08 Junho 2016
Papa Francisco deu um passo inesperado, mas importante, quando ele anunciou que "parece útil para mim ter uma comissão que esclareça" a questão da ordenação de mulheres ao diaconato.
O comentário é expresso em editorial de National Catholic Reporter - NCR, 03-06-2016. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O anúncio de 12 de maio veio em resposta a perguntas durante uma reunião entre o papa e 900 líderes de congregações globais de mulheres religiosas.
Qualquer pessoa levemente familiarizada com a forma como a igreja funciona entende que ela pensa em termos de milênios e as mudanças acontecem gradualmente, às vezes com acréscimos tão pequenos que podem ser imperceptíveis no espaço de uma vida individual. Neste sentido, a comissão proposta por Francisco é um salto à evolução. Um estudo, no entanto, é apenas um estudo, e o esforço será certamente muito mais complicado do que parece.
Apesar das expectativas, é essencial entender as duas realidades em jogo:
Em algum lugar entre esses pólos, houve agora uma pequena sacudida, com essa ideia de que a igreja vai estudar a possibilidade de ter diáconas mulheres.
A curto prazo, no contexto dos últimos 35 anos aproximadamente, a proposta é histórica e poderia mudar drasticamente a vida na Igreja como a conhecemos. Afinal, nas últimas décadas, os católicos foram impossibilitados de pensar em tais coisas, um decreto risível de longe, se não fosse inerentemente inumano. E os seres humanos não poderiam considerar o pensamento ou a assunto fora de questão.
No longo percurso da história da Igreja, a sugestão de que as mulheres possam ser ordenadas como diáconas é um pequeno consolo somente se ele for um passo em direção a uma maior inclusão na plenitude do ministério da Igreja.
O sucesso da comissão proposta por Francisco vai depender muito de dois pontos: quem será nomeado para a comissão e quão transparente o processo será.
Um estudo acadêmico profundo, rico e vibrante acerca do diaconato e das mulheres no diaconato já existe. A comissão do Vaticano deve permitir uma ampla variedade de pensamentos sobre esta questão, mas tão importante quanto isso é incluir estudiosos que já estejam profundamente imersos na discussão acadêmica e ter um número substancial de mulheres como membros.
Poucos dias antes de Francisco falar sobre diáconos, a Universidade de St. Michael’s College na Universidade de Toronto, um dos programas de teologia mais respeitados na América do Norte, patrocinou o simpósio "Mulheres, Diaconato e o Futuro do Ministério". Cada painel e palestra apresentava especialistas reconhecidos nas áreas da história da Igreja, Escrituras e teologia pastoral. Qualquer um dos palestrantes da conferência seria bem vindo em alguma comissão do Vaticano que estuda o assunto.
Uma comissão que não inclui especialistas reconhecidos – assim como aqueles em Toronto, mas também há outros – teria dificuldades para construir sua credibilidade. NCR, é claro, endossaria a participação de Phyllis Zagano, nossa colaboradora de longa data e principal autoridade no tema das diáconas mulheres, como membro.
Tão importante quanto os membros da comissão são os processos adotados para seu trabalho. O processo deve ser público e transparente; não devem haver sessões a portas fechadas e relatórios confidenciais. Esta comissão seria um exercício perfeito nas estruturas da Igreja sinodal que Francisco está tentando promover.
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Mulheres e o diaconato. O sucesso da Comissão depende dos membros e sua abertura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU