Papa faz autocrítica sobre o casamento: "Temos uma ideia abstrata, distante dos problemas reais"

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28 Outubro 2016

Em junho passado, ele já havia salientado que as diferenças entre homem e mulher "fazem os filhos crescerem" e hoje reiterou a importância da diversidade entre os gêneros, afirmando uma ideia de matrimônio menos abstrata e mais próxima das situações reais.

A reportagem é do jornal La Repubblica, 27-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Para o Papa Francisco, "a diferença entre homem e mulher é uma riqueza", faz parte do "desígnio de Deus", que "confiou o mundo e a história à aliança do homem e da mulher". Durante a audiência ao Instituto João Paulo II sobre os temas da família e do casamento, o pontífice definiu como "muito desconcertante constatar que, agora, esta cultura parece como que bloqueada por uma tendência a apagar a diferença, em vez de resolver os problemas que a mortificam".

Em uma passagem sobre o casamento, em particular, Bergoglio, citando a sua exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, reconheceu que, no passado, a Igreja apresentou "um ideal teológico do matrimônio abstrato demais, quase artificialmente construído, distante da situação concreta e das efetivas possibilidades das famílias assim como elas são". Hoje, no entanto, a comunidade eclesiástica "deve estar perto de todos", até mesmo "das situações de fraqueza humana, para que a graça possa resgatá-las, reanimá-las e curá-las".

Para o papa, a mira das ideologias modernas está voltada ao próprio projeto de família. "Na conjuntura atual, os vínculos conjugais e familiares são postos à prova de muitos modos", continuou. "A afirmação de uma cultura que exalta o individualismo narcisista, uma concepção da liberdade desvinculada da responsabilidade pelo outro, o crescimento da indiferença para com o bem comum, a imposição de ideologias que agridem diretamente o projeto familiar, assim como o crescimento da pobreza que ameaça o futuro de tantas famílias – ressaltou ainda o papa – são outras tantas razões de crise para a família contemporânea. Depois, há as questões abertas pelo desenvolvimento das novas tecnologias, que tornam possíveis práticas às vezes em conflito com a verdadeira dignidade da vida humana."

Por isso, Francisco exortou os membros do Pontifício Instituto (do qual ele mudou recentemente a cúpula) "a frequentar corajosamente essas novas e delicadas implicações com todo o rigor necessário, sem cair na tentação de envernizá-las, perfumá-las, ajustá-las um pouco e domesticá-las".