26 Janeiro 2017
“Como peregrinos, reconhecemos uns nos outros o desejo de responder fielmente ao chamado do Senhor, estamos confiantes de que, caminhando juntos, dirigimo-nos para um novo tempo e um novo lugar onde será possível a plena unidade desejada pelo Senhor.”
A opinião é do padre Anthony Currer, assistente para a Seção Ocidental do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em artigo publicado no jornal L’Osservatore Romano, 25-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ao se encontrar, no Vaticano, com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, em junho de 2014, o Papa Francisco pronunciou estas palavras: “Devemos caminhar juntos”. A imagem do caminho é um tema caro ao pontífice, como demonstram muitos dos seus discursos, e faz parte da visão que ele tem da Igreja.
Falando aos clero e aos leigos reunidos em Assis, no dia 4 de outubro de 2013, o Papa Francisco afirmou: “Acho que esta é realmente a experiência mais bonita que vivemos: fazer parte de um povo a caminho, a caminho na história, junto com o seu Senhor, que caminha no meio de nós! Nós estamos isolados, não caminhos sozinhos, mas fazemos parte do único rebanho de Cristo que caminha junto”.
Essa ideia de Igreja é muito útil para as nossas relações ecumênicas. Tal imagem foi retomada com entusiasmo em vários contextos, também por outros líderes cristãos. Mas o que lhe conferiu um sentido ainda mais pleno foram, particularmente, dois momentos que ocorreram em 2016, no marco das relações entre anglicanos e católicos, ajudando-nos a discernir com maior clareza o que significa caminhar juntos com os nossos parceiros ecumênicos.
Esses dois momentos coincidiram com o início e com o fim da celebração das Vésperas copresidida pelo Papa Francisco e pelo arcebispo Welby, na igreja de San Gregorio al Celio, no dia 5 de outubro de 2016, por ocasião do 50º aniversário do histórico encontro entre o Bem-aventurado Papa Paulo VI e o arcebispo Michael Ramsey. Na época, pela primeira vez na história, foi assinada uma Declaração Comum entre um papa e um arcebispo de Canterbury; tal evento testemunhava o desejo de ambas as comunidades de se encaminharem rumo à “unidade na verdade”.
De forma semelhante, o Papa Francisco e o arcebispo Welby assinaram uma Declaração Comum no momento em que entraram em San Gregorio, antes de vestirem os paramentos litúrgicos. Essa foi a sétima das declarações assinadas até hoje; tais documentos se tornaram um instrumento útil para definir e orientar as relações ecumênicas entre católicos e anglicanos.
Na conclusão da liturgia, um gesto sem precedentes fortaleceu ainda mais a nossa esperança de continuar o caminho empreendido conjuntamente. O Papa Francisco e o arcebispo Welby conferiram, juntos, um mandato particular a duplas de bispos, cada um composto por um anglicano e um católico pertencentes à mesma região, provenientes de 19 países. Esses bispos receberam a tarefa de “permanecerem unidos na pregação do Evangelho no mundo e no serviço daqueles que são mais vulneráveis e marginalizados”. Todos os bispos são membros da Comissão Internacional Anglicano-Católica para a Unidade e a Missão (Iarccum, na sigla em inglês), que se esforça para promover a recepção dos resultados do diálogo teológico traduzindo as declarações teológicas comuns em ações concretas de testemunho e de missão no mundo.
Os dois eventos podem nos fornecer as lentes através das quais podemos olhar para um ano particularmente intenso nas relações ecumênicas, para entender como anglicanos e católicos podem caminhar ainda mais perto.
Acima de tudo, deve-se dizer que o caminho comum leva a sério as diferenças teológicas: ele não se baseia em um “falso irenismo” (Unitatis redintegratio, 11). O Papa Francisco e o arcebispo Welby observaram que, embora os seus antecessores, há 50 anos, haviam reconhecido “sérios obstáculos” para a recomposição da unidade plena na fé e na vida sacramental, eles não haviam sido dissuadidos de iniciar “um sério diálogo teológico fundado sobre os Evangelhos e sobre as antigas tradições comuns”.
Hoje, esses obstáculos se concentram em questões relativas à ordenação das mulheres e aos aspectos morais ligados à sexualidade humana; por trás de tais problemáticas, há a questão de como e de onde a autoridade é exercida dentro da comunidade cristã. Caminhar juntos implica o fato de que, embora ainda não consigamos ver uma solução para esses obstáculos, estamos conscientes de que compartilhamos o que é essencial na fé cristã e que somos peregrinos a caminho na mesma estrada.
Como afirma a Declaração Comum: “As mencionadas divergências não nos podem proibir de nos reconhecermos reciprocamente irmãos e irmãs em Cristo, em virtude do nosso Batismo comum. E também nunca nos deveriam impedir de descobrir e de nos alegrarmos na profunda fé cristã e na santidade que encontramos nas tradições dos outros”.
Por esses motivos e porque, como peregrinos, reconhecemos uns nos outros o desejo de responder fielmente ao chamado do Senhor, estamos confiantes de que, caminhando juntos, dirigimo-nos para um novo tempo e um novo lugar onde será possível a plena unidade desejada pelo Senhor.
O Papa Francisco e o arcebispo Welby, portanto, reconfirmaram o compromisso de levar adiante o diálogo teológico, insistindo no fato de que os obstáculos, embora grandes, não deverão nos induzir a “diminuir os nossos esforços ecumênicos”. O fato de nos reconhecermos como irmãos e irmãs em Cristo, assim como a fé e a santidade que vemos uns nos outros, devem se expressar necessariamente na oração: “Não só podemos rezar juntos”, insiste a Declaração de 2016, “mas também devemos rezar juntos, dando voz à fé e à alegria que compartilhamos no Evangelho de Cristo”.
A celebração das Vésperas copresidida pelo papa e pelo arcebispo de Canterbury, com hinos e salmos cantados em latim e em inglês pelos coros da Capela Sistina e da Abadia de Westminster, foi um testemunho eloquente desse ecumenismo espiritual. Para os peregrinos, o próprio caminho é uma oração; caminhar juntos, portanto, implica, necessariamente, rezar juntos, e isso não só durante ocasiões especiais e eventos comemorativos, mas também em todos os níveis da vida da Igreja, de modo que a oração comum se torne um costume da vida.
Como duas comunidades peregrinas, atravessamos uma sociedade que precisa da boa notícia de Jesus Cristo e da cura e da esperança que nos é oferecida pela Sua vitória sobre o pecado e sobre a morte. A Declaração Comum descreve essa missão como uma tarefa a ser levada em frente tanto com palavras quanto com ações. O nosso caminhar juntos na missão deve prestar atenção à “destruição ambiental, que ofende o Criador”, e também deve enfrentar o pecado individual e social que mina a dignidade da pessoa.
O papa e o arcebispo apontaram o dedo contra uma cultura da indiferença que nos isola das lutas e dos sofrimentos dos nossos irmãos e das nossas irmãs, uma cultura do descarte que marginaliza e descarta a vida dos mais vulneráveis, uma cultura do ódio que alimenta a violência da guerra e do terrorismo. Contra tudo isso, os cristãos, trabalhando juntos, podem testemunhar o inestimável valor de cada vida humana, através de programas que oferecem instrução, cuidados de saúde, alimentos, água potável e que tentam favorecer a paz.
A declaração conclui definindo os bispos da Iarccum e o seu mandato como um instrumento para promover essa missão comum a os “confins da terra” ou, de acordo com a interpretação anteriormente mencionada no texto, até “aqueles que estão nas margens e nas periferias das nossas sociedades”.
No ano 2000, os bispos anglicanos e católicos se reuniram em Mississauga, perto de Toronto, no Canadá. Foi com base nesse encontro que o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e o Anglican Communion Office decidiram instituir a Iarccum como comissão permanente. O 50º aniversário do encontro entre Paulo VI e o arcebispo Ramsey forneceu uma boa oportunidade para reunir novamente os bispos da Iarccum. Assim como a Comissão Teológica de Diálogo Católico-Anglicana (Arcic), a Iarccum também tem dois copresidentes, o bispo David Hamid (anglicano) e o arcebispo Donald Bolen (católico), e dois cossecretários, o Rev. John Gibaut, do Anglican Communion Office, e este que escreve, representando o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O grupo diretivo realiza uma videoconferência uma vez por mês, e os secretários mantêm regularmente um contato com os bispos da Iarccum.
Os bispos que receberam o seu mandato durante as Vésperas do dia 5 de outubro tinham se encontrado anteriormente em Canterbury, entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro, e, depois, em Roma, entre os dias 4 e 7 de outubro. Eles representam países e regiões de todo o mundo: Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Malawi, Inglaterra, França, Gana, Hong Kong, Índia, Irlanda, Oriente Médio, Melanésia, Nova Zelândia, Paquistão, Papua Nova Guiné, África do Sul, Estados Unidos da América.
O tema do seu encontro foi: “Novos passos no caminho de uma antiga peregrinação: juntos de Canterbury a Roma”. Nessa peregrinação comum, os bispos rezaram juntos diante do túmulo de São Tomás Becket e de Santo Agostinho, em Canterbury, e de São Pedro e São Paulo, em Roma. Além de celebrar juntos as Vésperas em San Gregorio, os bispos se uniram à comunidade da catedral de Canterbury para a oração da noite e participaram das respectivas celebrações eucarísticas tanto em Canterbury quanto em Roma. Uma ocasião de recolhimento particularmente significativo foi a oração da manhã, presidida pelo arcebispo Welby, no altar do túmulo de São Pedro, na basílica vaticana.
Na manhã do dia 5 de outubro, na Pontifícia Universidade Gregoriana, os bispos da Iarccum também participaram de um congresso, durante o qual Anna Rowlands e o Rev. Nicholas Sagovky falaram da doutrina social de ambas as tradições, católica e anglicana; Paul Murray e Paula Gooder ilustraram o trabalho da Arcic, e o Rev. Etienne Veto expôs as perspectivas futuras do compromisso ecumênico.
Os bispos também receberam uma cópia de Looking towards a Church fully Reconciled, um livro publicado antes do encontro e que contém as declarações comuns da Arcic II (1983-2005), junto com um material introdutório e outros subsídios fornecidos pelos membros da atual comissão. A cada dupla de bispos foi pedida uma breve apresentação comum do seu contexto e dos desafios pastorais que enfrentam. Isso os levou a procurar mais possibilidades de aprofundamento do seu compromisso ecumênico para responder às exigências das suas respectivas regiões. Esse processo ajudou os bispos da Iarccum a formularem uma declaração que foi publicada depois do fim do encontro e que se intitula “Caminhar juntos: o serviço comum ao mundo e o testemunho do Evangelho”.
Na sua declaração, os bispos afirmaram que, “rezando e estudando juntos, notamos a complementaridade da nossa doutrina social e dos nossos esforços pastorais que têm como objetivo viver o Evangelho da misericórdia e do amor”, e se comprometeram com a busca de modalidades concretas para que os acordos teológicos da Arcic “possam transformar ainda mais a nossa vida eclesial”.
Eles identificaram um “ecumenismo da cruz” que os une e que os leva a tomar o lado dos pobres e a “revelar a presença de Cristo entre aqueles que vivem às margens do mundo”. Durante as suas conversas, os bispos falaram muito francamente sobre a experiência do fracasso dentro das suas comunidades cristãs, referindo-se a isso com o termo “ecumenismo da humilhação”. Lê-se na sua declaração: “Sofremos com os nossos fracassos e compartilhamos a dilaceração das nossas comunidades eclesiais. Não conseguimos proteger aqueles que são vulneráveis: as crianças dos abusos sexuais, as mulheres da violência, os indigentes da exploração. Nessa comunhão da vergonha, reconhecemos que a fraqueza do testemunho dado por nós ao chamado de Deus que nos exorta à vida em comunidade contribuiu para o isolamento de indivíduos e de famílias, e até mesmo para aquela secularização que exclui Deus do espaço público”.
Os bispos tiraram força dessa admissão comum e tiraram esperança da constatação de que os membros da comissão já estão colaborando de modo criativo e eficaz no exercício do seu ministério. Assim como os bispos da Iarccum foram fonte de inspiração uns para os outros, assim também esperam poder ser para os seus coirmãos no episcopado, para o clero e para os fiéis das suas respectivas regiões. A oração final com a qual o Papa Francisco e o arcebispo Welby conferiram aos bispos a sua missão incluía as seguintes palavras: “Que o espírito ecumênico em que vocês testemunham o Evangelho possa ser um sinal capaz de transformar as nossas comunidades. E, a partir disso, católicos e anglicanos possam ser inspirados em toda a parte a darem um testemunho comum diante do mundo”.
O mandato conferido aos bispos recordava a descrição feita por São Beda da missão de Santo Agostinho, que desembarcou na Inglaterra sob a bandeira da cruz e sob a imagem do Salvador. Caminhar juntos significa que, em todos os níveis da Igreja, os católicos devem ser vistos caminhando junto com os seus parceiros ecumênicos. O fato de que anunciamos o Evangelho e prestamos serviço aos marginalizados e aos mais vulneráveis juntos é parte vital do nosso testemunho ao mundo. Caminhar juntos requer que os cristãos mostrem visivelmente, de todos os modos possíveis, que estão unidos.
Os bispos também refletiram, na sua declaração, sobre o que significa ser verdadeiros companheiros de peregrinação. A esse respeito, referiam-se às palavras do arcebispo de Canterbury, que afirmou: “Tornamo-nos curandeiros uns dos outros caminhando uns ao lado dos outros e curando as feridas do mundo”. Talvez esse seja o último elemento de um ecumenismo do caminho comum. Concebermo-nos como companheiros de peregrinação significa compreender que estamos fazendo a mesma viagem, que estamos atravessando o mesmo mundo e que devemos enfrentar os mesmos problemas e os mesmos desafios.
A partir das conversas entre os bispos, veio à tona que católicos e anglicanos experimentam, ambos, o desafio de serem comunhões mundiais em um mundo caracterizado por grandes diferenças culturais e políticas. Durante a viagem, será inevitável, às vezes, fracassar e se machucar. No entanto, os “verdadeiros companheiros de peregrinação” cuidam das feridas recíprocas.
Esse tema também está no centro do trabalho da Arcic. Durante a plenária realizada de 11 a 19 de maio de 2016, em Toronto, no mosteiro de Saint John, e hospedada pela ordem anglicana das Irmãs de Saint John the Divine, a comissão trabalhou no esboço de um documento intitulado “Caminhar juntos na via da comunhão: o que anglicanos e católicos aprendem sobre a Igreja, em nível local, regional e universal”.
O trabalho segue a metodologia do “ecumenismo receptivo”: no documento, cada parte reconhece as dificuldades e as tensões presentes nos instrumentos de comunhão que operam em vários níveis na Igreja e tenta identificar o que pode ser aprendido com os outros parceiros ecumênicos. O arcebispo Welby falou eloquentemente dessa metodologia durante a oração da noite realizada na Abadia de Westminster para recordar o trabalho do Anglican Centre, que, em 2016, celebrou os 50 anos da sua instituição, como fruto direto do encontro ocorrido entre o arcebispo Ramsey e Paulo VI. O arcebispo Welby observou: “Os hábitos assumidos ao longo dos séculos nos fazem sentir à vontade com a desunião. Rezo para que a Arcic interrompa a nossa desunião”.
Esse conceito do caminhar juntos e do aprender uns com os outros também pode ser aplicado às relações entre a Igreja Católica e o Conselho Metodista Mundial (CMM). No dia 7 de abril de 2016, uma delegação do CMM se encontrou com o Papa Francisco, que, dirigindo-se ao grupo, observou: “Católicos e metodistas têm muito a aprender uns com os outros sobre como entender a santidade e sobre como tentar vivê-la”. O Santo Padre, depois, citou uma frase célebre da “Carta a um católico romano”, de John Wesley: “Se ainda não podemos pensar do mesmo modo em todas as coisas, podemos, pelo menos, amar do mesmo modo”. Ao dizer isso, o papa se referiu à Declaração Comum da Comissão Internacional Metodista-Católica, intitulada “O chamado à santidade”, que foi concluída em 2016 e apresentada na Conferência Metodista Mundial realizada em Houston, de 30 de agosto a 3 de setembro.
O documento aborda o tema da santidade a partir do ponto de vista da antropologia, da graça, da prática devocional e da escatologia cristã. Cada capítulo conclui com um exemplo de santidade proveniente da tradição católica e da tradição metodista; um apêndice oferece orações de ambas as tradições. O último capítulo da declaração intitula-se “Crescer juntos na santidade: abrir-se ao testemunho comum, à devoção e ao serviço”.
A comissão, usando a imagem dos dois discípulos na estrada de Emaús, escreve: “Estamos a caminho na mesma estrada, tentando seguir fielmente o próprio Senhor, no desejo de sermos guiados pelo mesmo Espírito e ansiando encontrar a mesma identidade como filhos do mesmo Pai”. O documento menciona o amplo porte do consenso alcançado em quase 50 anos de diálogo entre católicos e metodistas, mas também constata que “o consenso e a convergência testemunhados por esses textos ainda não produziram a transformação que esperávamos nas nossas relações”.
No último capítulo, a comissão delineia, por conseguinte, os acordos alcançados com o documento em questão e sugere, com base em tais acordos, formas viáveis para católicos e metodistas para testemunharem juntos a sua fé. O texto está alinhado com aquilo que foi expressado pelo Rev. Robert Gribben, presidente da comissão do CMM para as relações ecumênicas, depois da visita realizada pelo conselho ao Papa Francisco. Referindo-se ao diálogo teológico, Gribben afirmou que ele fez “um trabalho excepcional, abrindo a estrada que poderemos percorrer juntos”.
Desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco demonstrou o seu “impaciente” desejo de mudar as coisas e de caminhar rumo à unidade. Na Declaração Conjunta, ele escreve, junto com o arcebispo Welby: “Estamos impacientes por progredir”.
Por isso, não devemos esperar que se realize a plena unidade antes de começar a partilhar a nossa vida eclesial com os nossos parceiros ecumênicos. Os bispos da Iarccum afirmaram: “Somos obrigados a expressar a nossa comunhão real, mas insuficiente nesta fase da nossa peregrinação no serviço comum ao mundo e no testemunho do Evangelho”.
Se, por um lado, levamos a sério as nossas diferenças, por outro, devemos igualmente levar a sério a fé cristã que nos une e que foi expressada nas promessas batismais. Como, através do batismo, tornamo-nos irmãos e irmãs em Cristo, devemos nos esforçar para superar as nossas divergências, devemos rezar juntos, anunciar juntos o amor salvífico de Deus em Jesus Cristo e trabalhar juntos pelo bem daqueles que sofrem neste mundo.
O fato de o Espírito estar presente e operante nos nossos irmãos e nas nossas irmãs cristãs significa que, justamente a partir deles, poderia ser administrada a graça com a qual o Senhor nos cura. Isso talvez possa nos surpreender, assim como a história contada por Jesus sobre o samaritano que derramou óleo e vinho sobre as feridas do homem agredido pelos assaltantes surpreendeu a multidão na Galileia.
A imagem do caminho comum usada pelo Papa Francisco – como vimos – se aplica bem às nossas relações com os anglicanos e com os metodistas. Isso significa: viver desde agora, de todos os modos possíveis, a comunhão que já nos une. Como evidenciou o Papa Francisco na homilia pronunciada no ano passado durante a celebração das Vésperas em São Paulo Fora dos Muros: “Enquanto estamos a caminho rumo à plena comunhão entre nós, já podemos desenvolver múltiplas formas de colaboração, caminhar juntos e colaborar juntos para favorecer a difusão do Evangelho. E, caminhando e trabalhando juntos, damo-nos conta de que já estamos unidos no nome do Senhor. A unidade se faz caminhando”.
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Diálogo entre católicos, anglicanos e metodistas: no mesmo caminho. Artigo de Anthony Currer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU