27 Janeiro 2017
O banco Santander abriu na última quinta-feira, 26, a temporada de balanços anuais das instituições financeiras e tende a ser um dos poucos, se não o único entre os cinco maiores, a apresentar crescimento no lucro do ano passado. O resultado gerencial, que reflete os ganhos com a atividade bancária, cresceu 10,8% e atingiu R$ 7,33 bilhões. Esse crescimento aconteceu mesmo com a queda da carteira de crédito e o aumento das provisões para calotes, mostrando que os ganhos estão nas operações de tesouraria e na cobrança de taxas de serviços.
A reportagem é de Josette Goulart, publicada por O Estado de S. Paulo, 27-01-2017.
Para este ano, a previsão do Santander é que o crédito cresça e o calote diminua, mas o custo do dinheiro não deve recuar significativamente além do previsto com a queda da Selic. O presidente da instituição, Sérgio Rial, disse que os juros vão cair, mas ressalvou que os spreads, que são a parte da taxa de juros com a qual os bancos ganham dinheiro, dependem da gestão financeira e que variam para cada produto. Na média, os spreads do Santander no ano passado subiram de 8,3% para 8,9%.
Rial se mostrou otimista ontem, durante entrevista com jornalistas. Mesmo com a retração do crédito, principalmente entre as empresas, ele frisou que o banco já começou a ver sinais de melhora no quarto trimestre. O executivo disse estar confiante de que neste ano a economia vá crescer e que o crédito deverá avançar entre 5% e 7%. Destacou que o setor de commodities está bastante promissor, com safras recordes na agricultura, e também está confiante de que o preço no petróleo não deve cair abaixo dos US$ 50, o que dá alívio às empresas do setor.
Segundo Rial, as fabricantes de automóveis também deram sinais de vida no último trimestre do ano. Ele ainda espera que haja uma retomada do setor de construção civil já no primeiro semestre de 2017.
Apesar do otimismo, o Santander anunciou um aumento extraordinário de provisões para calotes de grandes empresas no valor de R$ 517 milhões – o que mostra sinal de cautela. Em geral, as provisões para calotes cresceram mais de 8% no ano passado, chegando a R$ 10,4 bilhões. Mesmo com otimismo, o banco não pode deixar de ser conservador, justificou Rial.
A inadimplência da instituição medida pelos atrasos acima de 30 dias cresceu de 3,2% para 3,4% em 2016. Foi justamente no segmento de empresas que a inadimplência avançou, saindo de 2,1% para 2,7%.
O lucro maior colocou o Santander Brasil no topo de retorno entre as operações do banco mundialmente. O País respondeu por 21% do resultado global da instituição. Os retornos para o acionista, porém, ainda estão aquém dos de concorrentes no Brasil. O resultado ficou em 13,9%.
O lucro de R$ 7,3 bilhões, apesar de significar uma alta, ainda é baixo comparado com os resultados do Itaú e Bradesco. O lucro do Itaú, por exemplo, atingiu R$ 5,5 bilhões somente no terceiro trimestre de 2016.
O Santander é hoje o quinto maior banco do País e perdeu algumas oportunidades de compra para se aproximar de seus concorrentes. Disputou o HSBC e o Citibank e perdeu para Bradesco e Itaú, respectivamente. Agora, a possibilidade é a compra do Banrisul, que pode ser privatizado pelo governo gaúcho. Rial diz que é uma obrigação olhar a possibilidade de comprar a instituição.
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Apesar de retração no crédito, lucro do Santander cresce e atinge R$ 7,33 bi. Banrisul na mira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU