mais absurdas. Vários tentaram encostar em meu corpo sem meu consentimento" escreveu.
Para o sociólogo Ignácio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), é difícil precisar se há um aumento nas agressões contra mulheres durante o Carnaval. "Esse ano houve uma campanha especial no Carnaval sobre a violência contra a mulher. É possível que isso tenha influenciado pessoas a registrar esses casos", avalia.
Dado mais recente do ISP (Instituto de Segurança Pública) indica que, em 2015, cerca 49.281 mulheres registraram queixas por lesão corporal no Estado; outras 360 foram assassinadas.
Segundo o Dossiê Mulher elaborado pelo ISP, movimentos como a hashtag #meuprimeiroassedio e #carnavalsemassedio vêm contribuindo "para colocar em pauta os diferentes tipos de assédio sofridos por um significativo número de mulheres, mas ainda muito silenciado e banalizado enquanto forma de violência".
De acordo com a Dpam (Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher), da Polícia Civil, o número de registros de violência contra a mulher, de maneira geral, tem crescido. Durante o Carnaval, a delegacia realizou uma campanha incentivando as mulheres a denunciarem os agressores. "A cada ano, estamos vendo um número maior de registros, o que demonstra uma mudança de atitude por parte das mulheres, que estão tendo coragem de denunciar", diz a delegada e diretora da Dpam, Márcia Noeli.
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Uma mulher foi agredida a cada 3 minutos durante o Carnaval no Rio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU