29 Novembro 2016
“Se os dinossauros tivessem possuído uma agência espacial e investido na prevenção da colisão de um asteroide, hoje continuariam dominando a Terra”, brinca Javier Licandro, pesquisador do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC). A piada pretende ilustrar o momento em que se encontra o estudo dessa ameaça para a vida na Terra, tão explorada no cinema. “Temos certeza de que um asteroide voltará a colidir com o planeta. O que estamos fazendo para evitar isso?”, questiona. Licandro integra um grupo de mais de 100 cientistas, entre eles Stephen Hawking, que pedem à Europa o financiamento de uma missão que poderia ser decisiva. Atualmente, já existem planos para explorar os minerais dos asteroides e explicar à humanidade que esse corpo rochoso pode acabar conosco, mas ainda não sabemos como fazer mais do que os dinossauros para nos salvarmos.
A reportagem é de Javier Salas, publicada por El País, 28-11-2016.
Trata-se de uma missão conjunta das agências da Europa (ESA) e dos Estados Unidos (NASA), com o objetivo de estudar o que aconteceria com um asteroide perigoso se o atingíssemos para desviá-lo de sua trajetória. O projeto, denominado Avaliação de Impacto e Desvio de Asteroides (AIDA, na sigla em inglês) tem duas partes complementares: os norte-americanos atingem o asteroide e os europeus observam. O que os cientistas reivindicam numa carta à conferência ministerial da ESA é que esta agência financie a parte europeia, batizada de AIM (Missão de Impacto de Asteroides), que ainda está no ar. A decisão será tomada neste final de semana em Lucerna (Suíça).
O alvo da missão é uma dupla de asteroides: o sistema binário Didymos, formado por um corpo maior, de 800 metros de diâmetro, e seu pequeno satélite, chamado coloquialmente de Didymoon, de 150 metros. A NASA enviará o DART, uma sonda-projétil de 300 quilos, para colidir com a Didymoon em 2020 e assim observar como intervenções desse tipo afetam a trajetória dos asteroides. Para analisar as consequências em detalhe, a AIM deverá ter chegado em maio deste ano para observar antes, durante e depois do impacto o sistema binário de asteroide e minilua. O impacto, a mais de 6 quilômetros por segundo, não pode significar um perigo para a Terra porque os asteroides não cruzarão a rota do nosso planeta, por mais que se altere sua trajetória.
Segundo Licandro, a missão europeia terá três eixos. O mais evidente é o já mencionado sobre segurança, ou seja, entender como proteger a Terra contra objetos potencialmente perigosos. O segundo eixo é o conhecimento sobre asteroides obtido a partir da observação do sistema binário, que dará pistas sobre a formação do universo. A missão também testará, pela primeira vez, um sistema de comunicação a laser desenvolvido pelo IAC. “É muito mais efetivo e rápido que os sistemas de rádio usados habitualmente”; diz Licandro.
Sem a AIM e sua comunicação a laser, ainda seria possível acompanhar o impacto da Terra, mas seria perdida grande parte da informação decorrente do choque do DART contra o asteroide. Essa comunicação via laser é uma grande oportunidade para que organismos e empresas espanholas desenvolvam a tecnologia. O IAC também fornecerá uma câmera térmica para a missão. Ao lado de Licandro, Julia de León e Miquel Serra-Ricart integram a equipe do IAC que também faz pressão para que a ESA aprove a missão.
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Cem cientistas pedem recursos para evitar que um asteroide destrua a Terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU