Por: Jonas | 19 Mai 2016
“Lázaro representa o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde as imensas riquezas estão nas mãos de uns poucos”. O Papa Francisco lançou uma contundente mensagem sobre a misericórdia e a salvação, tomando o Evangelho do rico e de Lázaro. “Ignorar os pobres é desprezar a Deus”, clamou.
Fonte: http://goo.gl/N2T9LK |
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 18-05-2016. A tradução é do Cepat.
O Papa Francisco tem alergia. A primavera romana, como a madrilena, é muito traiçoeira com as gramíneas, e com outras preocupações que nos igualam. Os que não sofrem a alergia a Roma, ou a superam, são os milhares de peregrinos que voltaram a encher a Praça de São Pedro. Cada vez mais, seguindo o Papa dos pobres, que não tem medo de protestar contra as injustiças de um mundo que está sangrando.
Nesta ocasião, e diante de uma imagem de São João Paulo II, no aniversário de seu nascimento, Francisco refletiu sobre a passagem do Evangelho de Lucas que fala da parábola do homem rico e do pobre Lázaro. “As vidas destes dois homens sempre correram paralelas, como vasos não comunicantes”, enfatizou Bergoglio, que incidiu como, na vida dos dois, “a porta da casa do rico sempre esteve fechada ao pobre, que se conformava em comer qualquer coisa que caía da mesa do rico”.
Lázaro, coberto pragas. O rico, com um grande banquete. À espera do Juízo Final, no qual Jesus recordaria ao rico que não lhe havia dado de comer, nem de beber, nem roupa, nem abrigo. É que “Lázaro representa o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde as imensas riquezas estão nas mãos de uns poucos”.
Contudo, quando morrem, “morrem os dois. Possuem o mesmo destino. Todos nós, não há exceções”, recordou o Papa, que apontou como o pobre ascende com Abraão ao céu, enquanto o rico se consome. E só então se mexe suplicando ajuda. “O rico excluiu Lázaro. Não o atendeu em nenhum momento. Ignorar os pobres é desprezar a Deus. E devemos ter isto claro”, disse o Papa.
Francisco recordou que, na parábola, “o rico não tem um nome, só um adjetivo, enquanto o nome do pobre é repetido cinco vezes. Lázaro significa ‘Deus ajuda’. Lázaro, que chama à porta, é um clamor aos ricos para se lembrar de Deus, mas o rico não acolhe este pedido”. É que “o rico foi condenado aos tormentos do inferno, não por suas riquezas, mas por não se compadecer do pobre”.
“O rico reconhece Lázaro e lhe pede ajuda, mas antes agia como se não o visse”, denunciou o Papa. “Quantas vezes, quantas pessoas fazem de conta que não vê aos pobres. Para eles, os pobres não existem. Primeiro, negava-lhe lugar em sua mesa, e agora lhe pede algo para beber”.
Abraão, pessoalmente, oferece a chave. “Bem e mal estão distribuídos para compensar a injustiça terrena”, recordou Francisco, que apontou que “a porta que, em vida, separava o rico do pobre se transformou em um grande abismo. O rico tinha a possibilidade de se salvar: abrir a porta e ajudar Lázaro. Agora, após a morte, a situação é irreparável”.
“A misericórdia de Deus sobre nós está associada à nossa misericórdia com o próximo. Quando esta não encontra espaço em nosso coração fechado. Se eu não abro a porta de meu coração ao pobre, estou perdido!”, apontou o Papa, que também recordou como o rico, sabendo-se perdido, pede ao menos que Lázaro volte à terra para advertir seus irmãos. “Que escutem aos profetas. Para nos converter não devemos esperar atos prodigiosos, mas abrir o coração à Palavra de Deus, que nos convida a amar ao próximo”.
“O rico conhecia a Palavra de Deus, mas não a deixou entrar no coração. Por isso, foi incapaz de abrir os olhos e se abrir à compaixão do pobre”, concluiu o Papa, que apontou que “nenhum mensageiro ou mensagem poderão substituir o pobre que encontramos no caminho, porque nele está Jesus. Tudo aquilo que fizerem a um destes, meus irmãos menores, terão feito a mim, disse Jesus”.
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Francisco, contundente: “Ignorar os pobres é desprezar a Deus” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU